13.

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Eu tinha plena certeza que era sábado, ou seja, um dia em que eu – graças à Deus – não trabalhava. Por isso fui pra cama com a convicção que poderia dormir até tarde.

Pena que o Joey não pensava assim.

- Alô? – atendi meu celular com um bocejo e piscando os olhos para me livrar do sono. O rabo de Seth, desmaiado ao meu lado, estava praticamente tampando o meu rosto. Eu me afastei dele, virando-me de lado e procurando por Ray.

Ele havia sumido.

- Elizabeth! Preciso que você venha até o escritório! É urgente!

Ainda com sono, eu demorei para raciocinar.

- Joey, hoje é sábado. – argumentei.

- E daí? – ele rosnou. – Eu trabalho todos os sábado durante vinte anos!

- E é por isso que sua mulher está se divorciando de você. – disse sem pensar. Percebendo meu erro, eu rolei para fora da cama e antes que Joey pudesse dizer alguma coisa, eu disparei: - Brincadeira, Joe! Há, há, há! Estou indo imediatamente, chefe.

- Você tem dez minutos para chegar aqui. – ele decretou friamente. – Ou está despedida.

Ele bateu o telefone na minha cara. Droga, eu precisava aprender a manter a boca calada.

Como eu não tinha tempo, prendi meu cabelo em um coque, vesti uma calça de moletom qualquer e usando a blusa do pijama mesmo saí de casa às pressas pela escada de emergência. Tinha a sensação de que estava com olhos inchados e o cabelo em uma imitação de um ninho de passarinho.

E para completar, peguei os primeiros sapatos que vi – botas de galochas amarelas berrante, as quais Scarlett tinha pavor -, e sai correndo.

É claro que o trajeto todo levou mais de dez minutos, apesar da minha corrida. Quinze minutos depois eu estava saindo do elevador e disparando pela Redação, que para minha surpresa estava até cheia. Até mesmo Ray estava ali! Havia esquecido completamente que alguns colunistas trabalhavam também ao sábados.

Acenei rapidamente para o meu amigo e segui na direção da sala do Joey. Entrei lá arfando.

- Cheguei! Estou aqui!

Inclinei-me para baixo e coloquei as mãos no joelho. Talvez eu devesse entrar na academia e acabar com o meu sedentarismo.

- Joey, o que é tão importante que não poderia esperar até a segunda-feira? – reclamei.

Como sempre, a cadeira dele estava virada para a sua parede de prêmios.

- Joey, pelo amor de Deus. Eu sinto muito, não quis dizer aquilo pelo celular. – apressei-me em pedir desculpas. Silêncio. – Pode me contar o que está acontecendo?

A cadeira do meu chefe girou. E eu quase caí para trás.

- Oi, Lizzy. Que bom vê-la novamente. – Homero deu um sorriso impecável para mim. Ele estava todo impecável. Cabelo, roupa, pele... E eu? Parecia que havia acabado de sair de um cativeiro de dois anos sem ver a luz do sol. Homero assustou-se ao olhar para mim e logo estava rindo. – Nossa, Cupcake, o que aconteceu com você?

Respirei fundo muitas vezes antes de dizer alguma coisa. Eu não estava entendendo mais nada. Encarei Homero furiosa e levantei o dedo. Tentei dizer algo, mas a indignação era tão grande que eu não conseguia formular um xingamento para descrever a minha raiva.

Por fim, controladamente, perguntei:

- Onde está o meu chefe?

- Ele voltará em breve. – Homero respondeu sem muito se preocupar. Ele apontou para a cadeira. – Por que não senta?

Tudo Pela ReportagemWhere stories live. Discover now