Como assumir o trono de Tullin tendo meu próprio pai, o rei, e o meu irmão, o príncipe, como opositores?
Tullin, meu amado reino tomado por escravidão e rodeado por guerras.
Já não bastasse a boa dose de ansiedade e o fardo da impotência que me aco...
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Minha cabeça já doía antes mesmo de eu ter aberto a porta do escritório de meu pai. Os guardas não se incomodaram em perguntar o que eu queria ali, apenas fizeram reverências silenciosas. Entrei determinada, de queixo erguido, mesmo sabendo que sairia com vontade de destruir aquele palácio pedra por pedra.
— Sente-se — Ordenou a figura oculta na escuridão do outro lado da mesa grande de madeira. Obedeci, mas assim que o fiz, falei:
— Vamos acabar logo com isso, hum? Estou cansada — Arrependi-me de ter dito isso no mesmo instante. Burra.
— De fazer o quê? Andar pra lá e pra cá com sua dama de companhia ou ter aulas com seu tutor? — Provocou. O brilho em seus olhos indicou que Adler seria interrogado novamente. Logo.
Suspirei.
Observei a figura grande e irritadiça diante de mim. Meu pai estava mais abatido ultimamente, como se um cansaço o tomasse. Mesmo assim, a frieza, o ódio e o poder não o abandonavam. Usava tanto aquela maldita coroa que seus cabelos loiros estavam marcados.
Resolvi ignorá-lo e ir direto ao ponto.
— Não vou me casar com o Heswin.
— E por que não? Está ficando velha, Athena — Mais uma provocação.
Meu sangue fervilhou dentro de mim e eu segurei o rugido que estremeceu minha garganta.
— Sua lei, papai — Puro nojo tomou aquela palavra que saiu de minha boca. Ele sequer piscou —, me dá liberdade para escolher quando e com quem vou casar.
— Acha que vai ser aceita pelo Conselho se casando com qualquer um?
Não pude segurar a resposta afiada que se formou imediatamente em minha língua.
— Não foi um problema quando se casou com minha mãe.
Eu não me arrependi do que disse, especialmente quando vi o efeito do que isso teve em meu pai. Ele bateu com o punho fechado na mesa de madeira, fazendo os objetos de cima estremecerem. Não me alterei, não mexi um músculo, mesmo com seu rosto fechado em ódio voltado para mim. Mantive o queixo erguido e resisti à vontade de tocar minha medalha.
— Não ouse falar assim de sua mãe. Respeite-a!
— Ah, papai, eu a respeito, mais do que o senhor jamais a respeitou — Mantive a voz em um tom controlado.
— Como ousa? — Cerrou os punhos trêmulos. — Eu salvei a sua mãe.
Soltei um riso de escárnio, fazendo meu pai tremer de ódio.
— Você a condenou a uma vida infeliz ao seu lado. Você a silenciou. E quer fazer o mesmo comigo.
— Acha mesmo que pode usar esse tom comigo? — Sua voz tornou-se ameaçadora.