Capítulo 3

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   Acordei ao ouvir os sons de saltos se chocando contra as pedras do piso

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   Acordei ao ouvir os sons de saltos se chocando contra as pedras do piso. Abri os olhos a tempo de ver a princesa sorrir para mim. Ela tinha dormido bem, considerando a expressão calma e sem olheiras. Usava um vestido verde claro levemente armado. O corpete era liso, sem detalhes, os ombros e as clavículas marrons estavam expostos enquanto a manga do vestido cobria seus bíceps e cotovelos. Seu cabelo escuro estava parcialmente preso. O cheiro de jasmim que ondulou até mim e sua aparência imaculada parecia um deboche à minha situação. Podia ser.

   — Bom dia, espiãozinho — Chegou mais perto, deixando a criada que vi no dia anterior aproximar-se com uma bandeja nas mãos trêmulas. A mulher não me olhou.

   Tentei me mexer e gemi de dor nos braços. Pelo menos eles tinham me dado uma cadeira. A princesa sussurrou algo para um dos guardas. Os homens tinham trocado de turno algumas horas antes. Não dei muita bola; focava em não sentir dor. O homem falou um "Sim, Alteza" e veio abaixar as correntes até um pouco abaixo da altura dos meus ombros, fazendo o sangue voltar a circular em meus braços. Suspirei em alívio. A princesa pegou a bandeja das mãos da mulher e a apoiou em minhas coxas, mal curvando-se. A bandeja estava cheia de pães, frutas, geleias e pedaços de carne, além de um copo de água. Minha boca salivou. Com um movimento discreto, ela pegou um dos pães e levou à minha boca. Tentei não parecer surpreso quando arranquei um pedaço grande. Ergui o rosto para o seu e encontrei uma expressão cautelosa.

   — É mais esperto que parece, espiãozinho, sei disso — Comentou enquanto abria o pão e colocava um pedaço de carne dentro sem sujar um centímetro de sua pele impecável. — Por isso vim negociar com você — Agachou-se diante de mim, me fazendo arregalar os olhos e quase engasgar. A princesa, a herdeira do trono de Tullin, estava agachada diante de mim, me olhando nos olhos. Não acima, como o maldito que contratou. Seu olhar sobre o meu era determinado, decidido. Ela me permitiu mais uma mordida no pão agora recheado antes de dizer: — Te ofereço sua liberdade e a liberdade das pessoas que você protege em troca de dois pequenos favores.

   Ótimo. Outro acordo. Pelo menos era melhor que o último. Bem melhor. Ergui uma sobrancelha enquanto engolia.

   — Quais, Alteza? — Minha voz saiu rouca. Pigarreei.

   Notando que minha garganta estava seca, a princesa Athena pegou o copo e trouxe até meus lábios com uma delicadeza surpreendente. Tomei um gole. Dois. Então ela afastou o copo e inclinou a cabeça levemente.

   — Primeiro, quero que me diga quem o contratou — Obviamente. Olhei para os guardas e para a criada por instinto. — Eles não falarão nada sobre isso — A princesa deixou claro, usando um tom que indicava que falava mais para eles que para mim.

   — E depois?

   — Bem, isso vai depender de sua resposta — Mais um pedaço de pão.

   Mastiguei lentamente, considerando. O acordo antigo era uma merda em comparação àquele. Seria por um dinheiro para garantir a liberdade da minha irmã e do meu sobrinho. E eu permaneceria como escravo, sem uma moeda sequer. Eu precisaria descobrir o que a princesa fazia longe dos olhos do meu contratante e relatar. Por um bom tempo. Eu claramente era péssimo naquilo. Idiota, tolo.

Como se tornar uma RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora