Nos Enlaces da Vida

Capítulo 11: Um jovem homem: etéreo e material

Tínhamos um jantar de negócios em um dos grandes e ricos restaurantes cinco estrelas.

Para aquela ocasião usei um vestido de seda de alças finas que expunha até um palmo de minhas costas, com um decote comportado, mas que não afetavam a beleza nem tamanho de meus seios, ele era de um perolado lindo, descendo justo marcando o contorno de minha cintura e quadril e com uma fenda comportada na perna direita. O sapato era de um salto médio e fino com dois feiches na altura do calcanhar da cor creme. Passei um batom vermelho e arrumei as sutis ondas de meis cabelos castanhos claros.

Durante o jantar percebi um jovem homem me observar do outro lado do restaurante, eu sabia que aquela roupa me tornava atraente como uma mulher já adulta, e havia percebido há pouco mais de seis meses que agora eu atraía a atenção de homens mais velhos como há um ano atrás jamais atrairia, não me sentia muito confortável com a ideia, mas sabia que era normal da natureza humana. Uma jovem com curvas e protuberâncias recém adquiridas e ainda por cima bem cuidada e bem vestida chamavam a atenção de qualquer jovem ou velho à procura de uma mulher. Apesar de saber disso ainda me soava muito estranho.

- Amber, querida, porque não dá uma volta com a senhorita MontBelo enquanto conversamos coisas de adultos? - meu pai "sugeriu".

Eu sabia que toda sugestão era uma ordem.

Clara MontBelo grudou em meu braço feito chiclete no momento em que me pus de pé.

- Você já viu o tanto de homens bonitos que tem por aqui?

- Sim, sim, belezas realmente admiráveis.

Andávamos em direção a bancada de bebidas que o restaurante tinha ao fundo.

- Você não fica animada que tantos homens olhem para nós dessa forma?

- A maioria aqui é casado e velho. - eu disse fazendo cara de nojo. - E quantos anos você tem?

- Dezesseis.

- Bem, experimente chegar aos 40 e voltará a ser invisível.

- Ai, que pessimista. Como pode não gostar disso? Eu podia fazer isso pelo resto da vida.

- Isso só se dá porque somos muito jovens e mesmo uma jovem feia pode ser charmosa, isso é fútil e passageiro. Não é que não seja interessante ser observada, Clara. É tudo novo para mim também, acho muito divertido ser notada como uma mulher quando há apenas um ano atrás quando meus peitos eram menores e minhas curvas ainda não estavam tão definidas isso jamais aconteceria. Mas a cada dia que passa envelhecemos um pouquinho, nascemos, crescemos e então começamos a morrer.

- Credo, Amber! Você tem um modo de pensar esquisito! - ela disse se apoiando no balcão.

- Olá, garotas. - um homem disse se aproximando da gente.

Tinha cabelos castanhos escuros e olhos claros, Clarisse não conseguia parar de olhá-lo.