Piscicopata
Seu rosto se transformou em confusão. Raiva. Medo. Tudo um pouco.
A única vez que havia sentido medo em sua vida, foi em seu passado, quando sentiu medo do que seus pais fariam com ele quando ele tirou a vida de seu próprio irmão. Sentiu medo de ser abandonado, pois o que havia feito não fora sua culpa, e sim da voz, daquela maldita voz... Então eles fizeram pior do que apenas o abandonar... E pagaram caro pelo que fizeram... Muito caro.
Frustração.
Uma palavra que o definia naquele momento.
Iriam o achar. Estavam perto...
Agora tinha certeza disso.
Ele permitiu-se cair de joelhos no chão e seus braços caíram ao lado de seu corpo. Abaixou a cabeça. O corpo ainda vivo do homem em sua frente. A arma afiada em sua mão caiu no chão.
Pensou em milhões de coisas. Em como escaparia. Para onde iria. Como iria, e o pior... Como puderam estar tão perto? E por que ainda o estavam procurando depois de anos?
Ele apertou os lábios em uma linha fina e respirou fundo. Confusão. Sua cabeça havia se tornado uma verdadeira confusão.
Não era possível!
Depois de tanto tempo...
Ainda fugia. Mas apenas por precaução. A certeza de que desistiram de o procurar já havia se instalado em sua cabeça.
E agora ele aparece. De repente.
- Malditos... - ele sussurrou. - Malditos... - outra vez, a raiva aumentando. - SEUS MALDITOS FILHOS DA PUTA! - ele socou com força a barriga do homem desacordado em sua frente. - MALDITOS!!!! - seu grito foi mais alto, sua raiva se tornando cada vez maior dentro do peito.
EU TE AVISEI! TE FALEI QUE ESTAVAM PERTO!!!
Dessa vez, quem gritou foi a voz em sua cabeça. Seu grito o fez tapar os ouvidos com as mãos. Seus olhos se fecharam com força. Estava claramente transtornado.
EU TE AVISEI!
Ela gritou de novo.
- CALA A PORRA DA BOCA SUA DESGRAÇADA!!! - ele gritou, seus olhos se abriram e ele olhou para todos os lados. - CALA A BOCA! - gritou com força. Seus olhos ainda vasculhavam o lugar.
Otário.
Naquele momento, se sentiu otário. Estava gritando com uma voz que assombrava a sua mente. E apenas ali. Então não havia modos de fazê-la parar. E estava gritando como um otário para o nada, em um beco fedido e escuro.
- Mente fodida do caralho! - ele bravou, dessa vez, baixo. Falando consigo mesmo. Se levantou e olhou ao redor. Tentava acalmar sua respiração descompassada.
Passou a mão na testa e em seguida nas calsas. Mas não adiantou muito, o suor continuou escorrendo pelo seu rosto.
E então chegou à conclusão de que ficar ali, gritando com uma maldita voz que existia apenas em sua mente, não resolveria a porra do seu problema.
Então pegou a lâmina e a colocou no bolso. Suas mãos suavam frias e a todo segundo ele olhava ao redor. Não queria que o achassem, não mesmo. E se estivesse mais alguém ali além dele e do homem desacordado no chão, ele teria que saber e dar um fim na vida dessa pessoa.
Mas pelo que viu, não havia ninguém além deles.
Ele olhou para o homem conhecido à sua frente. Ele faria aquele homem falar tudo que queria saber, e se não falasse, seria mais torturado que todas as pessoas que já torturou em sua vida.
São muitas pessoas, torturas diferentes, e se aquele maldito não abrisse a boca... ah... ele imploraria para morrer.
O Piscicopata pegou uma corda grossa que estava em seu porta malas e passou a lâmina na mesma, que cortou ao meio, formando então duas cordas com a medida exata que queria. Em seguida ele amarrou com força e deu diversos nós nas cordas, que contornaram as mãos e os pés do homem.
Sabia quem ele era.
E era bom o suficiente para escapar de um porta malas trancado. Era experiente em quase tudo e saberia muito bem sair dessa.
Não era apenas uma vítima comum que o Piscicopata havia jogado em seu porta malas. Não. Não chegava nem perto disso.
Então após amarrar forte e dar quantos nós conseguiu nas cordas, ele jogou o homem em seu porta malas sem se preocupar em machuca-lo ou não.
Dirigiu com pressa até a floresta. Estava nervoso. Ansioso. Frustrado. Com medo. Com ódio. Puto da vida com o que estava acontecendo.
Ainda não conseguia acreditar que eles estavam tão próximos de o achar. E se não tivesse ido até a cidade à procura de alguém para matar? E se não tivesse jogado o canivete no homem, saberia quem era e, principalmente, saberia que ainda estavam o procurando? E se a maldita voz em sua mente não tivesse o atormentado, certamente ele não iria atrás de alguém para satisfaze-la e então não teria encontrado aquele filho da puta. Ou então não teria sido encontrado. Mas poderia lidar com aquilo.
- É... As vezes você tem utilidade. - ele falou em voz alta, para ela em especial, que pareceu irritada quando falou.
E você é um otário que seria um nada sem mim!
Ríspida, como sempre.
- Vá se foder. - ele falou mais ríspido ainda. Não acreditou que ela era capaz de achar que ele seria um nada sem ela...
Ao contrário, seria muito mais do que é hoje. Seria alguém com sanidade.
Mas àquela altura, sua saúde mental era o de menos.
Ele chegou à floresta mais rápido que o normal e não teve dificuldades para levar o corpo mole do homem até a sala de tortura.
Um sorriso maligno cresceu em seus lábios quando viu o homem completamente amarrado e sem capacidade para se soltar.
Preso.
O homem estava preso e certamente, fodido. Muito fodido...
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Um Piscicopata Apaixonado 2
RandomHistória Concluída. Esse é a continuação do livro que está no meu antigo perfil "Thainara745". Aqui eu vou continuar a escrever a história de Benna e do Piscicopata. Vou continuar desde onde parei no livro do outro perfil, que foi no capítulo 27. Es...