Capítulo 36 - Eco

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Jacob

Eu literalmente não podia ter um minuto de sossego. Mal havia chegado a La Push e Seth estava me infernizando com o que ele viu em meus pensamentos. Eu tinha voltado a forma humana justamente para não escutá-lo praguejar como um velho em meu ouvido sobre coisas que não o diziam respeito, ele não sabia o que estava acontecendo, ele não entendia que eu tinha sido traído, ele não imaginava como aquilo havia me quebrado por inteiro. Quando eu finalmente, pelas leis da magia quileute, encontro a minha alma gêmea, a pessoa com quem passarei o resto da minha vida, terei lobinhos e serei feliz - BUM - ela me trai. Está pra nascer mais azarado que eu.

- Jake, você precisa voltar, cara. Nessie deve ter uma explicação e é claro que

- Seth. - Chamei, colocando os dedos em minhas têmporas para tentar me acalmar e não separar sua cabeça do resto do seu corpo. - Eu preciso ficar sozinho. Então, pelo amor de Deus, arrasta essa bunda sarnenta até a sua casa e me deixa em paz por pelo menos algumas horas.

- Mas Jake...

- Eu não te chuto para fora da minha casa apenas por puro respeito a sua mãe, então não abuse da minha paciência. Agora eu não quero mais ver a sua cara por pelo menos doze horas, não quero saber de você, não quero ouvir sua voz e se eu sonhar que você está pensando em me procurar eu mando Rosalie te enviar pra Lua com passagem só de ida, o que eu aposto que a sanguessuga vai fazer com muito prazer.

Olhava firme para ele, que sem opções a não ser acatar a ordem de um alfa, abaixou os ombros e foi embora. Sabia que ele não me obedeceria completamente, ele nunca obedecia. Mas pelo menos eu ia conseguir ficar sossegado por algum tempo.

Estava sozinho em casa. Billy tinha ido pescar com Charlie logo após minha chegada. Ele entendeu que eu queria ficar só com meu pensamentos e não fez muitas perguntas sobre o que havia acontecido. Nem sonhava que eu quase havia morrido e eu pretendia deixar sua inocência em relação a isso intacta. Agradeci mentalmente quando ele saiu, conhecia meu velho, ele sabia quando algo estava errado e sempre arranjava um jeito de descobrir o que tinha acontecido.

Depois de ficar algum tempo deitado na cama olhando o teto do meu quarto esperado uma força divina mandar a solução para a piada de mau gosto que minha vida havia se tornado, decidi que fazer nada estava sendo a pior coisa para mim. Já havia chorado, entupido e desentupido o nariz inúmeras vezes, então estava me recusando a passar pela fossa trancado no quarto - que pra piorar a situação ainda tinha um leve cheiro de Renesmee devido o quarto em que ela costumava dormir ser do lado do meu.

Achei que ar fresco ia ajudar a clarear os pensamentos, então peguei a moto e sai sem rumo definido pela cidade, apenas aproveitando a brisa do final de inverno no meu rosto.

Acabei saindo dos limites de La Push para evitar rostos conhecidos, indo em direção a estrada de Forks. Foi inevitável não passar pela antiga casa de Bella. Encostei a moto ao lado da viatura de Charlie e fiquei observando tudo sem saber ao certo o que pensar. Tudo tinha começado ali, naquela antiga caminhonete vermelha, com a humana desajeitada, mesmo que nós não soubessemos na época o que tudo seria.

Tive vontade de pular a janela do seu quarto como já havia feito antes, mas ele estava fechado. Imaginava que Charlie devia ter deixado o que sobrou do seu quarto no lugar. Ele sempre foi saudoso e babão em relação a ela. Respirei fundo observando cada detalhe como se guardasse toda aquela cena na memória e subi na moto novamente, dessa vez indo para a antiga mansão dos Cullen.

A grama ao redor da casa estava alta, o jardim tão bem cuidado por Esme estava tomado por ervas daninhas e a varanda estava cheia de folhas secas. Me aproximei o suficiente para ver os móveis cobertos por lençóis brancos. Até toda empoeirada e vazia aquela casa era bonita, tirando a parte que ainda fedia ao doce perfume dos antigos moradores.

RenesmeeOnde histórias criam vida. Descubra agora