14.

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- Para quê toda essa maquiagem? É um jantar de negócios, não um encontro. – Brad resmungou encostado na porta do banheiro.

Eu precisei de muita concentração para não revirar os olhos. Ele tinha aceitado à contra gosto o jantar com Homero. Acabou engolindo depois que expliquei a história toda aos mínimos detalhes enquanto me arrumava e deixava claro que o fato do seu ciúme não me impediria de ir ao jantar.

Eu iria de qualquer jeito.

No entanto, eu nunca soube lidar bem com ciúmes. Nunca fui uma pessoa ciumenta e sempre esperei o mesmo dos meus namorados. Mas não era bem assim que funcionava, por isso no meu livro de relacionamentos eu tinha um grande e detalhado parágrafo sobre até onde o limite de ciúmes poderia ir.

Brad estava quase ultrapassando a linha. A linha da minha paciência em especial.

- Não seja bobo. – respondi retocando o batom vermelho vinho. – Sabe que esse ciúme é desnecessário.

Ele me encarou pelo espelho, o rosto ainda fechado como se perguntasse a si mesmo: Será que é?

Eu me imempertiguei.

- Olha, Brad, se a partir de agora o nosso relacionamento se basear na sua desconfiança, então eu acho melhor...

Brad não me deixou terminar. Ele saltou para perto de mim jogando as mãos para cima.

- Não, não, não. Não estou desconfiando de você, eu juro, Lizzie. Eu confio completamente em você, fui um idiota. Deixei o ciúme fala por mim e já aprendi a lição. É nesse homem que não confio.

- Você nem ao menos o conhece.  – repliquei com as bochechas espalmadas pelas mãos de Brad. Internamente estava pensando que Homero e Brad não deveriam se encontrar. Se sem conhece-lo Brad já agia daquela forma, imagine presenciasse uma de nossas conversas e o modo como Homero flertava...

- Lizzie? Você me ouviu?

Eu pisquei. Estava pensando sobre todas cantadas baratas e com timing perfeito de Homero.

- Hum... Sim. Claro que ouvi. – sorri para ele. – Então, você está bem, não é? Completamente ciente do quão fiel eu sou à você?

Brad devolveu o sorriso.

- Sim, eu estou.

A campainha tocou, pegando nós dois de surpresa, ao mesmo tempo que o meu celular tocou. Uma mensagem de Scarlett:

Ray e eu queremos saber de TODOS os detalhes do encontro depois.

É um jantar de negócios, corrigi.

- Deve ser o tal do Homero! – gritou Brad largando-me no banheiro e correndo para atender. Eu tentei correr atrás dele mas não fui muito longe por causa dos saltos altos. Brad ajeitou a coluna e respirou fundo antes de abrir a porta.

Homero tinha um grande buquê de flores nas mãos (será que esse homem não se cansa de dar flores?!) e um sorriso ainda maior.

Brad lhe deu um olhar de cima a baixo. Ambos tinham a quase mesma altura, mas a semelhança acabava por aí.

- Então você é Homero Smith. – retrucou o meu namorado recostando-se na porta e cruzando os braços, fazendo os músculos crescerem um pouquinho.

Homero não se abalou.

- Você deve ser o namorado. Brad.

- Então a Lizzie deve ter falado de mim. – Brad concluiu feliz.

- Na verdade, não. – Homero desviou o olhar dele para mim, ainda parada no corredor, e indicou as flores ignorando o olhar mortal que o meu namorado lançara para ele.  – São para você.

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