8.

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Abri um dos olhos e me virei, dando de cara com os mesmos sapatos de couro preto do dia anterior. E eles nunca foram de Slender.
Inferno, eu era mesmo a pessoa mais azarada do mundo.

Fui subindo lentamente o olhar, ainda agachada no chão, passando pelas calças que lhe caiam perfeitamente bem, paletó, gravata... E o rosto.

- Ah, maldição. – gemi arregalando os olhos para o Sr. Mal Humorado. O mundo poderia ser mais cruel? Tinha de ser justamente ele? Sem saber o que dizer ou fazer, disparei: – O que você está fazendo aqui?! Esse não é o seu quarto!

Ele apenas inclinou a cabeça para o lado e sorriu.

- A pergunta mais apropriada seria: O que você está fazendo no meu quarto? – ele trocou o peso do corpo de perna e enfiou as mãos no bolso, muito calmo e contido. Cheio de si. Era tão seguro que chegava a ser irritante. – Ah, por que eu não estou surpreso de encontrar justamente você aqui? Eu posso estar errado, porém você parece ter um imã para problemas. Mas, voltando a questão: Por que você está no meu quarto, Cupcake?

Iria pedir que ele parasse de chamar pelo nome de uma sobremesa, além do mais estava ficando com fome, só eu não tinha voz. A surpresa havia roubado minhas palavras. Tudo que conseguir dizer foi:

- Como?

A testa dele encheu-se de sulcos. Seus olhos brilhavam com esperteza.

- A pergunta é muito vaga, seja mais específica.

O Mal Humorado era Homero Smith, isso já havia entendido e aceitado. Mas eu tinha plena certeza de aquele ser o quarto de Slender.

- Este deveria ser o quarto de Marco Slender, não seu. – expliquei. – Eu tinha certeza. Slender pagou pelo quarto com seu American Express Black Centurion e pegou uma das melhore suítes. – fiz um gesto com as mãos que abrangia o quarto: ele era digno de uma boa estadia. Luxuoso e muito espaçoso. – Por que você está aqui?

Homero suspirou e começou andar de um lado para o outro, seu dedo tocando o queixo enquanto ele lançava um olhar ocasional para mim.

- Vou explicar somente porque fiquei com pena do quão perdida você parece estar. Sinceramente, Cupcake, se quer espionar alguém faça o dever de casa. – repreendeu. Eu arquejei. Quem disse que eu estava espionando?! – Slender de fato pagou pelo quarto, mas como um presente para mim.

- E como eu ouvi a voz dele ontem aqui neste quarto, depois da conferência? Eu sei que Marco Slender esteve aqui. – parei um momento, e falei mais para mim mesma do que para Homero: – Oh, isso explica as belas panturrilhas.

Arregalei os olhos e tapei a boca assim ouvi o que eu mesma tinha dito. Homero me fitou por longos segundos, sem entender.

- Espera, como você... Panturrilhas? – balançou a cabeça e riu. – É melhor eu não saber. Quanto a voz de Slender, ele me acompanhou até o quarto, só isso. E agora, está na hora de você me dar algumas respostas. Eu preciso saber, Cupcake, o que está fazendo aqui?

Abri e fechei a boca, tentando pensar em algo para dizer. Empertigue-me e deslizei o gravador junto com a carta para o meu bolso sem que ele percebesse.

- Do que você está falando? Eu trabalho aqui. Estava só limpando o seu quarto. – ri e me levantei ajeitando a passadeira em minha cabeça e ajustando o vestidinho. Sabia que era uma mentira absurda, depois da pequena conversa que tivemos, mas não havia pensando em nada melhor para dizer.

Passei por ele, tentando chegar até a porta, mas estaquei no meio do caminho quando Homero comentou:

- Elizabeth Scott. – disse triunfante. - Não precisa tentar fugir, sei que você é uma jornalista. E tem algo que me pertence no seu bolso, não pense que não vi.

Tudo Pela ReportagemWhere stories live. Discover now