C.P 51

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Benna

Não soube por quanto tempo ficou na sala, encostada no sofá, sentada no chão, com os joelhos perto do peito e com as mãos apertando as orelhas com força. Lágrimas desciam pelo seu rosto. A tortura física não estava acontecendo com ela, mas a tortura mental estava à despedaçando. À cada grito que a garota ruiva soltava vindo da famosa sala de tortura, o aperto no peito de Benna se intensificava. Estar ali, tão perto, ouvindo os gritos por socorro e os gritos de dor que aquela pobre garota dava sem poder fazer absolutamente nada era enlouquecedor.

Os membros do corpo ficam todos tensos, os olhos fechados dão a clara imaginação do que acontecia na sala de tortura, os olhos abertos rodopiam pelo ambiente em busca de alguma direção, algo para poder se distrair, e isso apenas dificulta ainda mais seu estado de pânico. Os cabelos são automaticamente bagunçados pelas mãos trêmulas. As lágrimas pesadas fazem os olhos arderem. A boca seca. As mãos pálidas apertam as orelhas para abafar os gritos.

Era apavorante para ela ficar naquele estado. Mas não podia evitar. Só queria não escutar, muito menos ver nada.

Quando tudo parou, ela pôde respirar, a calma não veio, mas o silêncio à fez diminuir a pressão contra as orelhas e abrir os olhos devagar. Mas quando abriu os olhos,  seu coração disparou descontrolado dentro do peito.

- O que faz aí, ratinha? - ele perguntou. A voz grave faz os pelos da nuca de Benna se arrepiarem.

Ela não respondeu de imediato, apenas o encarou com raiva. Seus olhos cor de mel fuzilam os olhos negros dele.

- Estava esperando tranquilamente você acabar de torturar aquela garota. - ela repondeu com ironia e com estupidez, em seguida se levantou devagar. Suas pernas estavam moles.

- Eai, gostou dos gritos? - ele perguntou ainda mais irônico.

Benna o olhou de baixo para cima e arqueou uma sobrancelha quando viu que ele tinha sangue no pescoço e na boca. Então, achando estar no direito de se aproximar, ela deu os passos que os separavam e ficou com o rosto a centímetros do rosto dele. Seu estômago embrulhou quando sentiu um cheiro forte de sangue, mas não se distanciou.

- Por que você está com sangue envolta da boca? - ela perguntou, a respiração pesada. As pernas ainda mais moles. Não soube se por causa do estado apavorante que estava à alguns segundos ou se por causa da curta e mísera distância que estava dele.

Um pequeno sorriso cresceu no canto dos lábios do Piscicopata. Ele esperava que ela fizesse aquela pergunta.

- Hoje tive uma experiência... diferente. - ele respondeu, levando a mão cheia de sangue e sem luvas até o rosto de Benna, manchando a pele branca da garota com o líquido vermelho que ele tanto admirava.

- Que tipo de experiência? - ela perguntou, completamente curiosa para saber e nervosa por causa do contato físico.

- Quer mesmo saber? - ele perguntou com a voz grave. Os corpos dos dois estavam praticamente colados.

- Quero. - ela respondeu após pensar um pouco. Ele nunca havia aparecido com sangue no rosto e apesar de tudo, Benna não conhecia ninguém tão curioso quanto ela.

- Experimentei carne humana. - ele falou com naturalidade. E por um segundo, Benna sentiu a sala girar envolta deles. Seu estômago embrulhou de uma forma avassaladora, de modo que não soube como não vomitou ali mesmo. Ela piscou diversas vezes e engoliu em seco antes de dar um passo para atrás e dizer:

Um Piscicopata Apaixonado 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora