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Eu estava tentando arduamente manter a calma. Mas, sinceramente? Era praticamente impossível dada à minha situação atual.

Fiquei alguns minutos paralisada pelo medo, sem conseguir me mexer. Só o meu coração trovejava no peito, batendo nas costelas tão forte que doía.

Do lado de fora da janela o cenário era irreconhecível, as árvores da estrada de Long Island diluíam-se com céu, tudo se misturava como um borrão em minha mente.

Minhas mãos estavam apoiadas no banco ao lado, garantindo a minha estabilidade. Eu precisava ser racional e torcia para conseguir. Enquanto isso, o carro praticamente voava pela pista, indo perigosamente rápido. Se Jill pretendia matar a nós dois, estava no caminho certo... Eu precisava convencê-lo a diminuir a velocidade.

Vamos, Lizzie, você consegue. Por favor, tente.

– Jill...

– Cala a porra da boca – o homem vociferou. – Eu não dei permissão para falar, dei?

Mordi a língua e me contive. Jill me encarou pelo retrovisor e riu.

– Você está pálida, Elizabeth. E eu ainda nem comecei. Sabe o vamos fazer hoje? Sabe o que eu vou fazer com você hoje?

Permaneci em silêncio. Decidi que quando ele estivesse distraído eu ligaria para a polícia. Não ousei olhar para o celular antes do momento certo. Mantive os olhos na janela. Estava conseguindo, estava sendo racional e pensando em maneiras de escapar. Você consegue, respira fundo.

– Agora você pode falar, imbecil, porque estou dando permissão. Responda a minha pergunta.

– Eu não acho que isso seja...

– Responda a droga pergunta!

O meu celular era do FBI. Eles iriam me rastrear e com sorte Rivers chegaria a tempo. Eu só precisava enrolar Jill até lá. Você só precisa pensar racionalmente. Arranjar uma maneira de fugir... Por favor, Rivers, chegue logo.

Eu não estava armada, nem com spray de pimenta ou qualquer coisa útil. A única arma em potencial na minha bolsa era a caneta esferográfica enfiada no meio da minha agenda.

– Não, eu não sei o que pretende fazer comigo hoje.

Jill Tretton gargalhou. 

– Aaaah, Lizzie! Você é uma garota esperta, coloque essa linda cabecinha para pensar! – ele cantarolou e lançou um olhar proposital ao banco do carona.

Segui seu olhar e senti vertigens, pancadas do puro instinto de medo me atingindo. Eu não queria ser racional. Queria chorar e gritar, entrar em desespero. No entanto, recusei-me a sucumbir, mesmo conseguindo ver que nas sacolas de Jill havia um galão de dois litros de gasolina e provavelmente fósforos.

Jill iria fazer comigo a mesma coisa que fiz com ele.

– Vai me queimar viva?

– Não só isso, querida – ele balançou a cabeça com vontade. Estava fora de si, completamente insano. Socou o volante repetidas vezes e continuou vociferando: – Seria muito pouco. Ninguém toca em um Tretton e sai ileso. Ninguém. Principalmente uma vadia como você, que usa amostra de perfume e um lampião para me incendiar e acha que vai conseguir se livrar de mim. Perfume e um lampião? Garota, aquilo foi um insulto!

Jill devaneava, sem prestar atenção em mim. Ele estava tão desequilibrado que nem ao menos pediu o meu celular ou a minha bolsa. Agia de forma imprudente, deixando detalhes cruciais passarem. Mesmo assim, continuava sendo perigoso, talvez ainda mais do que se estivesse são. Seu olhar às vezes se perdia e o carro saia da estrada por alguns segundos.

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