15.

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Acho que nunca desejei tanto a morte de alguém. Acho que nunca desejei tanto matar alguém. Nem mesmo Nancy Billstone, a garota que tornara minha infância um horror e colocara chiclete no meu cabelo quando eu tinha seis anos.

Mas Homero Smith havia conseguido a incrível façanha de ganhar da Nancy na Escala de Ódio Eterno da Lizzie. Também conhecido com a minha lista negra. Ou o meu Death Note.

A verdade é que eu só não estava gritando e quebrando tudo ao meu redor por causa do Joey. Eu precisava fingir que era uma pessoa centrada e sobre o controle das minhas faculdades mentais para o meu chefe.

Dei um longo suspiro e consegui até rir enquanto Joey encarava o gravador sem entender. Levantei um dedo, ainda sem dizer nada.

- Pequeno mal entendido. O qual eu vou resolver agora. – disse a última palavra entredentes deixando um pouco da raiva possessa que sentia vibrar para fora. Mas eu não ia gastá-la muito naquele momento. Estava guardando a raiva para Homero Smith.

Peguei o gravador e sai da sala do Joey pisando tão firme que doía a sola dos pés. Passei pelo reservado e agarrei a minha bolsa.

- Lizzie! Onde está indo? – Ray perguntou erguendo a cabeça acima da divisória.

- Cometer um assassinato. – retruquei.

- Pobre Homero! – lamentou. Lancei um olhar furioso na direção do meu amigo. Ray engasgou e se retratou: - Quer dizer, homem terrível e vil! Acaba com ele! Mas não acerta o rosto, é tão bonito...

- Volto em algumas horas.

Para o azar de Homero eu sabia exatamente onde ficava a sede da World Slender P&N: Na rua Oeste do Central Park, um prédio moderno e bonito feito de vidros escuros. Fora uma das primeiras coisas que me certifiquei de anotar no começo da investigação.

E graças à pasta laranja, eu também sabia o andar em que o vice-presidente se encontrava. Dei um sorriso sombrio enquanto encarava o prédio do lado de fora.

29º andar.

Homero Smith mal podia esperar.

*

Sem muitas cerimônias, eu entrei pelas portas duplas e parei no meio saguão, procurando pelos elevadores. Havia uma bonita sala de espera e um balcão de cromo à minha esquerda. Ignorei-o e segui pela direita, para os elevadores.

Apertei o botão para o 29º andar talvez forte demais. A música ambiente estava começando a me deixar ainda mais irritada e com vontade de socar alguém. Como se eu não tivesse tal vontade acumulada dentro de mim o suficiente.

Enquanto o elevador subia continuei de costas para a vista panorâmica, equilibrando-me nas sapatilhas, indo para frente e voltando, tentando focar na raiva e não da vertigem que sentia em lugares pequenos como naquela moderna caixa de metal.

O elevador parou e eu finalmente cheguei ao andar que queria. Dei um salto para fora e me vi em um saguão ainda mais bonito que o da recepção. As janelas tinham uma vista incrível do Central Park inteiro. Sofás azuis escuros estavam posicionados exatamente para lá. Do outro lado do saguão havia três portas.

- ... desculpe, o Sr. Smith não pode atender ninguém agora. – ouvi a recepcionista dizendo ao telefone. – Sim, é claro que eu darei o recado. Obrigada, tenha um bom dia.

Eu andei até  a jovem mulher de cabelos escuros e coloquei as minhas mãos suavemente sobre o balcão.

- Oi. – sorri para ela. Um sorriso que provavelmente deve ter soado forçado e paranoico. – Eu gostaria de falar com o Homero. Elizabeth Scott.

Tudo Pela ReportagemWhere stories live. Discover now