CAPÍTULO 11

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AMARE BETTENCOURT

Termino de colocar o macarrão com molho branco no prato, o empacotando em seguida, me sentindo animado com a nova receita que aprendi com Amélia. Sempre gostei de cozinhar, apesar de ser um desastre em certas coisas. Especialmente quando envolve óleo. Eu morro de medo.

— Posso saber para quem tanto leva comida? — Amélia questionou, me olhando seriamente.

— É... para a Paulinha. Estou pedindo para ela experimentar. — Minto, com o coração doendo, mas se ela soubesse a verdade, era capaz de me prender dentro do quarto.

— Hm... Escuta, seus pais mandaram te avisar que sua avó está vindo para o Brasil. — Amélia falou, o que me fez estancar na porta antes que eu saísse.

— Como é? Que avó? — Questiono, levemente assustado.

— Sua avó Vivian. — Ditou e eu fiz uma careta, imaginando os palpites que ela daria nas minhas roupas, na decoração do meu quarto, e da minha vida. Oh, Pai...

— É... acho... melhor levar isso antes que esfrie. — Falo, saindo rapidamente de casa, e pensando no caos que seria quando vovó Vivian chegasse.

Eu a amava com todo o meu coração, mas ela foi nascida e criada na França, toda elegante e rígida. Então sempre exigia elegância dos demais, e ao invés das minhas tias fazerem seu papel, minha avó que me questiona sobre os namorados, o que me deixa com vergonha porque não tenho experiência nenhuma com isso.

Respiro fundo, assim que chego no morro, estranhando ao ver mais homens ali do que o normal. De qualquer forma, não era assunto meu, então acenei para os meninos que já conheço e subi o morro, quase morrendo para chegar até a casa de Matthew. Não podia ser um pouquinho mais perto?

Toco a campainha, aguardando alguém atender pacientemente.

— Quem é você? — Me assusto quando alguém grita atrás de mim. Olho para a mulher que me encarava desconfiada.

— Eu só... — Tento falar, mas ela me interrompe.

— Veio ver o Matthew? Ele não vai te atender, querido. — Falou, o que me fez a olhar confuso.

— Por que não?

— Porque você não é importante. E pela roupa bem passada e de marca... deve ser do asfalto, não? Ele odeia pessoas do seu tipo. — Falou, me deixando surpreso e chateado. — Isso era para ele? — Questionou, apontando para o pacote em minhas mãos. Assenti, cabisbaixo. — Se quiser eu posso entregar para ele... — sugeriu, o que me fez suspirar.

— Que seja! Eu tenho mesmo mais o que fazer. — Falo, deixando o pacote de lado e indo embora as pressas. Se ele me odiava então por que fica me mandando mensagem e abusando do meu tempo?!

Passei correndo pelos homens da entrada do morro. Pude ouvir Fernando me chamando, mas ignorei, apenas desejando chegar em casa. Eu estava em um misto de tristeza e raiva. Raiva por ele ter me enganado dessa forma e triste por ter acreditado que ele era uma boa pessoa.

Assim que chego em casa, me tranco em meu quarto, abraçando o Sr. Panda, chateado.

— Ele é um idiota mesmo... — Resmungo, e logo vejo meu celular mostrar uma nova notificação. Era uma mensagem de Matthew, mas nem li, apenas ignorei, virando a cara e pegando um livro qualquer para ler e ocupar minha cabeça.

Idiota!!!

MATTHEW ANDRADE

Ouço a campainha tocar pela milésima vez. Eu estava no banho, então meio que tive que correr para me secar e me vestir, indo atender a porta, mas estranhando ao ver Jaqueline e não Amare, que já deveria ter chegado.

— Oi, amor!

— O que faz aqui? — Questiono e ela suspira.

— Eu vim te pedir desculpas por ontem. Olha, eu fiz para você, para me redimir. — Falou, me entregando um pacote. E isso era muito mais estranho ainda.

— Você que fez? — Questiono, totalmente descrente, pois ela não sabia fritar nem um ovo.

— Fiz! Está delicioso.

— E o que é? — Questiono, vendo ela se calar por alguns segundos.

— Veja. Vai ser uma surpresa. Até logo, meu amor. — Falou, me beijando e indo embora. Suspiro, fechando a porta e indo até a cozinha, onde eu já havia dispensado a cozinheira mais uma vez, graças a Amare e suas invenções de receitas mirabolantes.

Ao abrir o pacote, eu já sabia que aquilo pertencia a Amare, já que ele sempre deixa colado um adesivo de um urso panda na tampa e um bilhetinho simples, na qual logo o peguei para ler, reconhecendo sua caligrafia perfeita, além da cerveja que pedi.

“Macarrão ao molho branco. Se eu colocasse chocolate ia ficar horrível. Desculpa.”

Eu ri alto ao entender a referência. Céus, garoto...

Pego um garfo, experimentando o tal macarrão, o que me fez suspirar de satisfação. Preciso passar essa receita para a minha cozinheira urgentemente.

E logo volto meu pensamento para a mentirosa da Jaqueline. Não era a primeira vez que ela fazia isso, mas eu sempre relevei porque as mulheres que ela tinha ciúmes não se importavam com o veneno dela, mas ela deve ter dito coisas horríveis para Amare e se aproveitando do fato de que o garoto era de fora e certamente acreditaria nela.

Pego meu celular, resolvendo mandar uma mensagem para ele.

Matt:
O macarrão estava bom, mas por que foi embora antes?

Espero ele responder, mas ele apenas visualizou e não respondeu, o que me fez suspirar, sabendo que deveria fazer mais do que uma simples mensagem para entender o que aconteceu.

Abro a latinha de cerveja, tomando uma generosa quantidade e terminando o macarrão, até ouvir novamente a campainha. Não se pode mais jantar em paz?!

Vou até a porta, a abrindo e Jonas logo entra, parecendo preocupado.

— Onde está o Granada? — Questionou, o que me fez olhá-lo desconfiado.

— Saiu há um bom tempo. Por quê? — Questiono e ele suspira.

— A polícia passou voando por nós na cidade, e parecia estar perseguindo um carro branco.

Ah, não...

— Chama o pessoal e peguem as armas e as motos. Não podemos deixar o Granada ir para a cadeia, entendeu?! — Exclamo, vestindo uma camisa e pegando minha arma.

— Matt! — Jonas me chamou, nervoso.

— O que foi?!

— Eu não posso ir com vocês... — Balbuciou, o que me fez olhá-lo seriamente.

— Por que não?

Eduard é o meu pai.

TENTACION - O dono do Morro (ROMANCE GAY) Where stories live. Discover now