Embarcação.

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Jonas Bencke

Esperamos na praia. Dias. Não deram falta. Até o barco ancorar. Ele finalmente estava ali. Um barco grande. Grande com alimentos, bebidas e pessoas. Puxei Natan até a água comigo. As ondas não estão calmas, mas dá pra nadar. Quando olhei para trás, Natan estava lá, com medo!? Medroso! Voltei até o raso e apertei seu pescoço. Como ele pode ter medo agora?! Não vou perder minha fuga por causa dele! Eu quero ir embora. 

– Nada– Mandei enquanto deixei que minhas unhas entrassem em sua pele. Apertando. Entrando. Estou com fome. Soltei o covarde e agarrei seu braço. Não ligo se machuca, não ligo se ele está se afogando.  Ainda precisamos entrar. Subi pelo casco. Ele escorrega. Ele devia ser mais rapido! Lerdo!! Para de tossir!! Sua demora me irrita! Não sabe usar as mãos?! Puxei pela blusa e o joguei contra a parede, apertando com meu antebraço o seu pescoço. 

– Eu não vou deixar de ir embora por sua culpa! Ou você vem comigo ou eu te largo na água! Ouviu?! 

Ele está com medo, sinto cheiro do medo. É um dos cheiros prediletos. Ele concorda com a cabeça. Seus olhos arregalados e suas pupilas pequenas deixam claro para mim o que ele tem de verdade; medo. Medo de mim! Isso é delicioso.

– Jonas. Me solta. Você está me machucando. JONAS! – Acertei o rosto. Estou com fome. Acertei de novo. De novo. De novo.

 Se gritar comigo te jogo para fora do barco. – Meu punho já dói. Eu gosto dessa dor. O nariz dele... O nariz já deixa o rosto lindo. Lindo! Passei a língua em seu sangue, lindo, quente, doce, ferro... Ele concordou com a cabeça. Sorri. Meus dentes estão lindos. Eu sinto. 

Larguei Natan e andei pelo navio. Precisamos de roupas.

Achei a sala da tripulação. Natan ainda tem sangue escorrendo. Não nos viram. Está bem tarde, todos devem estar dormindo. Achei um dos armários e roubei roupas secas. Só tem homens dormindo. Preciso caçar. Saí pela porta com pressa, preciso de sangue. Preciso! 

ELE ME SEGUROU! ME SEGUROU PARA NÃO IR!! Puxei meu braço da mão dele e o empurrei para trás, puxando sua gola até seu rosto ficar bem perto do meu. Rosnei mostrando meus dentes. Ele quer me parar!! Ele quer minha comida, meu sangue!

Me soltei ao mostrar os dentes e saí. Andei com pressa. Segui o cheiro. Segui os corredores. Pra que tantos?! Encontrei o alojamento que realmente queria e fechei a porta. Porta parece resistente, sorte minha que deixaram a chave dentro. Guardei comigo enquanto olhei em volta.  São quatro, são jovens. Eu quero todas.

Island AsylumWhere stories live. Discover now