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Flashback |

Hoje, eu e Daryl vamos completar uma semana, juntos, eu diria uma semana de namoro mas Daryl não fez nenhum pedido, talvez ele queira ir devagar com as coisas, eu entendo.
Tem sido uma semana maravilhosa, eu diria quase perfeita, se não fosse as reuniões secretas quase todo dia, Merle nos perturbando sem nem um pouco de consideração, Daryl tem se estressado com tudo isso, algumas vezes eu não sabia o que dizer para ele, apenas escuto ele desabafar sobre o quão é exaustante ser ele.
A única coisa boa do dia de hoje era que Merle estava fora, praticamente o dia todo.
- Sonhando acordada? - Ellie pergunta me fazendo despertar dos meus pensamentos, sorri para a loira enquanto ela secava os copos, estavamos de hora extra já que Daryl despediu metade das garotas. Por algum motivo obsceno que ele não quer contar, nem pra mim nem pra Ellie, e olhe que ela é quase a sócia majoritária.

- Queria saber o que tanto eles conversam... - cochicho para mim mesma, Ellie me escuta e me pede para repetir.

- Porque não pergunta para Daryl? - ela pergunta me dando um copo com whisky.

- Eu tentei, mas ele sempre muda de assunto ou diz para não me preocupar. - digo olhando para a loira, neste instante, Ellie desviou os olhos para a porta de entrada. Viro os olhos para lá percebendo que o Dixon estava parado alí. Como se estivesse procurando por alguém, mas quem?

Observamos o que ele faria, ele com certeza procurava por alguém, depois de uns segundos a procura de alguém, sem sucesso, olhou para a nossa direção, caminhando entre a multidão até o bar. Ellie ligeiramente saiu de cena.
- Oi... - digo quando ele se senta.

- Oi. - ele responde sem me encarar, tirou o cigarro do bolso da camiseta enquanto virava metade do corpo pro lado, ele ainda procurava.

- Quem está fugindo de você? - pergunto após ele se virar, ele me encara com um sorriso de lado.

- Ninguém. Me dá um gin. - ele pede dando uma fumada no cigarro. Onde está Ellie para me salvar?
Pego o copo ao meu lado e em seguida a garrafa pendurada, sirvo para ele e finalmente minha salvação chamada Ellie chega.

- Porque não me chamou para as reuniões? - ela pergunta seriamente, Daryl tomou um pouco do gin e Ellie cruzou os braços.

- Algumas coisas eu preciso resolver sozinho. - ele responde erguendo o copo para ela, num gole só ele termina com o gin e desaparece no meio da multidão. Dou uma olhada para Ellie que não estava nada contente com as atitudes dele, na verdade, agir em segredinhos, não confiar nas pessoas mais próximas a você, só tem uma pessoa que eu conheço que é assim, Merle.

Mesmo com um peso na consciência, tenho que continuar a trabalhar, era sábado à noite, estou até um pouco surpresa, normalmente aos sábados isso aqui lotava até demais, nem dávamos conta de tantos bêbados.
Um cara derrubou vodka em mim, sem querer, sorte Daryl não estar por perto, céus eu odeio vodka.

Para a minha sorte, dou uma olhada pela janela, os céus estavam clareando e o sol aparecendo aos poucos. Finalmente. Não aguentava mais, era a minha primeira hora extra e realmente, numa boate, isso é muito exaustivo. Os homens que ainda restavam começaram a sair pela porta de saída, bocejando e alguns cambaleando, outros dormiram nas mesas de bilhar, no chão, no palco pouco usado...
- Aquele cara ficou te encarando a noite toda. - Ellie diz apontando discretamente para um homem prestes a sair pela porta.
Essa jaqueta, parece que a conheço. Hum, pode ser qualquer um, todo mundo pode ter essa jaqueta, não pode ser o cara de quando fui a outra boate com Ellie.

Terminamos de acordar os homens e limpamos a boate, o sol já tava bem radiante quando acabamos, eu estava morta, e Ellie também, bom todas nós estamos.
Quase terminando de arrumar as bebidas, escuto meu nome sendo chamado, eu reconhecia a voz.
Fui até seu encontro coçando os olhos para permanecer acordada.
- O que foi? - pergunto após perceber que um cara tinha acabado de sair pela porta do seu "escritório"
Daryl estava prestes a acender um cigarro quando tomei o isqueiro de sua mão.
- Já chega não acha? - pergunto tentando parecer séria, ele riu discretamente de lado olhando para o chão.
- Me diz o que está acontecendo.

Após a minha pergunta, Daryl deu uma olhada em volta, deu uma respirada profunda e voltou os olhos para mim.
- Vamos pra cima. - ele resmunga levando sutilmente sua mão para minhas costas, caminho até as escadas sentindo sua mão ainda no mesmo lugar.

Chegando no corredor, dou uma parada esperando para qual porta ele iria, até que ele tirou as chaves do bolso e foi até a sua porta.
Num segundo a porta foi aberta, entramos e a mesma foi trancada.
Tirei meus saltos já não aguentando mais caminhar, deixo eles no canto da porta e respiro alto aliviada.

Sinto algo molhado em meu pescoço e mãos bobas deslizando pelo meu corpo, eu nunca estive tão cansada, é estranho falar, mas parece que quando ele está em cima de mim, meu cansaço vai embora, e meu único objetivo é satisfazê-lo.
Ergui a cabeça já seduzida pela sua língua sobre minha pele, suas mãos estavam em minha cintura, a apertando com tanta delicadeza. Viro pro lado caindo direto pro seus beijos, me viro totalmente para ele agarrando sua nuca e massageando delicadamente seu maxilar. Nossas línguas dançavam como Fred e Ginger em Hollywood...

Daryl me prensou contra parede, eu amava quando ele fazia isso, quando ele tinha o controle nas mãos, eu amava o jeito como ele conduzia tudo isso.
Em poucos segundos meu vestido extra curto estava na minha cintura, minha calcinha foi empurrada para o lado, ele me penetrou sem dó e piedade, eu gemi alto, nossa sorte foi que à essas horas todos nossos vizinhos estavam trabalhando, eu poderia gritar a vontade e sem preocupações, mas Daryl adorava ter o controle, então ele tampou a minha boca com sua mão, fazendo mais forte e mais rápido.
Meu cansaço tinha partido, e única coisa que eu queria era mais, dele.

Flashback off|

No dia seguinte de tudo isso, aconteceu o primeiro caso, o primeiro de vários, tivemos que fechar a boate e permanecer em casa. Nossos planos mudaram, e em questão de horas, a maioria da população estava sem vida, foram os piores dias da minha vida e com certeza de várias outras pessoas.
Mas depois da transa, Daryl finalmente me contou o que estava acontecendo.
Como sempre, Merle fazia as merdas e Daryl concertava, mas desta vez, ele tinha ido longe demais, o que ele fez foi o que todo golpista faria, foi o que ele fez com a minha mãe.
Ele devia uma valor alto para os traficantes que se diziam "amigos" dele, e, consequência disso, era a morte de Merle, ou pagar a divida.

Mas, como toda merda que Merle faz, ele faz bem feita, não era um valor de mil, mas de milhões. E pra pagar isso, a boate teria que ser vendida, e o que ele fez foi vender sem a concepção de Daryl e de todos.

Daryl ficaria falido, todos nós perderíamos um bom emprego, mas então, o mundo mudou, e no fim, ninguém ficou com a boate, e todos eles morreram, o que me restava de uma família, se foi.

O fim é sempre o mesmo, a morte. Então pra que viver se lamentando se sabemos o nosso destino?

Talvez eu tenha medo do fim, não porque ele é assustador ou doloroso, mas porque eu sei que de qualquer maneira, ele vai estar lá, não dá pra fugir nem se esconder, muito menos apontar uma arma na cabeça.

Desde que cheguei no santuário, não parei de pensar em Daryl, em todos eles, eu não queria pensar porque toda vez doía, mas é como uma ferida que precisa cicatrizar, ou ela vai infeccionar.
Eu devo minha vida a todos eles, principalmente a Daryl que me salvou de um abismo que pensei que nunca sairia, se não fosse por ele, eu estaria morta, com toda certeza. Não teria encontrado meu irmão, não seria feliz.




Psɪᴄᴏᴅᴇ́ʟɪᴄᴀ | 𝐓𝐡𝐞 𝐖𝐚𝐥𝐤𝐢𝐧𝐠 𝐃𝐞𝐚𝐝 Onde histórias criam vida. Descubra agora