CAPÍTULO 05

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AMARE BETTENCOURT

— Amare, que tal baile na comunidade? — Victoria questionou, animada e pulando na minha cama.

— Na comunidade? Por que isso agora? Não gosta mais da Boate Blue? — Questiono, estranhando. Nunca fui em um baile funk, simplesmente porque meus pais nunca permitiram. Também não faço questão, sempre fui mais caseiro, e se fosse para sair, que fosse para comer, seja em um barzinho ou um restaurante.

— Então... digamos que conheci alguém lá. — Victoria comentou, envergonhada. Paula e eu nos entreolhamos, sorrindo.

— Nome. — Paula e eu falamos juntos e Victoria riu.

— Não sei. Não tive oportunidade. — Falou, dando de ombros. A encaro, confuso.

— Como você gosta de alguém sem nem saber o nome? Isso é possível? — Questiono, e ela sorri.

— Ah, vem aquela troca de olhares, sorrisos... insinuações... O nome é o de menos. Ele é muito gostoso e é isso que importa! Ah, por favor! Vamos! — Implorou, se jogando aos meus pés. — Eu não quero parecer uma esquisita e ir sozinha. Por favor!

— Olha, vai com a Paula. Meus pais não vão deixar. — Falo, já ciente de que levaria um belo de um "não" caso eu pedisse a eles, especialmente ao meu pai, que quase não deixou eu dá aulas lá, imagine rebolar a bunda.

— Coloca um short ppp e diz que vai dormir na minha casa. — Victoria falou, já fuçando no meu closet e procurando o short mais curto que eu tivesse, o que me fez ri. Eu gostava de usar roupas mais ousadas sim, mas não em multidões. Fico me sentindo vulnerável e desconfortável. Não sei explicar.

— Esquece, não sei mentir para meus pais. — Falo, pessimista. Paula e Victoria sorriram maldosas para mim, me abraçando por trás e me encarando pelo reflexo do espelho.

— Mas a gente sabe. — Victoria insinuou, mostrando o mini short em mãos. Engulo em seco, tendo consciência que eu tinha amigas psicopatas.

. . . .

— Está tão mal assim? — Papai questionou, vendo Paula jogada no chão "aos prantos". Até eu estava quase acreditando.

— Eu quero ir para casa! Eu quero morrer! — Paula exclamou, aumentando o choro.

— Acho melhor irmos com ela, Amare. Ela não pode ficar sozinha nesse estado. Amor não correspondido dá nisso. — Victoria falou, fingindo uma preocupação. Apenas assenti, não conseguindo falar ou iria ter um surto de risos.

— Amare, já está tarde, não sei se é... — Papai tentou negar, mas se assustou quando Paula agarrou suas pernas, aumentando o choro.

— POR QUE O MUNDO É TÃO CRUEL, SENHOR EDUARD?!!! EU PREFIRO ME JOGAR NA FRENTE DO PRIMEIRO CARRO QUE APARECER NA RUA!!! — Dramatizou, e logo papai me olhou sem saber o que fazer.

— Tudo bem... é... melhor levar ela mesmo, filho... Mas quero você amanhã bem cedo de volta. — Assenti, arrastando Paula, que chorava pela sala, até sairmos de casa.

Ela parou de chorar repentinamente, ajeitando os cabelos.

— Atuação 10/10. — Falou, seguindo para o carro. Victoria e eu rimos. Eu ainda estava desacreditado que ela havia armado essa cena toda, quando podia só ter pedido para o meu pai deixar eu ir dormir na casa dela. Ele deixaria. Mas ela não perde a oportunidade de fazer uma cena completa.

. . . .

Me olho no espelho, vestido com um short jeans curto e rasgado, escolhido por Victoria que não perdia a oportunidade de me fazer parecer uma puta de esquina, mas coloquei uma camisa larguinha, com estampa do exército, para equilibrar.

Se fosse pelas meninas eu estaria com um top justo e curto, igual ao delas. Bem, só de Victoria, que adora exibir o corpo malhado. Mas Paula é igual a mim, só usa roupas com o dobro do tamanho, e por ser revoltada ou não, Paula usava uma camisa de uma banda de rock que nunca ouvi falar. Isso para ir em um baile funk, vai entender.

Victoria usou o seu inseparável bebiliss nos cabelos, formando alguns cachos e uma boca marcante com o batom vermelho.

Tenho pena de quem for beijá-la. Vai ficar parecendo um palhaço.

Ela optou por uma saia jeans, justa e curta. E um top amarelo, justo e que levava atenção para seus seios fartos. Só não entendi o conceito do salto alto para subir o morro, mas nem adianta falar isso para ela.

Sinceramente, minhas amigas precisam de saber o que vestir em determinadas ocasiões. Até eu que nunca sequer fui em um baile funk estou simples e de tênis, óbvio. Mas cada qual com seus gostos.

— Paula! Solta esses cabelos agora! — Victoria ordenou, vendo Paula amarrar os cabelos em um coque mal feito. Ela nunca soltava os cabelos, apesar de serem lindos, mas ela própria odiava isso.

— Não estou reclamando do seu salto alto para subir o morro, então não reclame do meu amigo chamado coque. — Paula rebateu, irredutível. E sabíamos que ninguém no mundo faria ela soltar aqueles cabelos em uma multidão.

— Ok... Estamos prontos? — Victoria questionou.

— Espera! Eu preciso pegar uma coisa e então podemos ir. — Falo, correndo em direção à minha bolsa. — Certo, podemos ir. — Falo e elas me olham estranho, vendo o que acabei de pegar na bolsa, não entendendo bem, mas não questionaram, e então fomos em direção ao morro, onde novamente fomos parados por aqueles homens.

— Desculpa, precisamos avisar ao chefe antes de entrarem. — O do meio falou, não parecendo tão rude quanto a primeira vez que nos viu.

— Tudo bem. — Falo, já vendo que minhas amigas iriam questionar. Eu não queria problemas, e agora que sabia quem era o dono do Morro, bem... sei lá, eu me sentia um pouco culpado pela conversa que tive com ele.

— Chefe, são aqueles três novamente querendo entrar na quebrada. — O homem do meio falou, pelo walkie-talkie, enquanto eu esperava pacientemente.

O que querem aqui numa hora dessas?! — Ele responde pelo aparelho, parecendo irritado. Mordo o lábio inferior, chateado caso não pudesse entrar.

— Nós viemos ao baile. Nada demais. — Falo, e o homem com o aparelho responde o que acabo de dizer, aguardando uma resposta.

Hm... Certo. Deixem eles entrarem. — Respondeu e eu sorri, animado.

— Pode entrar, guri. — O do meio falou, sorrindo. Automaticamente, o abracei.

— Obrigado, moço! — Falo, risonho, e entrando no morro, notando que ele me olhava confuso. Eu tinha a mania de abraçar as pessoas, não importa quem sejam.

Eu sempre fui carinhoso com todo mundo. Meus pais sempre me ensinaram a rebater tudo com amor e não com ignorância. Bem, é o que tento fazer diariamente. Acabei me acostumando a sorri, a abraçar... É gostoso quando o mesmo amor é retribuído, e se não for, tudo bem também. Você já fez sua parte.

— Ótimo. Próximo objetivo... localizar meu futuro marido. — Victoria falou, o que me fez ri, vendo ela entrar no baile já olhando para todos os cantos.

E fiquei assustado quando vi várias pessoas se agarrando em vários lugares do baile. Havia mulheres com os seios de fora, sem vergonha alguma, o que me deixou de certa forma traumatizado, pois eu realmente não esperava por isso.

— Eu... estou um pouco surpresa... — Paula sussurrou ao meu ouvido, e eu fui obrigado a concordar. Mas Victoria já tava dançando e rebolando como se não houvesse o amanhã.

Não sei mais se foi uma boa ideia ter vindo aqui...

TENTACION - O dono do Morro (ROMANCE GAY) Where stories live. Discover now