Capítulo 15

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   Olhei para ela esperando a piada de mau gosto terminar

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   Olhei para ela esperando a piada de mau gosto terminar. A princesa apenas observou com tristeza os outros escravos nadarem e rirem. Havia sinceridade em suas palavras, mas era difícil acreditar.

   — Pode explicar melhor?

   Eu me peguei sendo gentil com ela. Eu prometi uma trégua, não foi? Aceitei sua palavra e tinha um acordo com ela. Me surpreendi, sim, em vê-la ali e me irritei, mas... ela era gente boa. Eu gostava de conversar com ela - e dançar.

   Outros caras - e garotas - tentaram se aproximar com aqueles olhos devoradores, mesmo que ela não usasse a fita, mas eu os afastei com um olhar de aviso. Não me surpreendia. Ela era linda e o jeito como dançava atraiu a todos, evidentemente, e eu não estava exatamente disposto a dividir sua atenção.

   — Ela era escrava do atual capitão da Guarda e de lady Chrona. O coração bondoso da lady não foi mais resistente que a ambição do marido quando ele tomou minha mãe depois de um acordo que por si só era uma armadilha, como o de vocês. A lei permite, afinal — Mordeu de leve o lábio inferior. — Meu pai a conheceu quando ela foi enviar uma mensagem do capitão para ele. Foi meio que... paixão à primeira vista ou obsessão — Fez careta. Escutei sem reagir. — O então príncipe ofereceu um acordo a ela. Casamento por liberdade.

   Repulsa tomou meu corpo e eu cerrei os punhos. A princesa pareceu compartilhar do sentimento, mas apenas suspirou.

   — Liberdade para ela e sua família, que devia a outros lordes. Ela aceitou. Por isso não sei se minha mãe chegou a amar meu pai. Ela não demonstrava ódio ou ressentimento, mas eu sabia que discordava do que ele fazia. Ela nos criou para ser diferente dele. Sabia que essa seria a melhor arma, que enfrentá-lo sozinha não adiantaria. Ela tentava mudar sua forma de pensar, mas... — Não finalizou. Não me olhou, mas eu sabia que seu olhar estava cheio de tristeza. — Acha que isso é amar? Salvar uma pessoa mas não ser capaz de mudar para melhor ao lado dela, não ouvi-la.

   Respirei fundo. A resposta era bem óbvia, mas eu não sabia se queria falar sobre aquilo com ela. Mas ela não hesitara em me contar aquilo. E com certeza devia ser algum segredo de família. Ninguém sabia de nada sobre a rainha ser uma escrava.

   — Não. Seu pai tem uma definição deturpada de alguns conceitos. Não é surpresa que tenha deturpado o amor também.

   Ela anuiu. Virou-se para a mesa e encheu o copo de novo. Fez o mesmo com o meu. Não reclamei. Entregou-me a bebida e bebemos juntos. Eu sabia dos efeitos daquele líquido doce, mas eu não me importava. Se ela queria, eu a acompanharia.

   A princesa não tocou no assunto de novo. Apenas afastou o cabelo do pescoço e enxugou o suor que brotava ali. Suas bochechas estavam ficando vermelhas. Eu também suava e sentia minha pele queimar. Aquela coisa estava agindo.

   — Pode participar do rito de forma diferente — Comentei.

   Dirigiu-me um olhar curioso.

Como se tornar uma RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora