Em pratos limpos.

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Adib Jatene

Bencke havia mexido nos meus papéis e trocado os nomes da requisição de ECT. Aquele canibal maldito vai pagar por isso. A Sarah sentiu a dor que era para ele! Eu sei que talvez ela tivesse indicação, mas nunca naquela voltagem. Nunca! Ele irá aprender o que é a dor de verdade. A dor que nunca sentiu. Eu não tenho pena de pessoas como ele. Não tenho pena de monstros.

Em passos rápidos fui até a solitária de Bencke e a percebi vazia. Foi liberado?! ESTÃO LOUCOS?! Será que querem mais quantas mortes para entender que ele é um doente viciado em sangue?! Dopado!? Ele tem todas as manhas para conseguir tudo nesse maldito lugar!! Para dopar Jonas, estou certo que precisariamos de tranquilizante veterinário, cujo pedido ja foi feito por mim no dia da admissão do assassino.

Peguei a indicação do quarto do psicopata, mas acabei por esbarrar em alguém que desejava encontrar tanto quanto o paciente.

– Griffin. – Fui recebido com um sorriso falso e um estender de mãos prontamente ignorado. Em torno do dorso dessa mão havia um curativo, mais especificamente entre o polegar e o indicador. Não estou disposto a perguntar sobre, talvez se trate da mordida de Sarah. – Estou tentando entender o que levou você a fazer ETC na minha paciente sem mim.

Ele soltou um risinho, ja abaixando a mão lentamente. Ele sabe que não irei cumprimenta-lo. 

 Aquela pequena Aprendiz de Jonas? Céus! Ela é um capeta, Jatene! – Claro que nem a medicação conseguiu dar jeito na raiva que senti ao escuta-lo falando dessa forma. Ela é muito diferente do Jonas! Muito! – Tenho impressão que você está envolvido demais nesse caso... Já encaminhei sua requisição de afastamento. 

– Você O Que?! Como você ousa algo assim?! Esse é o meu caso e quem te chamou para ajudar a Sarah fui eu! Você não tem poder para me tirar, ouviu?! – Já bufo de raiva. De certo minha face vermelha e minha veia saltada deixaram claro a minha irritação. Meu indicador apontava para seu rosto sem respeito algum.

Ele novamente sorri e passa a mão em meu ombro lentamente parecendo limpar algum tipo de sujeira. Então resgata do próprio casaco um documento assinado pelo diretor. 

– Thiago Saether tem esse poder. Você está afastado do caso por negligência. Não relatou nada que desse a entender sobre a periculosidade da sua paciente. – Meu punho levanta-se imediatamente. Meu maior desejo agora é entortar ainda mais esse nariz. Quebrar a cara desse desgraçado! Não bati. Não quebrei sua cara mas o agarrei pela gola e bati seu corpo contra a parede do corredor mais proxima.

– Erick. Você me conhece a anos. Desde antes de eu matar minha família. Então, se ainda tem algum presar pelo seu próprio corpo vá desfazer essa merda que você fez! – Assim como todos os outros, ele acredita que fui eu quem matei minha família e, em certos momentos isso é bom. Causar medo foi algo que eu precisei aprender. 

O homem não responde e percebo que ele entendeu o recado. Bati seu corpo contra a parede novamente e me controlei para não acertar meu punho em seu rosto. Não valeria machucar minhas mãos com merda e não posso arriscar deixar a Sarah sozinha. Precisarei resolver isso com Thiago em breve.

– Que bom que estamos entendidos. Eu ainda estou no caso.

Larguei Griffin de uma só vez e decidi descontar minha raiva em quem realmente merece e, de certo não irá me trazer consequências a longo prazo; Jonas Bencke.

Island AsylumWhere stories live. Discover now