Como assumir o trono de Tullin tendo meu próprio pai, o rei, e o meu irmão, o príncipe, como opositores?
Tullin, meu amado reino tomado por escravidão e rodeado por guerras.
Já não bastasse a boa dose de ansiedade e o fardo da impotência que me aco...
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O tempo voou depois do dia da libertação. Duas semanas logo se passaram. Eu devorei o pote de goiabada que ganhei do pessoal da cozinha em menos de três dias. Era perfeito. Adquiri o terrível e maravilhoso hábito de ir na cozinha. Eu geralmente ia à noite, sozinha. Conversava com o pessoal e voltava carregando mais um pote de doce. Gama discorria todos os dias sobre o perigo daquilo, mas goiabada era uma das poucas coisas que me acalmava.
Eu andava mais ansiosa que o comum. Talvez a minha rotina tivesse ficado mais carregada. Eu tinha que interagir com a corte, com meus irmãos, saber o que meu pai estava tramando, ajudar Adler a mentir, acompanhá-lo em visitas a sua irmã, estudar, planejar... Era tanto que, no fim do dia, meu cérebro se recusava a descansar. Pelo menos tudo estava adiantado com Evan e com os especialistas. O casamento estava mais perto.
Eu analisava minhas olheiras no espelho quando bateram à porta. Delan curvou-se assim que abri.
— Bom dia, Alteza. Recebemos um envelope de seu avô. — Estendeu-o para mim. Era uma folha branca simples, mas bem dobrada.
Evitei franzir o cenho.
— Obrigada. — E fechei a porta.
Abri apressada, mesmo sabendo o que aquilo significada. A minha ansiedade não me deixaria adiar aquilo. Gama surgiu do vestiário e me olhou preocupada. Ela andava reprovando todas as minhas ações ultimamente - menos o hábito de ter pelo menos uma das refeições com Adler, porque aparentemente ela passou a gostar dele. Entendia que estava preocupada, mas eu sabia me cuidar.
O primeiro papel que peguei tinha a caligrafia cuidadosa do meu avô.
"Athena, encontrei isto em minha cozinha. Tenho certeza que você sabe o que significa e eu a amo por essa astúcia, mas tome cuidado com a forma como vai dar essa notícia a ele. Cuide-se, minha pequena."
Meus músculos relaxaram com o carinho.
O segundo papel tinha uma caligrafia que eu nunca tinha visto.
"Para Athena, Adler e Vermilian.
Eu agradeço o esforço de vocês para salvar a minha vida e a vida de meu filho - e de meus amigos. Admiro muito meu irmão, meu ursinho, por ter sacrificado a liberdade imediata para ajudar os outros. Sei também que não é nenhum esforço monumental para ele ficar ao lado da princesa. Vocês dois, Adler e Athena, parem de fingir que não estão apaixonados. Vocês implicam um com o outro, mas nasceram para se amar. Eu apoio. Samir também. Ele inclusive está balbuciando para Vermilian enquanto escrevo isso. "Vovô". É mesmo o mais próximo de pai que eu já tive depois da morte do nosso. Mesmo que a gente tenha ficado menos de um mês aqui, e ele nos acolheu de uma forma tão carinhosa, que sinto como se fôssemos parentes. Obrigada por isso também.
Mas Athena está certa. Vibrandt é a melhor opção. Vermilian me contou sobre o que passou para conseguir viver bem depois que foi libertado. E ele teve sorte porque recebeu "ajuda" do rei. Vibrandt tem uma vida nova para nós. Eu adoraria se você viesse, Adler, mas eu sempre soube que meu ursinho faria algo grande. E você precisa viver a sua vida. Finalmente.
