O dia seguinte chegou rápido demais. Eu tinha passado a noite inteira lendo sobre Vibrandt, sobre acordos comerciais, sobre mapas... Além disso, o guarda realmente não tinha pegado leve no treino. Tinha certeza que a exaustão estava estampada em meu rosto antes mesmo que eu me olhasse no espelho. Escolhi tomar café da manhã no quarto. Gama preparou tudo enquanto eu cochilava na banheira.
— Por que não volta para a cama? — Sugeriu a criada enquanto eu me arrastava para a cadeira, ainda usando o roupão.
— Nem pensar. Hoje é véspera de Conselho, tenho um tutor para instruir e uma corte para lidar.
— E dois vestidos para escolher — Gama acrescentou, me fazendo grunhir. — O que vai usar agora e o que vai usar no baile do seu irmão.
Suspirei enquanto pegava a xícara de algum chá verde.
— A minha primeira ordem como rainha será decretar ser socialmente aceitável andar nua.
Gama ficou vermelha mas riu.
— Escolha qualquer vestido para hoje, Gama. Quanto ao baile, peço que separe o novo.
— O verde, Alteza? — Perguntou, como se eu tivesse pedido para iniciar uma bomba.
— Sim, o verde.
A mulher anuiu e se afastou. Dei um gole no chá enquanto planejava o que ia fazer primeiro naquele longo dia. Eu tinha que estar com a mente limpa para explicar tudo a Adler então falaria com ele primeiro. Comi pouco antes de seguir para o vestiário para receber ajuda de Gama para entrar em um vestido lilás simples.
Bati à porta do quarto de Adler vinte minutos depois. Recebi um breve olhar de avaliação antes que ele permitisse minha entrada.
— Esperando que eu estivesse armada? — Perguntei ao passar por ele e entrar no quarto ligeiramente menor que o meu.
— É costume — Justificou depois de fechar a porta. Foi minha vez de analisá-lo. Usava nada mais que o roupão. A peça curta revelava suas coxas e seus tornozelos musculosos. E cicatrizes. Algumas finas, outras grossas e nada discretas. Tentei não observar muito. — Onde estão seus guardas?
— Ordenei que me esperassem em meu corredor. Por quê? — Pretende matar a princesa que tanto odeia?, quase perguntei.
Ele apenas deu de ombros enquanto continuava me avaliando com os olhos verdes.
— Vim te instruir sobre como deve agir. Vista-se. Será uma longa conversa.
Adler aproximou-se como se fosse contestar, mas me contornou e foi para o vestiário.
— Dispensei a criada que enviou — Falou do lado de dentro. — Não preciso dos serviços dela.
— Se prefere assim...
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Como se tornar uma Rainha
General FictionComo assumir o trono de Tullin tendo meu próprio pai, o rei, e o meu irmão, o príncipe, como opositores? Tullin, meu amado reino tomado por escravidão e rodeado por guerras. Já não bastasse a boa dose de ansiedade e o fardo da impotência que me aco...