Capítulo 48: Na estrada

418 27 3
                                    

Meu coração estava acelerado, eu tinha vontade de chorar e meu estômago estava embrulhado.


- Por que, papai? Por que não entraria?


- GAROTA FRACA! EU NÃO FUI CLARO NAS CONSEQUÊNCIAS!? NÃO LI O CONTRATO PARA VOCÊ!?


- Sim, papai, foi muito claro.


- SE VOCÊ ENTRAR NESSE CARRO NÃO É MAIS UMA ROSÁLEZ! NUNCA MAIS PISARÁ OS PÉS AQUI. ESTARÁ SEM HERANÇA E SEM APOIO E ARCARÁ COM A QUEBRA DO CONTRATO.


Eu o ouvia atentamente. Mas não pude conter mais as lágrimas.


- EU SEI DAS CONSEQUÊNCIAS, SENHOR ROSÁLEZ.


- VOCÊ AINDA É MENOR DE IDADE E ESTÁ SOB MINHA CUSTÓDIA!


- ENTÃO FARÁ O QUÊ!? SE QUER QUE ME CASE COM AQUELE CARA TERÁ QUE ME MANTER AMARRADA DENTRO DE CASA, PORQUE SE EU TIVER UMA ÚNICA OPORTUNIDADE DE FUGIR NÃO HESITAREI, E NÃO ME IMPORTO DE DEIXAR TODOS MEUS PERTENCES, NÃO PENSE QUE QUALQUER COISA IRÁ ME PARAR.


- AMBER POR FAVOR! - minha mãe gritou em meio ao choro.


- FIQUEM TRANQUILOS PAPAI E MAMÃE. VOCÊS NUNCA MAIS ME VERÃO DEPOIS DE HOJE SE DEPENDER DE MIM. EU ESTOU MORTA PARA VOCÊS A PARTIR DE HOJE, NÃO TERÃO MAIS QUE SE PREOCUPAR COM ESSE PESO MORTO SE BEM QUE NUNCA TIVERAM O TRABALHO DE ME OFERECER UM POUCO DE AFETO QUE FOSSE QUEM DIRÁ DE ME OFERECER AMOR. ACABA AQUI. AGORA. PASSEM BEM, E VIVAM UMA VIDA FELIZ. ESSA SUA AÇÃO ACABOU DE FALIR, PAPAI. - disse me referindo a mim.


Sem esperar resposta apenas ouvindo os soluços esganiçados de minha mãe entrei no táxi e fechei a porta.


- Pode ir pra rodoviária. - avisei o taxista que estava estatelado.


- Amberrrrrr! - ouvi minha mãe gritar e tentar correr atrás do carro pelo retrovisor.


- Pode continuar. - avisei o taxista que hesitou no início, mas continuou.


Quando ele virou a esquina toda aquela discussão me fez chorar e comecei a passar mal de verdade.


Assim que o táxi parou na rodoviária já era madrugada, Nathaniel estava lá com seu carro me esperando, ele foi passar minhas malas para seu carro e eu corri para a lata de lixo mais próxima e vomitei toda a comida que havia comido na festa.


Ao perceber Nathaniel veio me ajudar, ele passou as mãos por minhas costas enquanto eu colocava tudo pra fora.


Quando terminei, estava pálida.


- Quer ir ao banheiro? - ele perguntou.


Assenti.


Aquele foi meu primeiro choque de realidade, o banheiro de uma rodoviária.

Nos Enlaces da VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora