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- Ray, isso é ridículo. Não precisa fazer o sinal da cruz só porque vai entrar dentro de um elevador comigo. – contestei, observando meu amigo fazer exatamente isso enquanto esperávamos o elevador.

Ele olhou para mim com descrença.

- Eu te amo, Lizzie, mas não vou arriscar. Você tem uma aura que a envolve para tragédias, e este corpinho aqui precisa estar inteiro para hoje à noite. Eu tenho um encontro.

Cutuquei a barriga dele, fazendo Ray dar pulinhos para trás.

- Quer dizer que o garanhão vai sair? Quem é o sortudo?!

Ray ajeitou o cabelo e fez mistério.

- É segredo!

- Não acredito que você não vai me contar!

- Ele ainda não saiu do armário, Elizabeth. Está... experimentando. E hoje, eu vou ser seu prato definitivo. – disse ele animadamente, desfilando para dentro do elevador quando esse chegara.

Gargalhei, mesmo achando horrível o que ele dissera. Dei um pulo para dentro do elevador.

- Não me diga que é alguém mais novo? – o meu amigo ficou em silêncio, de repente vendo muito interesse no carpete vermelho, ignorando minha pergunta completamente, assim como meu olhar inquisidor. Suspirei. - Sabe que garotos mais novos são complicados...

- E você sabe que eu adoro descomplicá-los...

Desistindo do assunto, peguei a minha agenda e chequei os nomes dos restaurantes, pensando em qual deles escolher.

- O que você prefere: Russia Tea Room ou Spirit? – perguntei a Ray.

- Russia Tea Room, definitivamente. – afirmou ele, sem nem titubear. Dei os ombros e guarduei a agenda, pesquisando no GPS do celular o endereço exato do restaurante.

Plinc!

O elevador estremeceu, arrancando um gemido meu, e parou no térreo.
Logo, Ray e eu estávamos na rua misturados ao mar de pessoas apressadas para não perder seu precioso e pequeno horário de almoço.
Mais um dia normal em Nova York.

O prédio do Jornal ficava do lado Oeste da Mindtown. Guiando-me pelo celular, descobri que o restaurante escolhido ficava muito perto, algumas ruas acima, na 57th Street. Não demorou muito para chegarmos até lá.

- Oh, não. – lamentei avistando a entrada do luxuoso restaurante. – Ray, há uma fila enorme para entrar!

Ray bufou, como isso não significasse nada.

- Eu nunca espero em filas, querida. Agora vá até lá e faça com que eles nos deixem entrar.

Ele me empurrou na direção do segurança. Desequilibrei-me por alguns segundos em cima dos saltos, porém logo recuperei o equilíbrio. O homem estava de costas para mim, permitindo que somente as algumas pessoas entrassem no restaurante por vez.

Cutuquei o ombro dele, dando um sorriso amarelo.

- Olá – disse num pigarro. O segurança se virou. – Wow! Alguém já disse que você parece muito o Michael Cl Duncan? – dei uma risada nervosa, porém o segurança não pareceu achar graça como eu. Continuei: - É sério, você poderia ser o dublê dele nos filmes...

— Michael Cl faleceu faz dois anos, Senhorita — resmungou o homem.

— Oh, sinto muito — encolhi os ombros. - Parece que sua carreira de dublê foi por água abaixo não é mesmo? Ah! Se você morresse também, seria o dublê perfeito! — ri pisquei para ele, mas o homem permaneceu sério, inabalável. Quem poderia culpá-lo? A piada foi horrível.
Irritado, o homem se virou para mim.

Tudo Pela ReportagemWhere stories live. Discover now