Postura Psiquiátrica.

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Thiago Saether

Finalmente tirei essa retardada da minha maca. Jatene esperneou, mas ordens minhas são como leis. Sarah é patética, pensou que conseguiria fugir nesse estado deplorável. Até uma criança conseguiria segura-la.

– Isso não foi certo! Você me disse dois dias! – Jatene estava vermelho de raiva por ver sua paciente de estimação ser retirada a força.

– Precisamos dos insumos, temos profissionais para cuidar. – Respondi friamente. Não tivemos nenhum acidente, mas em breve poderíamos ter. – Seu paciente Jonas Bencke fugiu após atacar friamente o Dr. Griffin. Acreditamos que ainda possa estar na ilha.

– Ele atacou o Erick?! Finalmente um surto de sanidade! – Repreendi a colocação debochada de Jatene com meu olhar.

– Não é dessa forma que desejamos a postura de um psiquiatra. – Fui incisivo. Frio. Posso ver o ódio de Jatene subindo por sua garganta. Isso me diverte.

– E é estuprando pacientes?! Temo que sua noção de postura psiquiátrica esteja equivocada. – Solto uma lufada de ar entre os lábios e apertando-os entre um pequeno sorriso. Aproximo-me de Jatene ao ouvir os passos dos enfermeiros retornando. Tomo cuidado para falar baixo, afinal a única pessoa que precisa me ouvir é o próprio Jatene.

– Foi uma tentativa de reverter a hebefrenia, falhamos por hora mas acredito que teremos outras oportunidades em breve. – O tom cruel escapou docemente e escorreu como seiva de meus lábios. Eu quis que Jatene perdesse o controle e foi exatamente o que fez. Acertou meu rosto e fiz questão de não me defender. Acertou-me uma segunda vez abrindo um pequeno corte nos lábios. Isso, bata mais! 

Os enfermeiros já viram o suficiente. Segurei sua gola em meus punhos fechados afastando suas mãos de meu rosto e com um tom de seriedade aumentei minha voz para que os enfermeiros que já vinham me ajudar pudessem ouvir.

– Jatene, você está demitido de meu manicômio. Voltará a cumprir os anos que lhe restam na cadeia. – Soltei a gola de Jatene e o empurrei para trás. Ele voltou a investir contra mim totalmente enraivecido. Empurrou-me com força e acabei por bater de costas na parede. 

 VOCÊ É UM DOENTE!! PSICOPATA MALDITO!! VOCÊ ACABOU COM A VIDA DELA, SABIA?! – Ele apertava meu pescoço com o antebraço. Seu rosto estava rubro. Os enfermeiros interferiram para tira-lo de cima de mim quase que imediatamente. Precisaram segura-lo com força. 

Ordenei que os enfermeiros o acompanhassem diretamente para o navio ancorado em nossa praia. Jatene não passará nem mais um segundo na minha ilha.

– Caso ele aja de forma suspeita, iremos medicar e, se necessário conter. – Ordenei diretamente aos enfermeiros. Jatene olhou-me com ódio enquanto forçava o maxilar e apertava os punhos, fazendo seus dedos ficarem esbranquiçados.

– Deixe ao menos me despedir de Sarah! – Soltei uma gargalhada e neguei com a cabeça. 

– Você vai embora ainda hoje. Farei questão de cuidar muito bem da sua paciente de estimação. – Novamente tentou soltar-se para me agredir. Tolo! Ordenei que o medicassem. Assim será mais fácil. Muito mais fácil. Não fiz uma dose cavalar, mas a injeção foi o suficiente. Sorte nossa que vieram outros enfermeiros ajudar. Precisamos de cinco homens grandes para segura-lo e aplicar a medicação. Bom, o efeito não demorou. 

Ele foi guiado com truculência diretamente para fora do meu hospital enquanto entrei em contato com os órgãos responsáveis pela prisão de Jatene. Não demorou para acertarmos o necessário. Vi Jatene passando pela janela de minha sala com a sua "escolta" rumo ao navio, que está mais distante do hospital do que eu gostaria.  Acredito que esteja embarcado  até o final da tarde. Admito que adoraria ver Jatene partindo, mas tenho outros compromissos. Fiz questão de acenar quando estive certo que o médico olhava e sua resposta patética para mim foi mostrar o dedo enquanto proferia alguns palavrões.

A segurança do navio o levará enjaulado até a prisão mais próxima.

Island AsylumWhere stories live. Discover now