Benna
Depois de tanto tempo assistindo, uma idéia surgiu em sua cabeça. Sua felicidade era tanta, que resolveu fazer uma das coisas que mais amava.
Caminhou até a cozinha com o pacote de salgadinhos vazio nas mãos. Jogou-o no lixo e lavou as mãos. Prendeu os cabelos longos e abriu o armário.
Pegou um pote de chocolate em pó e dois leites condensados. Abriu a geladeira e pegou um pote de manteiga e uma caixa de leite.
Abriu o armário debaixo da pia e não deixou o fato de que não tinha o que queria à abalar. Faria aquilo no prato mesmo. Comer com colher era sempre mais saboroso.
Então pegou apenas uma chaleira média e acendeu o fogo do fogão. Colocou seis colheres de chocolate em pó e duas de manteiga. Além de a metade de um copo de leite.
Suas mãos apertavam o cabo da colher com força e o calor por estar tão perto do fogão fez escorrer uma gota de suor de sua testa. Essa era a parte que menos gostava quando fazia aquilo. O calor era insuportável.
Longos minutos depois, sem parar de mecher um segundo sequer, Benna havia terminado seu tão adorado doce.
Derramou-o ainda quente em um prato fundo e o colocou na geladeira. Ansiosa para que estivesse bom para comer logo.
Se dirigiu até o quarto onde estava dormindo e tomou um banho longo e morno. Usou a mesma toalha do dia anterior e vestiu um pequeno shorts preto e uma regata branca. Não sabia de onde haviam saído aquelas roupas, mas não questionária. Não mesmo.
Benna saiu do banheiro e um pequeno sorriso se ergueu no canto de sua boca quando sentiu o cheiro doce no ar.
O cheiro havia inundado a casa toda.
Ela foi até a cozinha depois que terminou de pentear seus cabelos escuros e pegou o doce da geladeira.
Pegou uma colher da pia e encheu a boca com vontade. Seus olhos se fecharam automaticamente e ela apreciou o gosto tão saboroso.
Ele à observava. Franziu as sobrancelhas quando viu o prato com uma coisa marrom em sua frente, mas não se importou em saber o que era, apenas a observou comer tão deliciosamente.
Quando ela abriu os olhos, o susto foi incontrolável assim que o viu encostado no vão da porta da cozinha. Os braços cobertos por uma blusa cumprida preta e cruzados em frente ao peito músculoso.
- Está aí a muito tempo? - perguntou, chocada com a aparição tão silênciosa e repentina. Não o via desde o dia anterior.
Ele maneou a cabeça e caminhou até ela.
- Que porra é essa? - ele perguntou, olhando para o prato em cima da mesa.
Benna revirou os olhos por causa do seu vocabulário feio e respirou fundo antes de falar.
- Brigadeiro.
Ele analisou o doce com atenção e franziu o cenho.
- E que merda é essa? - ele perguntou, se referindo à palavra desconhecia.
- Um doce típico do Brasil. - ela respondeu, enchendo a colher novamente e a estendendo para ele. Ele fez cara feia e negou com a cabeça.
- Eu não vou comer esse negocio estranho! - falou, exasperado.
Benna deu de ombros e comeu o doce da colher.
- Tudo bem. Sobra mais para mim. - ela falou com a boca cheia.
Ele ficou a encarando se deliciar com o doce completamente desconhecido e surgiu uma saliva em sua boca. O cheiro pelo menos era agradável. Então, sem mais conseguir se conter, ele puxou a colher da mão dela e enfiou o doce na boca.
Ela sorriu, vitoriosa.
- Isso é bom pra porra. - ele falou com a boca cheia, assim como ela havia feito.
- Que nojo! - ela disse, fazendo careta.
Ele arqueou as sobrancelhas e olhou para ela. Confuso, pois ela havia feito exatamente a mesma coisa.
Mas ignorou tal constatação e encheu a colher novamente.
- Hey! Assim não sobra pra mim. - ela falou exasperada. A surpresa no rosto dele foi imediata quando ela puxou-lhe a colher e encheu a boca.
Ele ficou irritado. Mas não ia perder a oportunidade de comer aquele negocio. Então foi até a pia, pegou outra colher e comeu mais uma vez.
Longos minutos depois, com os dois apenas comendo o doce e apreciando o gosto, ele se pronunciou:
- Você está diferente. - sua voz saiu baixa, e ele parou de comer.
Ela o encarou com confusão estampada no rosto e só falou quando engoliu o brigadeiro.
- Como assim?
Ele ficou longos segundos em silêncio. Ponderando se deveria falar ou não. Mas não demorou mais que três minutos para falar.
- Ontem você simplismente me ignorou enquanto preparava o jantar e hoje está com o semblante diferente...
Ele a observou com intensidade, como se quisesse ler seus pensamentos e enxergar sua alma. Benna se sentiu invadida. Mas não protestou.
- Alegre, talvez... - ele sussurrou, ainda a encarando daquele modo, que a fazia ficar com as pernas moles e se sentir praticamente despida em sua frente.
Benna pigarreou e se remexeu desconfortável na cadeira.
- Estão me procurando. - ela deixou escapar. E para sua infelicidade, a empolgação em sua voz foi evidente.
Ela não conseguiu ver a mandíbula dele travada, mas soube sua mudança de humor por conta dos nós dos dedos que ficaram embranquecidos, apertando com força o cabo da colher.
Longos minutos depois, com o silêncio perturbador na cozinha e os dois apenas se olhando, ele suavizou sua face e colocou a colher em cima da mesa.
- Não vão achar você. - ele disse com convicção. O que fez Benna quase acreditar em suas palavras. Quase.
- Por que diz isso com tanta certeza? - ela perguntou, claramente irritada.
- Por que onde estamos nem mesmo a Cia me achou, quem dera a polícia federal achar você... - ele falou com ainda mais convicção, a ironia claramente em sua voz.
- A Cia? - ela perguntou, curiosa, ignorando o resto das coisas que ele havia falado.
Ele se amaldiçoou mentalmente por ter citado o que tanto desprezava em voz alta. Não deveria ter citado a Cia, não deveria!
Então levantou com brutalidade da cadeira e saiu apressadamente da cozinha.
Deixando Benna completamente intrigada com tal citação e confusa com a reação dele à sua pergunta. Muito confusa.
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Obrigada por ler.
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Um Piscicopata Apaixonado 2
DiversosHistória Concluída. Esse é a continuação do livro que está no meu antigo perfil "Thainara745". Aqui eu vou continuar a escrever a história de Benna e do Piscicopata. Vou continuar desde onde parei no livro do outro perfil, que foi no capítulo 27. Es...