Barquinho de remo.

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Jonas Bencke

Leste é meu destino. Vou procurar o barco. Ainda não entendo... Por que o traidor me disse onde estão os barcos? Não sei. Não vou descobrir.

Andei meio as portas com pressa. Já devem estar me procurando. Passei por uma das portas. Vi um outro cara preso. Ele grita por ajuda. Não vou ajudar. Não me importo. Não vou me importar. Não de novo.

Correr é mais seguro. Correr. Corri. Corri muito. O máximo. Cheguei na porta e chutei. Se eu não soubesse que aqui é a saída, jamais descobriria. Tão camuflada quanto da última vez. Chutei para sair. Preciso sair daqui. Preciso ir embora desse lugar. A porta caiu e a primeira coisa que vi foi o barco, mas já tinha saído. O barco grande vai com mantimentos. Mantimentos e os funcionarios  que podem ir embora. Olhei em volta frustrado. Preciso sair! Eu preciso sair!! Um barquinho de remo estava um pouco mais longe da beirada da água, mas serviria. Claro que serviria.

Barquinho de remo é o que eu preciso. Me aproximei com pressa. Está preso com um cadeado. Quem prende um barco com um cadeado?! Vi a corrente. Corrente que deve estar prendendo o barco em algum lugar. Segui o caminho da corrente. Não é exatamente distante, mas de certo não vi a surpresa do lugar onde o barco estava. 

Ao ver o que o destino me reservou sorri. Sorri em ironia, não em felicidade. O barco estava preso em um novo cadeado no chão e, este mesmo cadeado também prendia alguém que eu devo algumas porradas. 

Chutei a barriga dele, que pouco se mexeu. Era para ele gritar... Vamos, Judeu! Acorda para eu te bater. Está tudo sujo. Ele tá aqui a dias. Prenderam ele aqui... 

Eu ainda vou me arrepender disso... 

Chutei o cadeado algumas vezes para o quebrar. Não é mais difícil que uma porta. Com o barco solto, passei meu braço em volta de Natan.

– Eu devia te dar uma surra! Isso sim! – Ele abre o olho um pouco e me vê puxando-o para perto do barco. – Não cumpriram o combinado com você, babaca? 

– Desculpe... Eu... Tive medo. – Medo e só por isso acaba comigo. Doido. Agora nem consegue falar direito. Deve estar dias sem comer. Está até magrelo... – Me desculpe. – Finalmente me olhou e segurou minha mão com um pouco de mais força.

 Tá. Tanto faz. Agora quer ir embora? Se quiser vai ter que me ajudar a remar. – Fiz pouco caso do pedido de desculpas. Isso não é relevante agora. 

– Jonas, me perdoa. – Olhar de cachorrinho pidão. MALDITO OLHAR DE CACHORRINHO PIDÃO SE APROXIMANDO DE MIM! ACHA QUE SOU TROUXA?! 

Acha que vai encostar a boca na minha de novo?? Ele estragou meu sangue. Estragou!! Ele mordeu a própria língua. Mordeu e me mostrou!! Golpe baixo do cacete...

Ele guiou. Descobriu a minha boca. Foi devagar, gosto do seu sangue. Logo sinto o sabor do meu sangue. Eu também acabei por me morder. Eu explorei seu sangue, mas ele também provou do meu.

Foi quente, doce, com gosto de ferro. Até que o sangue dele não é ruim. Combina com o meu.

Island AsylumWhere stories live. Discover now