44°

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Durante a minha infância, sempre tive aqueles desejos de criança, rosquinhas, cookies, balas e toda guloseima possível. Eu tinha sorte quando alguém repartia alguma coisa comigo no intervalo da escola, minha mãe nunca me comprou essas coisas, ela sempre falava que era açúcar demais pra mim, que me faria engordar, e além de ser muito caro...

Mas aí completei 13 anos e comecei a trabalhar em uma sapataria ao lado de casa, entregava os sapatos e fazia mais algumas coisas, eu não ganhava muito, mas, depois de muito tempo chegando em casa e sendo praticamente "assediada" pela minha mãe, revirando os bolsos de minha calça, à procura do mísero dinheiro que ganhava, eu aprendi a enganar.
Antes de chegar em casa guardava um pouco do dinheiro num lugar que ela não iria revistar, e inventei uma mentira dizendo que os lucros estavam diminuindo e com isso meu salário abaixou. Ela acreditou como se estivesse recebendo a benção de um padre, foi bom por um tempo até ela descobrir. Nem quero me lembrar do que aconteceu depois disso.

A minha vida tinha melhorado, eu tinha um plano de vida, mas não foi como eu planejei, talvez melhor, talvez pior.
Agora, a criança que habitava em mim, com desejos insaciáveis, retornou, por conta da gravidez, mas eu desejava só uma coisa, e saber que essa coisa especificamente, é quase impossível de se achar, me matava por dentro.
Eleanor me ajudava com o berço, ela tem sido uma boa amiga nesses últimos dias.
- Negan deve ter ficado feliz por ter ganho a aposta. - Eleanor resmungou me encarando enquanto eu olhava a posição do berço.

- É ficou sim. - digo indo até o sofá, me jogo no mesmo aliviada por estar tudo em seu devido lugar, roupas nas gavetas de cima, fraldas na debaixo, um kit médico para bebes, e todo resto.

Eleanor, parece ter se fechado, de um segundo para outro, talvez ela goste de Negan, céus e se ela estiver com ciúmes da nossa relação, deixei claro para ela que somos apenas amigos, mas não faria sentido, se não me engano, ela disse que queria algo que não poderia ter, e disse um nome, Dwight?!

...

Após o almoço, dou uma caminhada pelos corredores do santuário, eu poderia estar lá fora, mas o sol me irritava, eu nunca estive tão branca em toda minha vida.
Vejo uma porta quase aberta, por curiosidade, vejo cuidadosamente o que tinha dentro, a única coisa que me chama atenção é uma estante cheia de livros, isso me interessou. Reflito se é certo entrar ou se sigo a minha entediante caminhada.
Dou uma olhada para os dois lados, vendo se alguém está vindo, e entro pela porta a fechando em seguida.
Passo os olhos de relance pelo cômodo indo em direção a estante, isso parecia um quarto, ou sei lá o que.
Passei os dedos pelos livros, lendo os nomes de cada um, mitologia nórdica, grega, romana, egípcia, alguém gosta de mitologia.
Mas um me chamou atenção, a capa era dura e muito bonita, eu nunca tinha ouvido falar desse livro.
Parecia ser romance, e o vento levou, seu nome, e a autora é Margaret Mitchell. Parecia ser interessante, e eu não estava fazendo nada mesmo.
Sentei em uma cadeira alí perto e mergulhei no livro, eu estava fascinada com ele, em poucos minutos lendo, eu poderia ler o dia todo.
- Você achou meu esconderijo. - uma voz grossa e ardente ressoa entre as paredes me fazendo procurar de onde vinha. Era ele, estava de pé em frente a estante de livros.

- Foi mal, curiosidade falou mais alto... - digo envergonhada, fecho o livro disposta a levá-lo ao seu lugar.

- Não, pode ler. - Negan diz antes que eu me levantasse, sorri aliviada.
- Está pálida, o que houve? - ele pergunta de testa franzida.

- Oh, é... Não vou lá fora a um tempo. - digo folheando as páginas do livro um pouco envergonhada da minha aparência.

- Porque? - ele pergunta com as mãos no bolso. Dei de ombros não sabendo como responder, se eu falar que o sol não me agrada talvez ele me ache maluca. Mas, não quero mentir.

Psɪᴄᴏᴅᴇ́ʟɪᴄᴀ | 𝐓𝐡𝐞 𝐖𝐚𝐥𝐤𝐢𝐧𝐠 𝐃𝐞𝐚𝐝 Where stories live. Discover now