C.P 54

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Benna


A água quente cai na sua cabeça e molha seu corpo pálido. Suas pálpebras parecem pesadas e sua cabeça lateja. A dor aguda à faz fechar os olhos com força. Não sabe por que essa dor tão de repente, mas sabe que precisa que ela desapareça  urgentemente.

Quando termina de se vestir, anda lentamente até a cozinha. Caem pingos das pontas de seus cabelos molhados e seus dedos estão trêmulos. Ela pega a pequena caixinha de primeiros socorros e procura um analgésico eficiente. Acha um cujo nome é Tyono, verifica se é pra dor de cabeça e enche um copo de água. Depois que toma, vai em direção à sala e senta no sofá cinza. Seus dedos batucam no braço do móvel e ela cantarola uma música que gosta. Seus olhos fechados à impedem de ver que ele se aproxima. Silencioso.

Ele se sentou no sofá ao lado do que ela estava e à observou atentamente. Mesmo com os olhos fechados, ela era linda. Seus cabelos estão meio espetados para cima, demonstrando a quantidade de frizz e seus ombros parecem tensos. Seu nariz empinado à faz parecer metida e sua boca pequena é convidativa. Ela canta baixo uma música que ele não conhece.

- I am a little bit insecure... A little understand... I do what I can. - sua voz era melosa e agradável de ouvir. Ele tentava não respirar tanto pra ela não perceber sua presença ali. - But sometimes I don't make sense...

Benna se sentia tranquila naquele momento.  Cantava apenas quando estava embaixo do chuveiro, na sua casa, mas desde que sua vida mudou completamente, com ela trancafiada em uma casa no meio de uma floresta, sua vontade de cantar, até mesmo no chuveiro, simplesmente desapareceu.

- I am what you never want to say... - ela continuava a cantar. Sua respiração calma e sua dor de cabeça indo embora. - But I've  never had a doubt... It's like no matter what I do... I can't convince you... For once just to hear me out... - ela respirou fundo antes de continuar. Mantinha seus olhos fechados. - So I let go... Watching you...

Então parou.

A casa estava silenciosa. Conseguia ouvir os pássaros cantando do lado de fora, o barulho do vento balançando os galhos e as folhas.

Conseguia imaginar com clareza sua pele exposta para o sol. Seus olhos fechados com força por causa da intensidade da luz em seu rosto. Seus cabelos desidratados brilhando à luz do dia.

Conseguia imaginar tudo como se tivesse vivido aquele momento em poucos minutos.  Suas mãos começaram a formigar.  A suar. Certo, ela não podia pensar na possibilidade de ir para fora. Ele não deixaria...

Ela murchou no sofá, desejando com todas as forças sair daquela casa. Nem que fosse apenas para sentir o Sol esquentando a sua pele.

- Por que parou? - ela ouviu alguém perguntar e pulou do sofá, dando de cara com o chão. E ele... riu. 

Ela soltou um palavrão baixo.

E ele riu mais ainda. 

Ela levantou e o encarou séria, arqueando uma sobrancelha e colocando as mãos na cintura. Então a risada dele se transformou em uma gargalhada,  fazendo-o jogar a cabeça para trás e colocar as mãos na barriga. 

Benna estava com raiva. Mas ao mesmo tempo sentia um pequeno fiapo de alegria ao vê-lo rir daquela forma. Era lindo. Seu riso era gostoso de ouvir, e mesmo que ela não conseguisse ver direito por causa da máscara, tinha certeza que os olhos negros quase fechavam quando ele ria. 

Ela queria rir também.

Mas não por que achou seu tombo engraçado. Ela só queria rir.

Por que o som da risada dele era gostoso de ouvir e por que era contagiante, muito contagiante. 

Um Piscicopata Apaixonado 2 Where stories live. Discover now