O psiquiatra.

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A moça loira continuou contida na cama por um longo tempo. Seus gritos por ajuda foram prontamente ignorados por todos. As necessidades fisiológicas gritavam e por isso a urina molhou o colchão fino quase totalmente. 
O seu psiquiatra finalmente chegava e fez questão de entrar no quarto fedorento onde ela estava. O homem parecia ter por volta dos seus quarenta anos, usava uma camisa social branca e uma gravata preta por dentro do jaleco branco impecável. Seus olhos pareciam a luz refletida de um copo de whisky, algo esverdeado e que fazia menção a um vidro. Estes olhos eram apertados por rugas que a vida lhe deu, sua barba estava por fazer, com alguns pequenos pedaços falhados na sua cor original castanho escura, tendendo facilmente para o grisalho. Seus lábios apertados entortaram-se ao ver a jovem tão deplorável.
Sou Adib Jatene, seu psiquiatra. 
 Eu sou Sarah! Eu quero ir pra casa! Quero ir embora! – Ela volta a se debater. Seus pulsos feridos com bolhas já estouradas deixam escorrer um líquido claro misturado com sangue. 
O homem se aproxima da moça depois de bufar, então olha nos seus olhos azuis claros tão assustados ressaltado pelas sardas que tomavam suas bochechas e nariz. 
Abra a boca, Sarah. Vou te medicar. – Ela fechou a boca com força. Não queria tomar nada, seus pais sempre lhe disseram que não deveria tomar remédio. Ela acreditava que não precisava disso, então negava com a cabeça diversas vezes. Em um ímpeto arregalou os olhos e negou com mais força. O homem acredita que ela esteja ouvindo vozes, então questiona. – A voz mandou você não tomar? 
Ela arregalou os olhos ainda mais. Ele conhecia a voz? Então a jovem concorda com a cabeça, sem nem mesmo cogitar abrir a boca.
– A voz manda, mas o corpo é seu. Ela não tem poder sobre ele. – Explica simplesmente o homem, mas a moça parecia não concordar. A paciência do psiquiatra não era a das maiores, então usa uma das técnicas que aprendeu assim que se formou. Forçou o maxilar dela com os polegares bem na região onde se encontrava com a mandíbula e a boca abriu-se quase imediatamente apenas para o tempo de ele colocar o comprimido e agora forçar a boca para mante-la fechada. Não causou dor alguma, mas a moça se contorcia, tentava cuspir desesperadamente. Ao final a exaustão venceu e ela engoliu. Seu choro era ainda maior, estava assustada tanto quanto podia. Seus olhos molhados pelas lagrimas fizeram os curtos cílios ficarem maiores.
Não demorou muito para que a medicação a vencesse e finalmente Sarah parou de resistir. Seus olhos pesados e fora de foco não a deixavam entender o que acontecia.
– A voz vai falar menos com você. – Explica rapidamente, mas a mente de Sarah ainda estava barulhenta demais para entender.
 O médico soltou as amarras de seus punhos e tornozelos sem pressa, pediu para que os cuidadores locais a limpassem e deixassem num quarto particular. Sabia que teria muito trabalho a fazer. 
Ele acompanhou todo o processo. Viu a jovem ser limpa e removida daquele lugar sujo para outro mais agradável. Adib a cobriu com a coberta menos rasgada que conseguiu encontrar. O corpo tão frágil da moça estava gelado e tremia depois do banho frio. Água quente por ali era uma regalia que apenas os médicos tinham. Gastou alguns minutos de seu dia para tratar dos machucados da jovem que já estava com os olhos abertos, mas medicada demais para resistir. 
Adib decidiu não a prender por hora, lançou um olhar sério para ela, que soou como uma ameaça para a moça e logo se retirou fechando a porta atrás de si. Ainda tem muito trabalho a fazer.

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