18.

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Ele ficou me encarando à meia luz da lanterna com um sorrisinho incrédulo. Coçou o queixo e passou as mãos pelos cabelos loiros e bagunçados. Tinha os mesmo olhos claros de Slender, o nariz fino e afunilado.

Estiquei o pescoço para a porta atrás de mim, pensando qual seria a probabilidade de sair correndo e Jason me alcançar.

- Nem pense nisso. – ele foi até a porta e a fechou, mas não trancou.

- Eu posso explicar, eu juro que há um bom motivo para... Isso. – comecei. Jason balançou a cabeça, levantando o dedo e pedindo silêncio. Suspirei e balancei-me sobre as botas pesadas.

Os contratos dobrados dentro da minha blusa fizeram um barulho de papel amassado; fiquei estática na mesma hora, rezando para que Jason não percebesse.

Ele finalmente parou de perambular pela sala e se virou para mim:

- Eu queria mesmo acreditar que está aqui para me ver, mas seria muito ingênuo se pensasse isso. – concluiu falando mas consigo mesmo do que comigo. Fiquei parada na mesma posição estranha quase sem respirar para que os papéis não fizessem mais nenhum barulho.

Seria uma ótima hora para o meu cérebro me iluminar com uma ideia, uma boa mentira. Mas o que eu poderia fazer? Fui pega no flagra, no escritório de Slender. Jason somaria um mais um e descobriria.

– Então, Lindsey, não é esse o seu nome?, o que está fazendo aqui?

A pergunta dele ficou sem resposta. Eu abri a boca para responder, prestes a dizer alguma besteira do tipo: Sim, era isso: você é irresistível e eu o quero agora mesmo. Beije-me!

Reconsiderei, achando que talvez Jason levasse o pedido a sério. Era melhor não pagar para ver. Cruzei as mãos e dei um sorriso frouxo.

Vamos lá, Lizzie. Você sempre tem uma mentira na manga... Se esforce.

- Bom, se você não vai me dizer, vou ter que adivinhar. – antes que eu pudesse falar qualquer coisa Jason se afastou de mim caminhando pela sala escura e girando a lanterna.

- É...

– Só tem quatro pessoas nesse prédio. – ele não estava mais interessado no que eu tinha a dizer. Estava formulando a própria teoria, que provavelmente chegaria na conclusão óbvia: eu estava "espionando" o seu pai. - Homero, o segurança de Homero, os quais encontrei lá embaixo, você... E eu.

Ai, ele estava chegando lá. Engoli em seco; meu cérebro continuava vazio, nenhuma ideia. Nada. Nadinha. Nenhuma maneira de fazer Jason acreditar em mim.

- Eu só posso concluir que você e Homero... – ele parou e apontou para mim. Fechei os olhos, esperando pela acusação, meu coração acelerando com a tensão. – Estão tendo um caso!

O quê?

- Hãn? – balbuciei surpresa. É sério? Esse garoto só podia estar brincando.

- Não se faça de desentendida. Você é uma secretária espertinha que quer subir na vida. Se não conseguiu o filho do Presidente, foi atrás do Vice-Presidente! – Jason riu, maravilhado consigo mesmo pela teoria.

Claro, o garoto tinha de chegar a conclusão de que a mulher é interesseira. Ele voltou a ficar sério segundos depois.

Mas, isso não explica o porquê estava na sala do meu pai. Ou o motivo pelo qual me deu o bolo naquele dia. Docinho, eu não sou ciumento, não me importo em dividir. – Jason deu um passo na minha direção e eu fiz o mesmo, só que para trás, por puro reflexo. Esbarrei na mesa de Slender e derrubei um retrato. Droga. O sorriso de Jason aumentou. – Está com medo, Lindsey?

Tudo Pela ReportagemWhere stories live. Discover now