Capítulo 37

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   — Ele está certo, sabe? — Kir comentou ao meu lado

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   — Ele está certo, sabe? — Kir comentou ao meu lado.

   Ela ainda estava comigo na cama horas depois de todos terem decidido finalmente me deixar em paz. Estávamos comendo trufas de chocolate havia um bom tempo e talvez faltava uma grama para que meu corpo colocasse tudo para fora, mas eu não me importava. Eu tentei fugir para um compromisso que tinha marcado antes de desmaiar e me impediram...

   Eu fingia que conversar com a médica não tinha me afetado, mas não era bem assim.

   Eu precisava me manter impassível mesmo assim.

   — Você também não! — resmunguei.

   — Athena, é sério. Você não pode se negligenciar desse jeito.

   — O que eu não posso, Kir, é me dar o luxo de parar. Eu estou muito perto e diminuir o ritmo agora vai me custar a coroa — expliquei pela milésima vez.

   — Você está se matando.

   — Eu sei me cuidar. — Larguei o chocolate na bandeja e fiquei de pé. Uma leve tontura me tomou, mas eu ignorei e fui para a varanda.

   Minha amiga me seguiu e ficou ao meu lado no parapeito, sem dizer nada.

   — Eu preciso dessa coroa, Kir. E parece que cada coisa que eu faço... parece insuficiente — admiti, frustrada.

   — É por isso que você precisa conversar com outras pessoas, amiga. — Ela tocou minhas costas suavemente. — Não precisa parar o que você tem.

   Fiquei calada.

   Talvez não fosse só pelo medo de parar meus compromissos.

   Conversar com a médica mais cedo me deixou acuada, como se ela estivesse cutucando uma ferida mal cicatrizada. E ela mal disse nada.

   Meu peito queimava só de pensar em falar sobre aquela angústia trancada em meu peito, aquela agonia e preocupação constante. Porque... era tudo bobagem. Era só ignorar e tudo ficaria bem.

   — Eu estou bem. Foi só um momento de frustração e eu esqueci de comer.

   Kir me olhou com ceticismo, mas não disse nada. Minha amiga apenas deu um tapinha leve em meu ombro e saiu.

   E eu fiquei sozinha com aquele aperto no peito.

   Eu tentei me distrair, lendo e tomando um banho quente. Nada adiantou. Era madrugada quando eu decidi vagar pelo palácio. As palavras de todos rodavam na minha cabeça sem parar e elas faziam sentido e apenas as piores se repetiam. As lágrimas turvaram minha visão e minha garganta se apertou num nó terrível.

   Obriguei-me a respirar fundo. Tentei me distrair com as pinturas enormes penduradas nas paredes dos corredores vazios do castelo. Tentei dançar enquanto cantarolava baixinho. Tentei pegar algo na biblioteca gigante. Tentei admirar o mar. Nada funcionou.

Como se tornar uma RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora