Renesmee

Capítulo 15 - Reencontro

Soltei a respiração que não sabia que estava presa e perguntei o que nenhum de nós conseguiu.

- O que ele quer? - Sussurrei com a voz falhando.

- Ele quer nos ver. - Alice olhou para meus pais que haviam acabado de chegar e depois para mim. - A todos nós.

Meu pai mantinha a testa enrugada assim como Jasper, e eu podia sentir alguns olhares na minha direção e na de Nahuel, que não esboçava nenhuma reação além da confusão que todos compartilhavamos.

- O que ele pretende com isso? Morrer? Depois do que aconteceu em Forks todos esperam mais uma oportunidade de arrancar a cabeça dele fora. - Emmett se pronunciou, estalando os dedos das mãos como geralmente fazia quando estava agoniado com algo. - Poderíamos muito bem contatar novos aliados, o que não falta é vampiro querendo derrubar os Volturi do trono.

- Emmett! - Esme repreendeu, abraçando seu próprio corpo, não gostando da sua idéia de uma luta.

- Ele não se movimentariam se fosse correr algum risco. - Edward afirmou o que na minha cabeça já era óbvio.

- Aro tem alguma carta na manga, cabe a nós descobrir qual. - Jasper pensou alto.

- Nós não precisamos ir. - Esme disse apreensiva. - Podemos declinar no convite gentilmente, não precisamos nos expor.

Alice pigarreou, atraindo os olhares de volta a seu rosto pequeno.

- Esme, não acho que ele esteja nos convidando para ir na Itália. Ele que quer vir a Quilcene.

Rosalie arfou apertou mais Nita no peito.

- Eles não vão gostar de ver Nita. Ele pode achar que eu quero transformar ela. - Seus lábios tremiam, era a primeira vez que eu a via assim.

Emmett abraçou as duas com um olhar preopado.

- Ele sabe que não temos intenção nenhuma de fazer isso. Nós prezamos pela humanidade dela mais do que ninguém. - Afirmou Emmett. Acredito que mais para si mesmo do que para Rosalie.

A tensão no ar se dissipou um pouco quando o carro de Carlisle chegou, parando em frente a casa ao ver todos reunidos no jardim, ele sempre nos dava uma enorme sensação de segurança.

- Eu explico, Carlisle. - Papai se prontificou antes que vovô perguntasse a todos o que estava acontecendo. Demos um pequeno sorriso de incentivo quando os dois entraram em direção ao escritório.

Minha garganta arranhou de sede. Fazia tempo que não caçava e agora com Nita por perto não poderíamos nos descuidar.

- Tio Jasper. - Chamei, sabendo que ele era o que mais sofria com isso. - Quero caçar, me acompanha?

Ele rapidamente se prontificou, assim como Jacob, que sempre me acompanhava.

Corremos pela floresta e só o que se escutava era o som das patas de Jacob no solo e nossa respiração pesada - não de cansaço, mas de preocupação. Novamente, por minha causa, minha família estava exposta. Por mais que Aro não dissesse explicitamente, eu sabia que ele estava vindo me buscar, assim como minha mãe, Alice e papai.

Estanquei, afundando meus pés no solo escuro da floresta. Tio Jasper e Jacob pararam logo em seguida, alguns metros depois e viraram com o rosto confuso para mim.

- Renesmee? O que aconteceu, criança? - Jasper perguntou, percebendo a teia irregular de sentimentos em mim.

- Nós não podemos ficar parados esperando Aro vir até nós. Precisamos chamar nossos aliados, precisamos nos preparar para a mente perversa dele. - Despejei de uma vez sem perceber as palavras saindo da minha boca - Tio, por favor.

Jacob voltou a forma humana sem se importar em permanecer nu.

- O que você quer fazer? - Perguntou Jake, cúmplice.

- Primeiro preciso que Jasper controle os pensamentos, volte, e pegue tudo o que precisamos para contatar quem precisamos. Meu pai não pode sonhar que isso está acontecendo. Alice não vai ver de forma nítida de qualquer forma, porquê Jacob está obstruindo sua visão, e posso apostar que ela está direcionando todo seu foco para os Volturi, talvez nem veja nada sobre isso aqui agora. - Suspirei e fechei os olhos por alguns segundos, tentando organizar o plano que eu nem sabia que estava se montando dentro de mim. - Por favor, Tio Jasper. Não podemos correr esse risco novamente, você sabe que não podemos.

Ele ponderou alguns segundos.

- Com uma condição: Eu vou junto. Não vou deixar você tão desprotegida assim. - Enrugou a testa. - Alice vem também, ou ela me mataria por deixar ela fora disso.

Assenti rapidamente.

- Te esperamos naquela clareira ao sul. - Informei. - Não demorem.

Ele passou a mão nos meus cabelos de modo amável e passou um olhar feio para Jacob.

- Espero não te ver pelado novamente, pulguento. - E saiu quase voando antes que Jacob pudesse responder.

Sorri tentando descontrair. Olhei para Jake.

- Não posso dizer o mesmo, espero te ver pelado muitas vezes. - Sorri maliciosa. Ele veio para o meu lado mas eu tive que impedir - Mas amor, agora preciso de você como lobo. Se meus pais descobrirem nós precisamos partir antes que eles nos encontrem.

Ele suspirou vencido e deixou seu corpo se transformar no lobo castanho avermelhado que eu tanto estava habituada.

Corremos para a clareira que tínhamos combinado e ficamos parados como estátuas, tentando escutar o máximo que nossos ouvidos permitiam. Depois de quase uma - interminável - hora, Jasper e Alice se chegaram carregando pequenas mochilas.

- Renesmee Carlie Cullen, pode me explicando agora que história​ é essa! - Alice exclamou.

- Explico, mas por favor, depois que estivermos a uma distância segura daqui.

- E para onde vamos agora? - Perguntou Jasper.

- Procurar os nômades, espalhar a notícia, contatar os Denali. Precisaremos de todos. - Informei.

- Então precisamos nos separar. - Alice disse o óbvio com um pouco de medo. - Vou com Jacob para o Sul, você é Jasper irão até a costa leste procurar os nômades.

Jacob se inquietou com a ideia de se separar de mim.

- Não ouse reclamar Jacob, quem irá ensinar Renesmee a lutar se encontrar alguém indesejado no caminho? Fora isso, se você estiver com ela não conseguirei ver direito o que vai acontecer. - Alice soltou rapidamente. - Agora se apressem, não desgrudem do telefone. Se eu conseguir ter uma visão de algum nômade eu aviso.

Me deu um abraço rápido sussurrando um "tome cuidado" e deu um beijo em Jasper.

Sumimos em direções opostas.

Estávamos correndo para o Leste e o logo não tínhamos mais a proteção das florestas e não poderíamos mais correr.

- Vamos pegar um carro. Venha e fique quieta. - Tio Jasper disse e caminhou para fora da floresta comigo em seu encalço. Estávamos próximos de um supermercado e o estacionamento estava parcialmente cheio, ainda estava no final da tarde e quase ninguém passava por ali.

Nos aproximamos de uma BMW X1 preta. Eu olhava em volta enquanto Jasper fazia seu trabalho melhor do que qualquer ladrão de carros do país, sem disparar o alarme e com a maior tranquilidade do mundo.

- Entre. - Ordenou quando a porta se abriu. Corri para o outro lado e em menos de cinco segundos estávamos em movimento.

Meu celular tocou. Tio Jasper e eu trocamos um breve olhar, era meu pai.

- Oi pai. - Atendi.

- Por favor, me diga que você está vindo para casa. - É claro que ele havia descoberto, e estava bem nervoso pelo tom da sua voz.

Suspirei.

- Eu irei. Mas não agora. Tranquilize a mamãe, vai dar tudo certo. Tchau, pai.

Antes que eu desligasse pude ouvir a voz dele.

- Estou indo atrás de você agora!

Abri o vidro do carro e arremessei o celular com toda a força que pude, agarrei o celular que estava no bolso de Jasper e fiz o mesmo.

- Precisamos parar no próximo posto para comprar um celular novo. - Disse.

Tio Jasper voava pelas estradas e pelo que percebi estávamos saindo do estado.

- Para onde vamos?

- Montana. Depois Las Vegas, Texas e New York. - Informou.

- Não sabia que tínhamos aliados em Vegas e NY. - Comentei enquanto olhava a estrada ao nosso redor.

Ele sorriu daquela forma zombeteira que eu adorava.

- Nós não temos. Estou contando com sua enorme facilidade de fazer amizades. São os estados com mais vampiros por metro quadrado no país. Principalmente em Vegas.

- Vampiros em cassinos... Não consigo imaginar isso dando em algo bom. - Sorri com o pensamento.

Paramos no posto seguinte, abastecemos o carro e compramos celulares novos. Disquei o número de Alice olhando novamente a estrada. Ela atendeu no primeiro toque.

- Eu imaginei que vocês jogariam os celulares fora. Farei o mesmo e passarei o novo número para vocês. - Ela tagarelou.

- Alguma visão? - Perguntei.

- Ainda não, mas não se preocupe, vai dar tudo certo. Já liguei para os Denali e contatamos a alcatéia. Kate e Garrett se ofereceram para nos ajudar a procurar por aliados, prometeram achar a tia de Nahuel na África. - Informou.

- Como procuraremos na Europa? Aro deve ter pessoas em todos os lugares. - Murmurei mais para mim do que para ela.

- Vamos passar apenas pela Grã Bretanha, fique tranquila. Você não passará nem perto de lá. - Ela deu um pausa e pude ouvir ela dizendo para Jacob que eu estava bem - Na verdade, acho que depois vocês vão para a Ásia, mas eu falo com vocês quando estiver mais claro.

- Ok, obrigada tia Alice.

- Tchau, querida. - Ela desligou antes que eu pudesse me despedir.

Tio Jasper me deu um sorrisinho e passou as vibrações mais calmas que podia para mim. Sorri levemente e me acomodei melhor no banco. Teríamos muita estrada para percorrer.