C.P 31

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Benna

Abriu os olhos lentamente, mas foi como se não tivesse aberto, pois continuou enxergando apenas escuridão. Mas notou que estava em um colchão mais confortável que o do porão.

Quando retomou completamente os sentidos, a dor à atingiu pior que antes. Parecia que seu corpo havia afundado em um poço cheio de lâminas afiadas.

Queria gritar, mas não tinha forças para isso. Queria simplismente acabar com todo aquele sofrimento que deixava sua alma quebrantada, mas não via possibilidades de fazer isso.

Benna só queria parar de sentir dor. Física e emocional...

Tentou se sentar, mas na primeira tentativa não conseguiu. Então tentou de novo, e finalmente conseguiu, mas não sem contorcer o rosto pálido de dor e soltar um gemido baixo.

Com dificuldades, curvou suas pernas e abraçou as mesmas. Então encostou seu queixo nos joelhos e deixou as lágrimas caírem e molharem seu rosto.

Benna então começou a balançar seu corpo machucado para frente e para trás e cantou a canção que aprenderá a cantar quando criança. Sua voz saiu como um sussurro e estava fraca.

- Você achou difícil respirar? - sentiu um nó na garganta. - Você chorou tanto que ficou até difícil de enxergar...? - sem demorar muito, começou a soluçar, e sem parar de balançar seu corpo para frente e para trás,  continuou cantando baixo, sua voz embargada - Você está sozinho na escuridão,  não há ninguém lá...

Benna não se moveu quando ele abriu a porta. Parou de cantar e manteve o corpo paralisado. Então ele acendeu a luz e a claridade fez Benna colocar a mão em frente aos olhos rapidamente.

E até se acostumar com a claridade,  ele continuou parado no vão da porta. Alguns segundos depois, Benna retirou a mão do rosto e permitiu que ele visse o estado deplorável em que se encontrava.

Olhou para ele e ficou com o olhar no rosto desconhecido coberto pela máscara preta. Benna olhou nos olhos dele e focalizou seu olhar ali. Não tentou secar o rosto ou até mesmo se ajeitar na cama. Apenas o encarou. Naquele momento não sentia raiva, nem rancor ou até mesmo ódio. Apenas tentou enxergar um pouco de piedade naqueles olhos negros como como a noite sem estrelas.

Mas não encontrou. 

Ele se desencostou do vão e se aproximou com passos firmes e lentos. Se sentou na beirada da cama e se pronunciou:

- Deixe - me ver. - então tentou pegar em seu braço. Mas antes que conseguisse,  Benna falou rápido:

- Não toque em mim. - sua voz saiu baixa e rouca, porém firme.

Ele correu seus olhos no corpo da garota, vendo tudo que havia feito, mas não se sentiu satisfeito, queria ter machucado-a mais, mas não conseguiu. Ele mesmo não se permitiu continuar com a tortura. E se amaldiçoava diversas vezes por isso.

Tentou mais uma vez pegar em seu braço. Ignorando o fato de que ela não queria que ele à tocasse.

- Não toque em mim! - ela falou novamente, e dessa vez sua voz saiu alta e de bom som. Mais firme do que nunca.

Ele pareceu não escutar, pois tentou novamente. E Benna gritou mais uma vez.

- Eu disse para não tocar em mim!

Um Piscicopata Apaixonado 2 Donde viven las historias. Descúbrelo ahora