37.

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Brianna Steall, a mãe de Ray, poderia até ser uma mulher baixinha e já na casa dos cinquenta anos, mas discutia com a jovialidade e disposição de uma garota da minha idade.

– Você achou que seria engraçado, vir até aqui e me atormentar? Me mostrar o que você se tornou, é isso? – ela rugiu enquanto gesticulava com os braços de uma maneira intimidante e chamativa, o que tornava a situação toda ainda mais constrangedora.

Ray tentou falar, mas a mulher não deixou.

– Olhe só para os seus cabelos, Richard! O que fez com eles?

– É Ray – eu me intrometi na conversa, me aproximando do meu amigo e cruzando os meus braços com o dele. Encarei Brianna de frente, sem medo algum, e quando ela ergueu o queixo, ergui o meu também. – O nome dele é Ray, agora. E isso no cabelo dele se chama luzes.

A mãe de Ray ergueu as sobrancelhas.

– E quem é essa aqui, Richard? – riu ela. – Sua namorada eu sei que não pode ser.

Inflei de raiva.

– Sou uma amiga e não gosto do tom de voz que você está usando com ele.

Brianna riu mais ainda.

– Ele é o meu filho, eu...

– Não sou mais o seu filho, lembra? Você me expulsou de casa – interrompeu Ray friamente. – Expulsou-me de casa e disse que não tinha mais filho. Portanto, não sou filho.

Brianna assentiu orgulhosamente, mexendo no penteado em seu cabelo.

– Tem razão, você não é mais meu filho. O meu filho nunca me decepcionaria do jeito que você fez.

– Qual é o seu problema? Ray não fez nada de errado. – eu argumentei calmamente, sabendo que as pessoas as quais passavam pelo caminho até o restaurante estavam ouvindo a discussão.

– Nada de errado? Garota, olhe só para ele, o modo como se veste. Veja o que Richard se tornou... Esse não é o meu filho, não o criei assim – Brianna balançou a cabeça, a voz falhando. – E ele ainda vem aqui, só para me atormentar...

– Eu não vim aqui para te atormentar, não vim aqui vê-la, pelo amor de Deus! – Ray explodiu exasperado.

– Não use o nome Dele, Richard! Perdeu esse direito quando escolheu esse seu caminho sujo.

Ray revirou os olhos.

– Elizabeth, vamos embora, eu cansei disso aqui.

– Você poderia ter tentando compreender – eu disse à Brianna. – Ter apoiado o seu filho.

A socialite riu com gosto.

– Ah, é? E você queria que eu tivesse feito o quê? Emprestado as minhas roupas, minhas maquiagens e batons para ele?

– Eu continuo sendo homem, mamãe – murmurou Ray entredentes. – Não quero virar uma mulher, não gostaria de ser uma. Esse não é o meu caso.

– Homem que gosta de homem? – Brianna destilou com desprezo.

Viu? Agora você finalmente está entendendo, obrigada! – Ray deu um sorriso e segurou o meu braço, já virando-se de costas. – Vamos, Lizzie...

– Você é um desgosto, sabia? Para mim e para o seu pai – Brianna falou olhando diretamente para Ray. O meu amigo parou, abatido e sem reação. Seus olhos se encheram com lágrimas, as quais ele até tentou conter, ainda meio virado de costas para a mãe. – Você, Richard...

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