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Abri os olhos, sentindo-me uma estranha ao meu próprio corpo. Estava extremamente enjoada. Constatei que me encontrava deitada em algo extremamente macio. Decretei ali o final definitivo da temporada de desmaios. Eram inconvenientes e seguidos de um despertar grogue em um lugar estranho.

Finalmente parei de encarar o teto branco e vasculhei ao redor com os olhos, sentindo-me ainda mais zonza e enjoada. O quarto onde eu me encontrava era escuro e silencioso. Meu cabelo estava por todos os lados, cachos em cima do rosto. Afastei-os dos olhos com um bocejo. O cheiro de produto de limpeza me fez desconfiar que me encontrava em um hospital, mais uma vez. Tateando o meu corpo rapidamente concluí que estava usando as mesmas roupas de mais cedo.

A porta do quarto se abriu com um clique barulhento e um homem alto de porte atlético adentrou o cômodo, ligando as luzes claras e fortes. Os meus olhos demoraram um pouco para focalizar o estranho. Pisquei debilmente diversas vezes, acostumando-me a claridade repentina.

— Dr. Burke! — exclamei com um sorriso débil assim que finalmente o reconheci.

O médico, que antes de me ouvir chamá-lo assim estava sorrindo e caminhando na minha direção, perdeu um pouco da sua animação inicial.

— Olá, Elizabeth — ele me cumprimentou com um suspiro paciente. — Já te disse que o meu nome não é Burke.

— E eu já te disse para assistir à Grey's Anatomy. Vai concordar comigo quando assistir que você parece o Dr. Preston Burke... Oh! Qual é a sua especialização? Ah, me diga que é Cardiologia! Por favor!

Ele revirou os olhos de uma maneira muito juvenil enquanto lia a minha prancheta e ignorou a pergunta.

— Bem, onde eu estou agora? — perguntei calmamente enquanto recostava-me no travesseiro. O movimento aparentemente foi brusco demais. — Minha cabeça dói e há um gosto amargo na minha boca... Só me diga que estou no mesmo estado o qual desmaiei, por favor.

—  Você está no Hospital Monte Sinai, em Nova York, mais precisamente na quinta avenida. Está em casa. —  informou o Dr. Burke. Monte Sinai, ótimo, pensei, mas uma referência bíblica. — Mike me pediu pra vir vê-la, tive que pegar o primeiro jatinho para cá. Você desmaiou logo depois de bater a cabeça, não é?... Deixou muita gente preocupada. No entanto, pelo Raio X que pedi, sua cabeça está ótima, nenhuma sequela.

— Ah, sim. É claro. Provavelmente desmaiei por causa da claustrofobia. Fiquei presa em um elevador por quase uma hora — encolhi-me. — Foi horrível.

O médico me encarou meio descrente. Sua sobrancelha espessa e escura se ergueu, emoldurando no rosto bonito do homem um olhar de dúvida.

— Tem certeza que foi só isso?

Eu pisquei, ainda meio lenta.

— Sim, é claro que tenho. —  o gosto amargo e ruim na minha boca estava aumentando.

— Você não acabou de se queixar que estava, hum... enjoada? — Assim que ele tocou no assunto senti o estômago revirar, borbulhar. Burke se aproximou e começou a me examinar. Ele ligou sua pequena lanterna e pediu para que eu seguisse a luz.

— É, estou. —  assegurei depois que ele terminou.

— Lizzie, como seu médico eu tomei a liberdade de perdi alguns exames, inclusive...

— Sai da frente! — pulei da cama e afastei o médico, correndo até uma porta que esperei ser um banheiro.
Abri a porta e segui direitamente para a privada. O bolo que se formava em minha garganta foi ejetado para fora do meu corpo, comprimindo dolorosamente o meu estômago. Antes de terminar, vomitei mais duas vezes. Minha testa estava úmida de suor quando afastei-me do vaso.

Tudo Pela ReportagemWhere stories live. Discover now