Irmãozinho machucado.

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Sarah Casten

Eu dormi encostadinha no herói. Deixaram. Deixaram eu lá. Dormir e acordar. Eu acorda, mas herói não. Ele não acorda. Eu escutei tum-tum-tum dentro dele. Quer dizer que ele tá vivo. Ele tá dormindo. Sarah protege ele. Protege, mas ele não protegeu eu. Eu ainda tá triste. 

O moço mandou eu ir embora. Ir embora pra onde? Ir para meu quarto. Não quer voltar lá não! O moço torto pode aparecer de novo. Eu quer ficar com herói. Aqui pertinho. Podem machucar ele dormindo!

– Vão matar o Adib. – A moça disse. Ela não foi embora. Por que só eu vê ela?

Deixaram eu comer aqui. Ficar um pouquinho mais, mas depois tem que voltar. Deixaram Sarah tomar banho. Deram remédio. Por que herói não come? Ele vai ficar com fome. Eu pergunta e mostram que tem um tubinho. Um tubinho. São bonzinhos com eu, bonzinhos com ele. Não vão deixar herói com fome.

– • O moço torto vai voltar, assassina! • – Sarah não quer que ele volte. Não quer. Sarah não gosta dele. Tem medo. Medo do moço torto voltar. Medo! Ele vai machucar Sarah de novo!! 

Sarah tem que ir. Ir embora. Eu não quer ir. Eles levam. Posso voltar mais tarde. Eu quero ver o herói. Ele acordado. Volta pelo corredor. Volta devagarzinho. O quarto de Tomaz tá aberto. Sarah não quis falar com ele, mas agora quer. Sarah diz obrigada pros bonzinhos.

Sarah entra e assusta. Tomaz machucado! Muito machucado!! O braço grande! Muito vermelho. Tomaz dodói. Não fica dodói, Tomaz! Sarah cuida. 

– Ele vai morrer! – Ele não pode morrer não, moço! É meu irmãozinho.

A cabeça tá quente. Eu sentiu com a mãozinha. Acorda, Tomaz!! Eu mexe. Mexe ele e solta ele. Agora eu consegue soltar, trem menos a mão de eu. Ele abre o olho um pouquinho.

– Anjinha... Veio salvar. – Não feha o olho de novo, irmãozinho! Não fecha não. Fica com Sarah! 

– Não morre irmãozinho! Porque tá machucado? – Ele não responde eu não. Não responde Sarah igual Sarah não respondeu ele. Tava triste. Triste e doendo. Não queria ser má. Quando Sarah é má, alguém fica machucado. Culpa é da Sarah.

Faz carinho na cabeça de irmãozinho. Está suando e quente. Quente e tremendo de frio. Como tá quente e com frio? 

Tem um negócio branco saindo do braço. Tem sim. Sarah não sabe consertar. Não sabe! 

Eu faz carinho. Carinho no irmãozinho. Carinho ajuda? Ajuda você, irmãozinho?

– • Nada ajuda. Você matou ele, assassina! • 

– Sarah ama Irmãozinho. Não deixa eu sozinha, irmãozinho! – Se Sarah soubesse que ia machucar irmãozinho tinha sido boazinha com o moço torto. Sarah não sabia que ia machucar ele também. Porque eu machuca tanto? Eu machucou Irmãozinho, herói, o moço bonzinho do remédio e esse irmãozinho. Sarah deve ser má, por isso que não salvaram eu. 

Sarah deita do lado que não tá machucado. Deita no ombro, igual gosta de fazer. Eu dá um beijinho no rosto do irmãozinho e encosta a cabecinha no ombro. Ele não fica chateado se eu molha ele com as lagrimas.

– Eu também... Amo você, anjinha do céu. – Ele abraça eu com o braço bom. Deu beijinho também. O beijinho dele é na cabeça de Sarah. Não dói. 

Ele dói o braço. Dói e sai sangue também. Ele chora baixinho. Eu vê. Eu vê sim. Deve tar doendo muito. Sarah queria saber ajudar.

– A culpa é sua! – A moça está brava. A culpa é minha?

– • Vai matar mais um, assassina. • 

– Não é uma "Boa bonequinha". – Moço mau fala muito alto. Muito alto no ouvido de Sarah.

– Isso é sua culpa. – Eu não queria isso não, moça!

– • Assassina de irmãozinho! •

 Sarah é má, irmãozinho... Desculpa eu. – Abraço ele também. Eu tá triste. Triste de machucar irmãozinho. – Eu vai ficar aqui pra sempre. 

Ele dormiu. Dormiu. Estava com sono. Sarah ficou com ele. Ficou de noite também. Depois tentaram tirar eu daqui. Tentaram, mas eu não foi. Não foi! Eu vai ficar aqui. Prometeu para irmãozinho. Sarah comeu aqui. Comeu e deu sopa pra ele. Ele tá com a boca dodói. Eu cuida. Cuida pra ficar bom logo. Por que não cuidam dele igual cuidam de herói? 

Ele ta pior. Não fala mais com a Sarah. Ainda faz tum-tum. Ainda faz mas faz fraquinho. Eu vai cuidar. Cuidar do irmãozinho mais dias. Mesmo se for um monte de dias.

Island AsylumWhere stories live. Discover now