C.P 35

2K 238 93
                                    

Benna

Seus cabelos escuros e longos caíam  sobre suas costas e pingavam no chão. Benna encarava sua face no espelho meio embaçado e deixou escapar um suspiro cansado de seus lábios rosados.  Sua cabeça começou a doer de repente e toda essa agonia de não ficar bem logo a estava deixando exausta.

Longos minutos depois, Benna caminhava lentamente até a cozinha. Ela sentia cheiro de queijo com torradas. Então se encostou no batente da porta marrom e gasta e cruzou seus braços finos e brancos, como um palmito.

Benna observou ele se mover com agilidade de um lado para o outro. Estava de costas para ela, o que a influenciou a reparar nos detalhes das costas largas dele. Havia muitos músculos volumosos e pareciam relaxados. Conseguia ver claramente os detalhes, mesmo que uma blusa preta e grossa a impediam de ver a pele.

- Vai ficar aí parada me encarando ou vai se sentar? - ela saiu de seu transe quando ele se pronunciou. E Benna se perguntou como ele sabia de sua existência ali. Pois em nenhum momento havia olhado para trás ou até mesmo por cima do ombro. Mas não questionou. Apenas deu alguns passos e se sentou na mesa, em silêncio. 

- O que você está fazendo?  - ela perguntou, alguns minutos depois.  Até então ele não havia a encarado.

- Torradas com queijo e presunto.  - ele disse uns segundos depois.

- Você quer ajuda?  - ela perguntou, se levantando e indo até ele.

- Não tem o que você fazer.  - ele falou, colocando um presunto junto com uma fatia de queijo em uma torrada.

- Posso fazer um chamina. - ela falou, após vizualizar algumas maçãs na cesta em cima da mesa.

- Que porra é essa? - ele perguntou, ainda sem encara - lá. Benna sentiu uma pontada de irritação pelo modo que ele havia falado. Sempre tão ogro... Mas não tinha o que fazer a respeito disso, então soltou:

- Você vai ver.

Ele assentiu e continuou o que estava fazendo.  Benna pegou três maçãs da cesta e as lavou na pia. Em seguida colocou todas em uma chaleira com água e esperou alguns minutos até que a água fervesse. 

Benna sentou-se novamente e esperou pacientemente, com o olhar em um ponto fixo, seus pensamentos vagavam para outras dimensões.

- A água ferveu. - ela ouviu a voz grave do Piscicopata e se levantou.

- Obrigada. - agradeceu e pegou a chaleira. Então despejou toda a água no liquidificador e observou as lâminas afiadas estrassalharem as maçãs junto com as cascas. 

- O que é isso, um chá ou uma vitamina? - ele perguntou e finalmente a encarou, e Benna não soube explicar por que um arrepio involuntário surgiu ao pé de sua nuca. Mas o ignorou, com dificuldades. Então olhou do liquidificador para ele duas vezes antes de, enfim, responder:

- Um pouco dos dois. Acho que vai gostar. - então ela desligou o liquidificador e colocou seis colheres de açúcar e dois copos de leite.

O Piscicopata observava seus movimentos com atenção. 

- Eu não vou tomar isso. - ele falou, gesticulando o liquidificador com uma das mãos.

Um Piscicopata Apaixonado 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora