Como assumir o trono de Tullin tendo meu próprio pai, o rei, e o meu irmão, o príncipe, como opositores?
Tullin, meu amado reino tomado por escravidão e rodeado por guerras.
Já não bastasse a boa dose de ansiedade e o fardo da impotência que me aco...
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Acordei com cutucões preocupados de Gama. Eu tinha adormecido sobre o caderno, na mesa redonda. Uma dor repuxou o músculo posterior do meu pescoço assim que me estiquei.
— Bom dia, Alteza. Quer que eu prepare um banho quente para relaxar seus músculos? — Analisou-me com atenção.
— Banho frio, Gama — Pedi, a voz rouca. — Preciso estar bem desperta essa manhã.
— Como quiser. Ah, a senhorita Kirnat pediu para que milady sente com ela para o café da manhã no salão.
Ah, Kirnat... Eu não estava nada disposta a ir ao salão, mas... O que eu não faria por minha amiga?
— Tudo bem. Obrigada.
Fiz um pequeno alongamento para aliviar as dores do treino e da posição em que dormi. Respirei fundo três vezes e pedi proteção à minha mãe, tocando a minha medalha, antes de ir para o banheiro.
Cheguei ao salão de refeições do castelo com a cabeça erguida. O banho frio tinha me ajudado a acordar. Novo dia, nova oportunidade. Eu ia conseguir aquela aliança.
Depois de nada mais que um bom dia rápido a meus irmãos e meu pai, segui para a mesa onde Kirnat estava sentada com seus pais. A mãe dela arrumou a postura e o cabelo quando viu que eu me aproximava. A mulher era jovem, tinha os cabelos castanhos longos, mas os mantinha presos em coques apertados. Tinha uma silhueta robusta e um gosto por atenção. O pai de minha dama de companhia era um lorde de terras discreto. Ostentava um cabelo ruivo nos ombros e uma barba longa. A mulher odiava que mantivesse tanto cabelo no rosto, mas ele ignorava.
Kirnat sorriu ao me ver. Seu pai, cavalheiro, ficou de pé, fez uma reverência profunda e puxou uma cadeira da pequena mesa para mim. Senti a atenção do resto da corte sobre nós. A mãe de Kir abriu um sorriso que me dizia que ela percebeu também.
— Bom dia! Que gentileza, senhor Panothier. Obrigada — Sorri para o homem, que agradeceu com um gesto com a cabeça enquanto eu assumia o lugar ao lado de minha amiga.
— Bom dia, Alteza — Ele e a mulher disseram em uníssono.
Analisei os pratos vazios sobre a mesa inocentemente.
— Bem, parece que cheguei atrasada.
Kirnat tinha pedido a Gama para que fosse assim, para que eu chegasse um pouco atrasada para que seus pais tivessem terminado de comer e pudéssemos conversar a sós. A minha amiga ainda comia do omelete que lhe foi servido.
— Minha mãe costumava dizer que a família real nunca está atrasada, os outros é que estão adiantados — A senhora Panothier agitou os dedos cheios de joias.
Dei um sorriso de canto para ela. Antes que eu pudesse responder, seu marido falou:
— É uma honra ter Vossa Alteza conosco essa manhã, mas infelizmente eu e minha esposa não poderemos ficar para fazer companhia. Temos um compromisso.
