34.

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Demorou algum tempo até Rivers se acalmar e decidir que me matar não era a melhor das escolhas.

Fiona muito bondosamente cedeu sua cadeira para mim e sentei-me ali, esperando Rivers desinfetar os seus sapatos aparentemente caros para me explicar o que significava tudo aquilo.

— Desculpe. — pedi fazendo uma careta enquanto ele se debruçava sobre os pés e os limpava, torcendo o nariz de nojo.

Na verdade, havia uma partezinha de mim – tudo bem, uma parte enorme – que não sentia nem um pouco de remorso por ter vomitado nos pés de Rivers. Não é como se ele não merecesse, afinal.

No entanto, para evitar mais desavenças, se é que isso fosse possível, achei melhor me desculpar.

— Não se dê ao trabalho —  ele retrucou. —  Sei que está curtindo este momento.

Ah, pode apostar que eu estou. Dei um sorriso diabólico, mas tratei de tirá-lo do rosto antes que alguém percebesse. Pigarreei.

— Não, é sério, não fiz por querer. Foi o cheiro do cachorro-quente...

— Ele vai sobreviver, Elizabeth. Não se preocupe. — a garota que trouxera os cachorros-quentes plantou sua cadeira ao lado da minha e deu um sorriso quase assustador.

Seus cabelos pretos e crespos estavam presos em duas tranças, seus olhos eram igualmente escuros e grandes. Os braços estavam repletos de pulseiras coloridas, cada uma de suas unhas estava pintada com uma cor. Era tanta informação em uma só pessoa que fiquei atordoada. Ela continuou tagarelando: — Eu não sei se já comentei, mas sou uma grande fã! Desde que começamos a monitorá-la fico impressionada com as coisas que você faz!

— Obrigada... Eu acho. A quanto tempo estão me monitorando?

— Basicamente desde de Las Vegas — contou a menina. Ela estendeu a mão na minha direção, fazendo com que as pulseiras em seus braços chocalhassem. — Esqueci de me apresentar: Eu me chamo Tora!

Apertei sua mão ainda meio assustada pelo sorriso enorme e na aparente obsessão da garota por mim. Tora não tirava os olhos do meu rosto e quase não piscava.

— Em Las Vegas, nós não monitorávamos você em especial — Isaac explicou. — Fazíamos parte do grupo maior, da operação grande.

— Esse pequeno grupo aqui foi uma ideia do Mike — complementou Fiona.

— Tudo bem, mas vocês não são jovens demais pra fazer parte do FBI? — questionei-os.

— Não somos do FBI. Estamos pagando serviço ao FBI, era isso ou 200 horas de trabalho comunitário. – disse Fiona.

— Somos hackers, sabe? — Isaac explicou. — Invadimos sites que não deveríamos e o governo acabou descobrindo. Pensaram: Ei, por que não usar a inteligência desses bastardos para algo útil? E aqui estamos nós — ele deu os ombros.

— Entendi... — na verdade eu estava só começando a entender toda aquela loucura, mas não queria que me tomassem por lerda, então fingi que tudo era bastante normal e cheio de sentido... O que não era verdade. Nunca tinha ouvido falar que o FBI "contratava" adolescentes. Ajeitei-me na cadeira. — E agora vocês são minha equipe?

— SIM! — Tora comemorou. Passou os braços ao redor do meu corpo e me apertou em um abraço. Fiona revirou os olhos, desaprovando a ação da menina. — Vamos trabalhar para você! Isso não é demais?

— É... Claro que é!

Depois que Tora me soltou, levantei o indicador.

— Uma dúvida: Por que eu preciso de uma equipe mesmo?

Tudo Pela ReportagemWhere stories live. Discover now