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Acordei no dia seguinte com expectativas altas de que encontraria Daryl.

Como sempre, coloquei meu uniforme e corri pra lanchonete sem ao menos olhar a minha mãe.

Pensei a caminhada inteira o que eu falaria, nada veio na cabeça. O que eu diria? Seu irmão é traficante da minha mãe?

Cheguei na lanchonete, o maldito sino toca anunciando que cheguei. O senhor Owen, meu chefe, imediatamente revirou os olhos quando cheguei ao balcão.
- Está atrasada mocinha. - Eu não aguentava mais a voz daquele homem, ele era asqueroso e sempre me insultava. Só fico aqui porque é a única coisa que eu sei fazer. Atender as pessoas. Já tentei entregar currículos em outros lugares, mas as pessoas acham que eu sou igual a minha mãe. Não sabem o quão erradas estavam.

- Desculpe senhor Owen, minha mãe...

- Tá tá, sei muito bem como sua mãe está. Ainda muito drogada? Ou bêbada?

- Sempre. - Digo e o homem volta para dentro da cozinha, pelo cheiro, ele está preparando panquecas. Coloquei meu avental e servi algumas pessoas que estavam ali, sempre as mesmas. A senhora que fedia a cigarro junto com sachê de gato. O homem de terno e gravata que só tomava um café preto sem açúcar apressadamente. E por fim, a filha do Senhor Owen. Ela vem aqui só para agradar o pai.

Por sorte a televisão tinha chegado do concerto, liguei e coloquei no jornal. O senhor Owen sempre disse que as pessoas gostam de ver documentários logo pela manhã. Nunca entendi essa obsessão por notícias, ainda mais quando ultimamente está tendo mais mortes.

Era sempre as mesmas coisas, assassinatos, assaltos e estupros.
Mas em meio a esses assuntos catastróficos, uma coisa me chamou atenção.

O tal do pó azul. O repórter falava que era viciante, quem o consumisse pelo menos uma vez, nunca mais conseguia parar sem uma ajuda médica.

E era crime com certeza, quem fosse pego usando em público seria preso ali mesmo. Eu dúvido muito. Pelo menos nessa cidade, os policiais não ligavam muito

12:00

Nada ainda do Dixon. Eu estava confiante de que tudo daria certo. Mas como sempre, minha felicidade dura pouco.
- Ei, acorda madame. Limpe isso pra mim. - O senhor Owen grita ao meu lado, ele aponta a espátula para o fogão sujo.

- Sim senhor. - Digo, pego a esponja, o detergente, e despejo no fogão.

- Eu vou pra casa. Agora é com você. Quero tudo organizado quando eu voltar amanhã.  - O velho diz e sai pela porta, assenti quando ele olhou pra trás com uma sobrancelha erguida.

Eu sinceramente, verdadeiramente, odiava minha vida.

Tudo o que eu faço nunca é o suficiente, eu cuido da minha mãe, mas é ela quem deveria estar me cuidando.

Eu me imagino naquele orfanato, porque me doaram para ela? E se eu ficasse mais um tempo lá, talvez uma mulher rica e estéril me adotaria. Ou até mesmo ter ficado lá por todo esse tempo, quem sabe minha vida séria melhor?

Coloquei toda a raiva naquele fogão, por fim, ficou como novo. Termino e guardo as coisas no lugar, o sino toca, meu coração pulava, eu tinha certeza que seria ele, corri os olhos em direção a porta. Era ele.

Meus olhos logo encontraram os seus, ele estava do mesmo jeito de sábado, com o capuz na cabeça e os olhos estreitos.
- O que vai querer? - Digo indo até a bancada com um sorriso no rosto.

- Quero conversar...

Seus olhos azuis mandava eu me sentar a sua frente, obedeci e larguei o avental.

Psɪᴄᴏᴅᴇ́ʟɪᴄᴀ | 𝐓𝐡𝐞 𝐖𝐚𝐥𝐤𝐢𝐧𝐠 𝐃𝐞𝐚𝐝 Where stories live. Discover now