Capítulo 1

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   Eu sabia que meu pai aprontava algo quando olhei para ele naquela manhã

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Eu sabia que meu pai aprontava algo quando olhei para ele naquela manhã. Era o mesmo rosto mesquinho e cruel, mas estava mais aberto, indicando que ele teve sucesso em algo. Ele lançou um olhar de cumplicidade para o seu filho favorito, Farian, que sorria como a víbora que era. Mantive a coluna ereta e o queixo erguido, como minha mãe me ensinara anos antes.

Como herdeira do trono, Athena, você deve manter a cabeça erguida, sempre. O que ela não percebia era que meu pai faria de tudo para que eu não assumisse a coroa. Ele e Farian.

Desviei o olhar dos dois e o coloquei em meus outros irmãos. Twod, Omaria e Phrisnerin eram apenas crianças. Na verdade, Twod e Phrisnerin já eram adolescentes, mas não tinham peso nenhum em seus ombros. Eu preferia assim. Pelo menos teriam uma vida normal, sem o insuportável do nosso pai estragar. Omaria, que mal tinha 9 anos e ostentava o rosto da minha mãe assim como eu - traços finos e delicados, uma beleza discreta, olhos arredondados e lábios delineados -, comia o omelete como se fosse a última comida no mundo. Ela sentava ao meu lado e chutava a canela de Twod por debaixo da mesa. Meu irmão de cabelos loiros escuros estava à frente dela e olhava com raiva para a menina porque sabia que não podia revidar no mesmo nível, então apenas atirava migalhas de pão no cabelo preto de Om. Ele era a mistura perfeita entre minha mãe e meu pai, com os traços fortes dele e o sorriso dela. Tinha apenas 14 anos e já tinha pelo menos 5 pretendentes. Phrisnerin estava ao lado do alvo dos chutes e o cutucava para que ficasse quieto. A mais velha dos três tinha 15 anos, cabelos loiros, os olhos da minha mãe e o temperamento do meu pai. Farian era a cópia fiel do nosso pai. Em tudo.

À minha frente, Farian discutia algo sobre um acordo com o reino de Vibrandt. Meu pai, que ocupava a cadeira na ponta da mesa, do meu lado direito, fingia que eu, a herdeira do trono de Tullin, não estava ali. Continuei a comer a salada enquanto ouvia a conversa.

Aprendi da pior forma possível a enfrentar aquele tipo de coisa. Aprendi que a melhor forma de fazer aquilo parar seria derrotando meu pai em qualquer que fosse aquele jogo doentio dele. Se eu quisesse a coroa de Tullin, eu precisava ser esperta.

Observei o salão de jantar. Não era nada discreto. A mesa na qual estávamos era a menor e tinha doze assentos. A madeira clara da mobília parecia ser a coisa mais discreta do local. As cadeiras acolchoadas tinham detalhes em ouro com o símbolo real: um dragão dourado de boca aberta em um grito inaudível. As paredes claras eram decoradas com quadros grandes de paisagens de nosso reino. Do teto pendiam lustres de vidro enormes e luxuosos. Até nossa louça era luxuosa. Prata, porcelana e ouro. Sempre tinha ouro, especialmente nas taças do meu pai. E nos dedos dele. E na coroa.

Farian, assim que parou de tagarelar como o bom cachorrinho que era, sorriu para mim. Evitei franzir o nariz. Mesmo com 21 anos, ele parecia uma maldita criança. Babava nosso pai descaradamente, me provocava sempre que podia e participava de todas as articulações com meu pai para tentar roubar o trono de mim. Eu era dois anos mais velha e, por lei, futura rainha, mas isso não impedia os dois de conspirarem para tentar tomar isso de mim. Não faziam muita questão de esconder isso. Por um tempo, quando eu era mais nova, isso me incomodou bastante. Doeu. Eu me senti traída. Mas passou. Eu superei. E comecei meus próprios planos.

Como se tornar uma RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora