11.

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Talvez os meus amigos tivessem razão. Eu precisava parar de ser tão impulsiva. Isso definitivamente já me levou para a cadeia uma vez e há grandes chances de me levar de novo.

A prova viva disso estava bem ali na minha frente. Homero Smith caído no chão enquanto Slender e o Ruivo Assediador olhavam para mim como se eu houvesse cometido um crime. Eu tinha cometido um crime, mas eles não sabiam disso.

Vamos voltar essa fita para o início.

Quando cheguei na mansão de Slender – a casa mais ostensiva que eu já tinha visto –, entrei pelas portas dos fundos e me vi numa cozinha abarrotada de pessoas. Parece que a festa já havia começado.

- Você! Está atrasada! Três garçonetes faltaram hoje! Três! Era tudo que eu precisava. Uma das festas mais importantes do ano e isso me acontece! – uma mulher baixinha de cabelos escuros veio marchando na minha direção. Ela me agarrou pelo braço, pegou a minha bolsa e jogou em um canto. Pelo menos eu tinha certeza que as roupas pretas parecia com o uniforme dos garçons e garçonetes que trabalhavam para ela. A mulher colocou uma bandeja de salgadinhos nos meus braços  e me empurrou em direção das portas duplas da cozinha. – Conversamos sobre o pagamento depois. Primeiro, sirva as mesas e anote os pedidos dos convidados.

Ela enfiou um bloco de notas no meu bolso e me enxotou para fora da cozinha. De repente, eu havia emergido em um enorme salão decorado de dourado e preto. A música clássica soava pelo ar junto com o cheiro de vários perfumes importados  misturados.

Precisei de alguns segundos para me estabilizar e repassar o plano em mente. Depois que servisse aquelas mesas, voltaria para cozinha e pegaria na bolsa o gravador e o mapa da casa. Despistaria a mulher baixinha e daria um jeito de encontrar o escritório de Slender.

Em alguns minutos servi as mesas com salgadinhos, feliz por ter prendido o cabelo em um rabo de cavalo e tirado as lentes de contato, substituindo-as pelos meus trágicos óculos de grau.

Eu tinha esquecido o quão o meu grau de miopia era alto. A lente era tão grossa que pesava na ponte do nariz. 

Pensando bem, até que fazia sentindo eu não ter tido tantos namorados no colégio. Juntando ao fato de que eu era a filha do diretor....

- Garçonete! – um senhor me chamou.

Lamentei por dentro enquanto sorria por fora. Estava quase voltando para cozinha e colocando o meu plano em prática!

- Em que posso ser útil? – fui até ele e tentei ser o mais cordial possível.

- Para o jantar, eu vou querer o salmão ao molho de ????  – as interrogações são por que não entendi o nome do molho. Sempre me perguntei o motivo pela qual ricos tendem a complicar os nomes de comida.

- Claro, salmão ao molho de... Ao molho, sim? – repeti dando um sorriso amarelo e anotando o pedido. Ou fingindo anotar. – Mais alguma coisa?

- Para sobremesa um... – ou entendi errado o aquele senhor queria um mouse de grama (?) com calda de... Era melhor só balançar a cabeça e fingir saber do que ele estava falando.

- Anotado! – garanti a ele.

- Ponha no nome do Sr. Stedman Graham.

Meus olhos quase saltaram das órbitas.

- Ai, meu Deus. Você é o marido da... Oprah? – minha voz saiu um ruído fino quando disse nome dela.

O homem sorriu.

- Sim, querida, sou eu.

Meu coração falhou uma batida.

- Ai meu Deus! – sussurrei baixinho, começando a ter um ataque. – A... Oprah está aqui?

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