Capítulo 10

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   Trotar ao lado do príncipe arrogante era a pior tortura a qual eu poderia me submeter

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Trotar ao lado do príncipe arrogante era a pior tortura a qual eu poderia me submeter.

Farian mantinha a postura impecável. Mesmo com poucas pessoas realmente o reconhecendo, ver a insígnia real fazia quem estava na rua parar para olhar e se curvar. Cada reverência garantia um grau de elevação a mais no queixo do príncipe. Tentei não bufar e revirar os olhos para ele. O povo, mesmo que muitos demonstrassem raiva, se submetiam, ofereciam mercadorias como presente e água para os cavalos.

Ninguém me reconheceu. Isso porque eu me mantive um pouco afastado e percorremos o outro lado da cidade, mais próximo ao centro, não as periferias.

Indomável estranhava algumas pessoas e às vezes ameaçava me jogar fora da sela e sair correndo, especialmente quando passávamos por uma rua mais ampla, mais vazia. Consegui controlá-lo, mas não sem esforço. A dez quarteirões do palácio, minhas coxas já estavam doloridas. Não pela caminhada tranquila, mas pelo esforço de me manter na sela quando ele tentava me derrubar. O príncipe me ofereceu o cavalo de um de seus guardas. Recusei. O maldito não tinha a decência de sequer oferecer a sua.

Os guardas seguiam em silêncio, atentos a todos os movimentos da população ao redor. Passamos por tendas que vendiam todos os tipos de bugigangas. Ofereciam mercadorias a qualquer um que passavam, inclusive o príncipe. Ele recebeu presentes, para os quais sequer olhava, apenas deixava os guardas pegarem. Me ofereceram maçãs e joias falsas. Agradeci, mas recusei. Não era meu direito tomar nada daquele povo. Nem do príncipe. Nem de ninguém.

Observei aquelas pessoas. Algumas humildes, outras mais ricas... nenhuma delas conhecia a verdadeira riqueza, o verdadeiro luxo. E aqueles escravos por quem passávamos... eles sequer conseguiriam sonhar com o que eu via dentro do palácio. Eles tinham taças de ouro. Ouro extraído por aquelas pessoas largadas nas ruas, pessoas que não tinham o que comer, o que vestir. Pessoas como minha irmã e meu sobrinho.

Não, não era momento de lembrar deles. Era momento de manter o personagem.

O príncipe não manteve muito contato enquanto seguia pelas ruas da cidade. Não que eu fizesse questão. Na verdade, preferia evitar qualquer contato com ele.

Estávamos passando por uma rua estreita quando um escravo atirou-se contra Lua, avançando contra o príncipe. Dois guardas pularam dos cavalos imediatamente com as espadas nas mãos enquanto os outros dois apontaram flechas para ele. Não podia ter mais de 17 anos. Um menino. Com muito ódio. Tinha grilhões nos braços finos, mas rasgou a parte superior da armadura do príncipe sem dificuldade. Observei boquiaberto enquanto o menino gritava com raiva, chamando-o de "tirano desgraçado", rasgando sua pele. As marcas em suas costas e braços indicavam que não era a primeira vez que ele se rebelava. Os guardas ameaçaram disparar contra o rapaz, mas eu saltei de Indomável, que relinchou e avançou contra os guardas.

— Não! — Ergui os braços para impedi-los.

O príncipe empurrou o jovem magricela no chão. Ele caiu, ralou-se no chão de terra e pedra. Duvido que tenha sentido dor. O ódio brilhava em seu olhar.

Como se tornar uma RainhaWhere stories live. Discover now