C.P 30

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Piscicopata

Tinha o direito de esfriar a cabeça depois de tudo que havia acontecido. Queria que seus músculos estivessem relaxados, sua mente tranquila e a voz em sua cabeça quieta.

Mas ela não parava.  Gritava que queria mais. Berrava em sua cabeça, tirando toda a tranquilidade que havia adquirido alguns minutos atrás. Ela nunca o deixava em paz. Sempre querendo mais e mais.

Estava atordoado. Queria relaxar. E sabia a melhor maneira de fazer isso. Mas não queria,  não naquele momento.

Queria ficar em casa, cuidando de Benna. Mas não conseguia se manter sereno.

Seus ouvidos doíam e a voz gritava cada vez mais alto.

Se tomasse os comprimidos, ficaria com um sono dos infernos. E assim seria a mesma coisa que sair de casa.  Acordaria apenas no dia seguinte.

Então entrou em baixo do chuveiro e ligou na água fria.

Precisava daquilo.

Respirou profundamente e fechou os olhos. A água gelada caía em sua cabeça e deslizava por seu corpo musculoso até despencar no chão.

Encostou sua testa no mármore branco e gelado e puxou o ar novamente. Se sentia inquieto. Ficava assim sempre que ficava alguns dias sem matar alguém. Nao soube como conseguiu se controlar e parar de torturar Benna.  Não fez nem a metade das coisas que queria fazer com ela.

Sentiu pena.

Nunca havia sentido pena de nenhuma de suas vítimas. Nem mesmo dos velhinhos que lhe ofereceu moradia na casa que agora era sua. Nem mesmo quando manchou seu passado, por um descontrole monstruoso. E nem mesmo das crianças que já havia matado. 

Foram poucas, contudo.

Começou a matar crianças no começo de tudo. Quando não era tão habilidoso. Quando estava apenas começando.

As crianças eram vulneráveis. 

Mas parou depois que se sentia confiante o suficiente para pegar homens. E assim foi evoluindo.  Hoje em dia, tem certeza de que consegue abater um lobo.

Seu coração batia num ritmo acelerado e sua respiração começou a ficar agitada. 

Então terminou de tomar banho e se festiu com os trajes que sempre vestia quando ia sair. 

Uma camisa e uma calça preta. Uma bota preta e luvas pretas. Impossível esquecer da máscara. E por fim, colocou um objeto grande e pontudo no bolso.

E já na porta de casa, colocou o capuz sobre a cabeça e caminhou a passos lentos até seu carro. 

O vento estava forte naquele começo de noite. Forte e gelado.

Essa era a brisa que o agradava. Gostava do frio.  Gostava de sentir a pele fria.

Entrou no carro e pisou fundo no acelerador. Saindo da floresta pela rua de terra que havia na mesma. 

Ao chegar na cidade, foi direto para o bar que sempre ia. Precisava espairecer com um longo e ardente gole de whisky. 

Entrou no bar e chamou mais atenção que queria e deveria.  Isso o irritou profundamente. Sentiu vontade de arrancar os olhos de todos que para ele olhavam. 

Um Piscicopata Apaixonado 2 Where stories live. Discover now