Capítulo 7

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   Cheguei ao Conselho sem nenhuma disposição

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Cheguei ao Conselho sem nenhuma disposição. Selvagem, dissera Adler. Até parece. Eu não me sentia nada selvagem quando entrei no salão do trono do castelo. Meu pai já estava na enorme e acolchoada cadeira de ouro, com a coroa na cabeça. Seus braços estavam apoiados nos corpos e nas cabeças dos dois dragões que adornavam os lados do trono. Exagerado.

Como a reunião seria longa, o salão foi preenchido com cadeiras e mesas para receber os lordes e representantes de Vibrandt que participariam. Subi o pequeno lance de escadas para a plataforma onde uma cadeira me esperava ao lado do meu pai. Lado esquerdo, como sempre. Farian já observava entediado o salão, do lado direito do meu pai. Pelo menos concordávamos em algo. Aquilo seria uma tortura.

Não dirigi a palavra a nenhum dos dois enquanto repassava mentalmente o que sabia sobre o que seria discutido. Quando todos se sentaram e meu pai sinalizou para que se calassem, eu inspirei fundo discretamente e toquei minha medalha, pedindo a minha mãe que, de onde quer que ela estivesse, me ajudasse. Expirei, pronta. Eu precisava participar daquilo não só como dever, mas também como forma de mostrar aos lordes e conselheiros que tinha capacidade de me tornar rainha, que tinha voz. Afinal, eles eu precisava de seu apoio.

Meu pai iniciou a reunião e foi direto ao ponto. Agradeci aos céus por isso. Mesmo assim, a discussão acerca do acordo comercial seguiu por horas. Meu pai ouviu as propostas de taxas menores, as dificuldades de transporte, o tempo que levaria e considerou tudo. Eu opinei - tendo a ajuda de Adler como apoio -, meu irmão opinou, os lordes opinaram, os representantes opinaram. Entrei em debate com meu irmão e outros lordes. Defendi o acordo. Seria valioso ter contato com um reino tão rico e cheio de cultura.

Nada foi firmado ao fim do encontro. Pelos votos do Conselho, seria trato fechado, mas a decisão final era do rei. Meu pai apenas disse que pensaria mais a respeito e daria uma resposta num prazo de três dias. Os representantes de Vibrandt - um grupo de cinco pessoas usando um azul intenso - ficariam no castelo até a resposta dele.

Assim que saí do salão, pronta para afundar em minha banheira e passar bons minutos lá dentro, dei de cara com Farian. Sibilei quando ele segurou meu cotovelo para que eu parasse.

— Foi bem no debate, irmãzinha. Recebeu ajuda daquele seu tutor?

— Se me parou para me provocar, Farian... — Deixei clara a minha indisposição.

— Só me responde.

— Pra que você quer saber? Está se sentindo ameaçado? — Provoquei.

— Apenas responda, espertinha.

— Não.

— Por que não? — Meu irmão cruzou os braços.

— Porque sei o que você quer — Cruzei os braços. — Ontem no jantar só faltou pular no pescoço de Adler para recuperar a atenção que te foi roubada.

Como se tornar uma RainhaWhere stories live. Discover now