20.

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- Surpresaaaaaa! – Scarlett jogou as malas para o lado e passou braços ao meu redor. Foi tão forte e inesperado que com o impacto eu tropecei e acabamos caindo no chão. Ela estava gritando, e eu não pude evitar de me juntar à ela.

A minha melhor amiga não se importou com a queda; ela ficou por cima mim, agarrada ao meu pescoço. Seu perfume doce que eu conhecia tão bem quanto o meu próprio impregnou o meu nariz. A única coisa que eu conseguia ver era sua cabeleireira loira cheia de mechas coloridas: azul, rosa e verde. Senti tanta a sua falta! E mal podia acreditar que estava ali.

Seu corpo estava bem mais magro, eu notei só por aquele primeiro contato. Instintivamente me perguntei se ela se alimentando bem, mas se Scarlett visitava a minha família regularmente, vovó não a deixaria passar fome. E não é como se mãe de Scarlett fosse diferente.

- Ai, meu deus. – eu arfei. – Scarll... Como? Eu pensei...

- Eu ainda estou no meu momento de matar a saudade. – ela murmurou abraçada à mim. Apertei-a um pouquinho mais forte, rindo.

- Você vai me fazer perder a circulação do sangue. – avisei. – Mas eu não me importo.

Ela também riu, rolando para o lado e me libertando. Respirei fundo e olhei para Scarlett. Ela estava usando uma jaqueta vermelha e calças jeans , seu cabelo preso em um coque desfiado. Os olhos eram verdes claros e cintilantes como de um gato, delineados de preto. O tecido da blusa branca dela deixava à mostra um pouco da sua tatuagem, perto do coração.

Era apenas uma palavra que ela havia tatuado perto do coração, assim como eu. A dela estava escrito: Scarleth e no meu Elizabett. (Eu sei, é meio bobo, mas nós não nos importávamos). Quando estávamos no ensino médio percebemos que as últimas sílabas quando trocadas mantinham a mesma sonoridade. A gente completava uma a outra até mesmo no nome.

Ray estava batendo palmas, animado. Ele se levantou e puxou Scarlett para um abraço, tirando-a do chão e rodopiando-a. Scarll abriu os braços como se fosse uma estrela do rock, passando as pernas ao redor da cintura de Ray.

- Como é bom finalmente conhecê-lo pessoalmente, Ray! E jesus, você é um gato. – Scarlett colocou as mãos nos ombros dele impressionada, dando um sinal positivo com o polegar de aprovação.

Ray deu os ombros sem jeito piscou para ela.

- Obrigada, faço o melhor que posso.

Intrometi-me no momento deles.

- Eu ainda estou confusa. Pensei que era o meu pai que vinha para Nova York. – murmurei deixando o chão. Fechei a porta do apartamento e virei-me para Scarlett.

- Porque achou isso? – ela andou até a cozinha e abriu o fogão, um par de sapato caindo de lá. – Ah, você não muda não é, Lizzie?

Eu havia esquecido de tirar os sapatos dali! Apenas encolhi os ombros, como se dissesse: O que eu posso fazer?

Sentamos todos no sofá, eu no meio dos meus dois melhores amigos. Scarlett jogou as botas para o lado e colocou as pernas no meu colo.

- Minha nossa, estou exaustada. Tinha esquecido de como odeio aeroportos. – ela se espreguiçou e acomodou-se mais afundo no sofá, seus olhos piscando sonolentos. Eu conhecia Scarlett. Ela estava com sono agora, mas em poucos minutos levantaria daquele sofá e provavelmente me enlouqueceria. Se eu causava desastres sem querer, Scarlett os causava propositalmente.

- Scarll, você ainda não explicou porque a sua passagem foi debitada no cartão de crédito do meu pai. – lembrei-a.

- Elizabeth Scott, você está rastreando o seu pai?!

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