C.P 45

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Piscicopata

Seu rosto se transformou em confusão. Raiva. Medo. Tudo um pouco.

A única vez que havia sentido medo em sua vida, foi em seu passado, quando sentiu medo do que seus pais fariam com ele quando ele tirou a vida de seu próprio irmão. Sentiu medo de ser abandonado, pois o que havia feito não fora sua culpa, e sim da voz, daquela maldita voz... Então eles fizeram pior do que apenas o abandonar... E pagaram caro pelo que fizeram... Muito caro.

Frustração.

Uma palavra que o definia naquele momento.

Iriam o achar. Estavam perto...

Agora tinha certeza disso.

Ele permitiu-se cair de joelhos no chão e seus braços caíram ao lado de seu corpo. Abaixou a cabeça. O corpo ainda vivo do homem em sua frente. A arma afiada em sua mão caiu no chão. 

Pensou em milhões de coisas. Em como escaparia. Para onde iria. Como iria, e o pior... Como puderam estar tão perto? E por que ainda o estavam procurando depois de anos?

Ele apertou os lábios em uma linha fina e respirou fundo. Confusão. Sua cabeça havia se tornado uma verdadeira confusão.

Não era possível!

Depois de tanto tempo...

Ainda fugia. Mas apenas por precaução. A certeza de que desistiram de o procurar já havia se instalado em sua cabeça.

E agora ele aparece. De repente.

- Malditos... - ele sussurrou. - Malditos... - outra vez, a raiva aumentando. -  SEUS MALDITOS FILHOS DA PUTA! - ele socou com força a barriga do homem desacordado em sua frente. - MALDITOS!!!! - seu grito foi mais alto, sua raiva se tornando cada vez  maior dentro do peito.

EU TE AVISEI! TE FALEI QUE ESTAVAM PERTO!!!

Dessa vez, quem gritou foi a voz em sua cabeça.  Seu grito o fez tapar os ouvidos com as mãos. Seus olhos se fecharam com força. Estava claramente transtornado. 

EU TE AVISEI!

Ela gritou de novo.

- CALA A PORRA DA BOCA SUA DESGRAÇADA!!! - ele gritou, seus olhos se abriram e ele olhou para todos os lados. - CALA A BOCA! - gritou com força. Seus olhos ainda vasculhavam o lugar. 

Otário.

Naquele momento, se sentiu otário. Estava gritando com uma voz que assombrava a sua mente. E apenas ali. Então não havia modos de fazê-la parar. E estava gritando como um otário para o nada,  em um beco fedido e escuro.

- Mente fodida do caralho! - ele bravou, dessa vez, baixo. Falando consigo mesmo. Se levantou e olhou ao redor. Tentava acalmar sua respiração descompassada. 

Passou a mão na testa e em seguida nas calsas. Mas não adiantou muito, o suor continuou escorrendo pelo seu rosto.

E então chegou à conclusão de que ficar ali, gritando com uma maldita voz que existia apenas em sua mente, não resolveria a porra do seu problema. 

Então pegou a lâmina e a colocou no bolso. Suas mãos suavam frias e a todo segundo ele olhava ao redor. Não queria que o achassem, não mesmo. E se estivesse mais alguém ali além dele e do homem desacordado no chão,  ele teria que saber e dar um fim na vida dessa pessoa.

Mas pelo que viu, não havia ninguém além deles.

Ele olhou para o homem conhecido à sua frente.  Ele faria aquele homem falar tudo que queria saber, e se não falasse, seria mais torturado que todas as pessoas que já torturou em sua vida.

São muitas pessoas, torturas diferentes, e se aquele maldito não abrisse a boca... ah... ele imploraria para morrer.

O Piscicopata pegou uma corda grossa que estava em seu porta malas e passou a lâmina na mesma, que cortou ao meio, formando então duas cordas com a medida exata que queria. Em seguida ele amarrou com força e deu diversos nós nas cordas, que contornaram as mãos e os pés do homem.

Sabia quem ele era.

E era bom o suficiente para escapar de um porta malas trancado. Era experiente em quase tudo e saberia muito bem sair dessa.

Não era apenas uma vítima comum que o Piscicopata havia jogado em seu porta malas. Não. Não chegava nem perto disso.

Então após amarrar forte e dar quantos nós conseguiu nas cordas, ele jogou o homem em seu porta malas sem se preocupar em machuca-lo ou não.

Dirigiu com pressa até a floresta. Estava nervoso. Ansioso. Frustrado. Com medo. Com ódio. Puto da vida com o que estava acontecendo. 

Ainda não conseguia acreditar que eles estavam tão próximos de o achar. E se não tivesse ido até a cidade à procura de alguém para matar? E se não tivesse jogado o canivete no homem, saberia quem era e, principalmente, saberia que ainda estavam o procurando? E se a maldita voz em sua mente não tivesse o atormentado, certamente ele não iria atrás de alguém para satisfaze-la e então não teria encontrado aquele filho da puta. Ou então não teria sido encontrado. Mas poderia lidar com aquilo.

- É... As vezes você tem utilidade. - ele falou em voz alta, para ela em especial, que pareceu irritada quando falou.

E você é um otário que seria um nada sem mim!

Ríspida, como sempre.

- Vá se foder. - ele falou mais ríspido ainda. Não acreditou que ela era capaz de achar que ele seria um nada sem ela...

Ao contrário, seria muito mais do que é hoje. Seria alguém com sanidade.

Mas àquela altura, sua saúde mental era o de menos.

Ele chegou à floresta mais rápido que o normal e não teve dificuldades para levar o corpo mole do homem até a sala de tortura.

Um sorriso maligno cresceu em seus lábios quando viu o homem completamente amarrado e sem capacidade para se soltar.

Preso.

O homem estava preso e certamente, fodido. Muito fodido...

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Um Piscicopata Apaixonado 2 Where stories live. Discover now