Renesmee

Capítulo 37 - Sentimentos embaralhados

Jacob

Passei a madrugada na varanda olhando para o lago tentando adquirir a calmaria daquelas águas escuras sem muito sucesso.

Minha cabeça rodava em loop pelas memórias que Renesmee me mostrou.  Eu revia o beijo de novo e de novo e de novo, como uma tortura que não acabava. Seus pensamentos eram embaralhados e as sensações estavam disputando espaço devido o álcool em excesso que ela havia ingerido. Ao mesmo tempo que ela sabia o que ela estava fazendo ela não sabia. Como eu poderia julgar isso?

O foda é que isso só me deixava mais inseguro. Tudo só me deixava mais inseguro. Então bastavam algumas gotas de bebida que ela esquecia o que a gente tinha e o sentimento dela por mim sumia? Eu teria que ter medo de ser traído novamente? Embrulhava o estômago estar sentindo coisas tão semelhantes como quando eu era apaixonado por Bella mesmo que a situação fosse completamente diferente. Que carma o meu.

Em meio aos meus pensamentos agonizantes, me distrai ao ver um corpo se aproximando ao longe, caminhando sem pressa até a frente da minha varanda. Era Jasper. Eu tinha aprendido a gostar dele. Gostava do seu jeito caladão e não invasivo, ele sabia respeitar o meu espaço e eu me sentia confortável perto dele. Aprendi até a ver o lado bom de ter as emoções controladas, inclusive agora seria ótimo.

- Hey, Jacob. - Ele parou de frente para mim. - Sem sono?

- Oi, mordidas. - Olhei o céu estrelado. - Estou só precisando entender o que estou sentindo. Pode dar uma mãozinha?

Ele riu daquele jeito contido dele.

- Acredito que dessa vez esteja complicado até para mim. Precisa se acalmar, Jacob. Não preciso chegar até aqui para saber o quão tenso você está. - Ele deu uma pausa e olhou para o segundo andar da casa. - Renesmee também. Nem dormindo ela consegue relaxar.

Olhei para o teto por alguns segundos e respirei fundo.

- Me diga o que ela estava sentindo, Jasper. Eu preciso saber mas nós estamos tão... Distantes. - Confessei.

- E você não acerta logo as coisas entre vocês por que...?

- Estou inseguro. E essa é uma sensação que eu não aprendi a lidar.

Ele apoiou os braços ao meu lado, se inclinando em direção a varanda, olhando atentamente para algum ponto na madeira como se estivesse lembrando de algo.

- Sabe como conheci Alice? - Perguntou. Balancei a cabeça negativamente já ficando curioso, eu geralmente adorava as histórias de Jasper e ele raramente as contava. Ele continuou - Em uma lanchonete.

Fiz uma expressão confusa e ele riu.

- Improvável, não? Algo me atraiu para aquele lugarzinho. Eu estava perdido na minha existência na época, tinha saído do exército de Maria e simplesmente não conseguia achar um sentido para continuar vivendo. Alice sabia que eu entraria naquela lanchonete antes mesmo que eu soubesse que algum dia iria parar naquela cidadezinha. - Ele deu um breve sorriso. - Quando eu a vi era como se meu coração tivesse ganhado vida novamente. Ela pegou meu braço como se já tivesse feito isso mil vezes e nós saímos dali como se nós conhecêssemos a séculos. Foi o sopro de vida que eu procurava e, por mais que eu me sentisse completamente conectado a ela de uma forma que eu nunca poderia imaginar, uma pergunta sempre voltava a se repetir em minha cabeça: e se ela tiver uma nova visão, com algum outro vampiro que seja muito mais correto para ela do que eu? Afinal eu tinha o pior passado possível, não sabia estar em um relacionamento e ela precisou me ensinar tudo sobre ser alguém bom. Entende? Segurança se constrói com o tempo Jacob, e com inúmeras atitudes em prol dos dois. Vocês começaram agora, tenha paciência.