Como assumir o trono de Tullin tendo meu próprio pai, o rei, e o meu irmão, o príncipe, como opositores?
Tullin, meu amado reino tomado por escravidão e rodeado por guerras.
Já não bastasse a boa dose de ansiedade e o fardo da impotência que me aco...
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Estar em um castelo ainda maior e mais luxuoso não era algo que me deixava exatamente feliz. Aquele luxo todo me deixava desconfortável. Mas aquilo nem era o que me preocupava mais.
Athena parecia mais viva e animada aquela manhã. Ela conversava com Kirnat com um sorriso largo, do outro lado da mesa comprida da sala de jantar do rei. Delawan, ao contrário de Wirlon, não tomava a cadeira da ponta. Ele estava ao meu lado, de frente para Athena. Fora os convidados, apenas outras duas pessoas estavam à mesa, sentadas ao lado de Delawan. O rei as tinha apresentado como sua irmã, uma bela mulher loira de cerca de vinte anos que nos observava com curiosidade; e o conselheiro e seu provável melhor amigo, um homem baixinho e de barba longa.
— Recomendo que visitem o centro. A cidade vai se mostrar pra vocês de forma espontânea — Delawan sugeriu.
— Nossa cultura é muito rica — o conselheiro comentou.
— Bem, estou muito curiosa para visitar Gassep — Athena disse, monopolizando naturalmente a atenção das pessoas na mesa. Descansada, ela estava ainda mais linda. Seu cabelo estava solto, os cachos saltavam por seus ombros e rosto, e estava em um vestido de alças caídas azul claro. Eu sabia que não tirava os olhos dela, mas ali não era Tullin. — Parece ser um lugar bem diverso.
— E é. Cheio de opções e oportunidades — Delawan disse.
Ele também não desviava o olhar dela. Tudo bem, eles estavam frente a frente, mas...
— Posso acompanhá-la, se quiser.
Virei meu rosto imediatamente para ele, meio que de forma inconsciente, um sentimento feio tomando meu peito. Athena sorriu, inabalável, e disse:
— Obrigada, mas já prometi fazer companhia a outra pessoa.
O rei escondeu bem a surpresa, mas o conselheiro não. Voltei-me para ela, que lançou um olhar de cumplicidade rápido para mim.
— De toda forma, espero que aproveite.
— Obrigada.
A irmã de Delawan, Iernan, começou a falar sobre locais que deveríamos visitar. Ela era bem agitada e se deu bem de cara com Kirnat, apesar da dama ser o oposto dela. Fiquei quieto boa parte do tempo, tentando captar informações sem interferir.
Era mais que óbvio que Vibrandt era diferente, mas não queria dizer que tínhamos que ser menos atentos. Na verdade, precisávamos agir mais e mais rápido.
— Pronto? — Athena me perguntou cerca de uma hora depois, no saguão de entrada do castelo.
Eu anuí. Ela entrelaçou o braço no meu e de repente eu sentia como se pudesse vencer uma guerra.
— Só nós dois?
Ela virou o rosto para mim daquele jeito travesso.
— Achei que não tivesse gostado da ideia de que outra pessoa nos fizesse companhia.
