C.P 29

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Benna

Seus músculos doíam e os machucados feitos em seu corpo todo pareciam estar anestesiados.  A dor era tanta que já era difícil senti-lá.

Benna não se lembrava da última vez que tinha colocado algo na boca.  Já havia se passado um dia depois da tortura que quase a matou. Ela não sabia como ainda estava viva.

E se considerava uma garota forte pelo simples fato de estar viva depois de tudo que passou nas mãos dele.

Estava acordada. Mas mantinha os olhos fechados. Não queria ver nada. Apenas continuar naquela imensa escuridão. Seu coração doía mais que seu corpo.

Sabia que estava no porão.

Não aguentou tanta dor acordada. Se lembra de ter acordado por um milésimo de segundo e chegado à conclusão de que estava sendo carregada. Depois disso suas pálpebras se fecharam novamente. 

Sentia sua boca seca. Seus olhos inchados e suas mãos geladas. Era agoniante. Seus pés latejavam tanto que pareciam se mexer sozinhos.

Ainda de olhos fechados, Benna se lembrou de alguns momentos intermináveis e infernais em que passará nas mãos dele.

Ele havia penetrado pequenos pregos em seus braços e pernas. Havia queimado seus pés e mutilado seu corpo inteiro.

Isso tudo, lentamente. 

O que só aumentava a dor.

Um barulho alto se fez ouvir e Benna sentiu vontade de chorar. Não queria que ele se aproximasse dela. Não depois de toda dor e sofrimento que lhe causou.

Benna o odiava com todas as suas forças e lamentava não poder machuca - lo.

Ouviu passos em sua direção e não ousou abrir os olhos. Poderia ver o diabo em sua frente, que seria melhor do que vê-lo. Mesmo que por baixo daquela máscara imbecil.

Sentiu que ele estava próximo. Talvez a encarando de perto.  Não soube exatamente. Mas sentia o ar quente da boca dele bater em seu rosto. O cheiro que sentiu foi de menta.

E por um instante, gostou daquilo. Mas logo o ódio retornou em seu coração e Benna abriu os olhos, deixando que ele visse toda dor e sofrimento que contornavam suas íris.

O que encontrou foi duas orbes negras lhe encarando. De imediato sentiu medo e raiva. Queria esgana-lo e ao mesmo tempo sair correndo, sem olhar para trás. Como se estivesse sendo perseguida por um demônio de sete cabeças.

Mas seu olhar simplismente focou ali, naqueles olhos escuros e cheios de ódio. Benna não se mexeu, assim como ele.

O olhar dele era profundo em cima dela, e Benna pôde enxergar arrependimento, talvez pena, não soube identificar exatamente o que havia naquela imensa escuridão,  mas soube que havia algo ali. Algo que de alguma forma mexeu com ela e ao mesmo tempo a deixou completamente curiosa.

Com um movimento brusco, o Piscicopata se distanciou de Benna e voltou à ter a postura fria de sempre. O olhar havia mudado. E Benna queria ter o dom de mediunidade  para saber o havia naqueles olhos.

- Trouxe whisky para você, ratinha... - ele começa, sua voz estúpida como nunca antes.

Benna tentou soltar uma risada irônica, mas a dor na costela à impediu.

Um Piscicopata Apaixonado 2 Where stories live. Discover now