39.

7.8K 913 538
                                    


– Você sabia que, além de tudo o que te contei, Rasputin tinha um pênis de 28,5 centímetros?

Não! – Dr Burke reclamou, revoltado. – E eu também não queria saber. Obrigada por essa informação perturbadora a qual nunca mais sairá da minha mente, Elizabeth. É assim que você lida com os traumas? Vomita esse tipo de coisa?

Ele se afastou e começou a caminhar pelo pronto socorro do hospital Monte Sinai, enquanto esperávamos os resultados dos meus exames.

– Na verdade, é, sim. – encolhi os ombros. – Desculpe, achei que era uma curiosidade interessante. Quero dizer, vinte e oito centímetros...

Eu achei isso interessante! – Ray admitiu rindo. Estava sentado na cadeira ao lado da minha cama. Sorri para ele e pisquei.

– Se você colocar no Google consegue ver uma foto do pênis de Rasputin, ele está exposto em um museu na Rússia...

– Não vai precisar de pontos! – informou o médico enfaticamente, tocando delicadamente na minha bochecha. Ele estreitou os olhos e me entregou um espelhinho para que eu pudesse ver o meu próprio rosto. – Mas vai ficar inchado e muito roxo. Vou transcrever algum remédio para a dor e o inchaço.

– Já estou procurando – Ray estava com o celular em mãos. Alguns segundos depois arregalou os olhos. – Santo russo super dotado! Tem certeza que são vinte e oito, Lizzie? Eu diria que são trinta centímetros.

Dr. Burke suspirou pela décima vez na noite. Eu ri, animada para conversar sobre qualquer coisa que não fosse a marca das mãos de Jill no meu pescoço, que ficariam ali por algum tempo até desaparecer. Pensar nisso me dava náuseas severas.

– Na verdade, Rasputin era siberiano – corrigi por força de hábito, surpreendendo a mim mesma. Como sabia daqueles detalhes? Maldito pai professor de História viciado no Império Czarista. – Eu li em uma revista que eram quarenta centímetros, mas a fonte não era confiável, então fiquei com o de vinte e oito.

– Doutor, o que você acha? – Ray apontou o celular para o médico.

– Urgh! Não quero ver isso. – ele virou o rosto e balançou a cabeça. – O que há de errado com vocês? Discutindo sobre o pênis de um homem morto.

– Cheguei no momento certo. Sobre o pênis de quem estamos falando? – Scarlett surgiu com uns três copos de café na mão, seu cabelo preso em um coque caído, as mechas azuis escapando.

– Vou ver se os exames estão prontos! – decidiu o Dr. Johan, fugindo daquela conversa inapropriada. – Um copo de café, Elizabeth. Só isso. – ele me lembrou antes de deixar o pronto de socorro.

– Rasputin, Scarll. Vinte e oito centímetros! – atualizei-a, recebendo o café das suas mãos de bom grado, o cheiro da bebida me esquentou por dentro e eu me senti muito melhor.

Tudo Pela ReportagemWhere stories live. Discover now