Como assumir o trono de Tullin tendo meu próprio pai, o rei, e o meu irmão, o príncipe, como opositores?
Tullin, meu amado reino tomado por escravidão e rodeado por guerras.
Já não bastasse a boa dose de ansiedade e o fardo da impotência que me aco...
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— O quê? — Minha voz saiu como um engasgo.
O sorriso dela só aumentou com a minha reação.
— Amanhã — Repetiu lentamente. — Vamos libertar sua irmã e seu sobrinho.
Demorei mais alguns segundos para processar aquilo. Libertar minha irmã... libertar-nos...
— Amanhã? — Repeti, igual um idiota.
— Amanhã, se estiver pronto — Acrescentou, preocupada. Chegou mais perto e abriu um sorriso discreto, mas encorajador. — Amanhã e sua irmã estará livre.
Liberdade... finalmente minha irmã a teria. Ela e meu sobrinho, que nasceu naquele inferno.
Gratidão preencheu-me e tenho certeza que vazou por meus olhos porque ela abriu ainda mais o sorriso para mim.
— Eu... — Não tinha palavras para aquilo.
Ela tocou meu braço, fazendo um arrepio estranho me percorrer, e ao mesmo tempo um conforto.
— Podemos fazer isso. Nós vamos fazer isso — Disse, com convicção.
— Amanhã — Repeti, sentindo alegria e ansiedade me tomarem. — Como?
— Vem, senta — Puxou-me para a mesa, onde um jantar nos esperava.
Deixei que puxasse a cadeira para mim, deixei que me colocasse sentado, deixei que me servisse. Minha cabeça estava embaralhada. Eu pensava em minha irmã e nos anos de sofrimento, em quanto tínhamos esperado por aquilo. Ela colocou um pedaço de carne e batatas em meu prato. Observei aquilo quieto. Era estranho vê-la me servir. Lembrou-me o dia seguinte ao que nos conhecemos, quando ela me deu comida, agachada diante de mim. Ergui a cabeça para olhá-la.
Sua gentileza refletia no rosto suave. Por fim, ela me serviu com vinho. Bebi como se fosse água. Ela não me repreendeu, apenas me observou.
— É o Adler de novo ou ainda precisa de mais tempo para se recuperar? — Inclinou a cabeça para me analisar.
Indiquei que me servisse mais vinho antes de responder. Ela encheu a taça até o topo antes de sentar à minha frente. Não reclamei. Respirei fundo.
— Como faremos?
Ela começou a me contar seus planos, explicando como cada coisa funcionaria. Eu escutei tudo com atenção.
— Então amanhã mesmo você consegue liberar todo mundo?
— Na teoria, sim. Na prática, a burocracia vai agir. Teremos que esperar alguns dias. Me assegurarei de que sejam apenas alguns dias, ou menos — Acrescentou, girando a haste da taça entre os dedos finos. Não tinha se servido com carne ou batatas ainda, apenas com o vinho.