CAPÍTULO 58

7.8K 843 184
                                    

MATTHEW ANDRADE

— Ele não quis comer, senhor. — Laura, uma das empregadas da casa avisou, voltando do quarto com a bandeja intacta. Amare estava assim há dias. Ele acabou adoecendo e já até o levei ao hospital. Passou alguns dias internado tomando soro e com febre alta, mas ao ter alta eu o trouxe para minha casa, avisando para Clarisse que eu cuidaria dele. O almoço de noivado foi até cancelado por causa da briga que tivemos.

— Certo, deixe que eu faço isso. Pode ir. — Falo, pegando a bandeja e seguindo para o quarto, entrando e vendo Amare deitado na cama, todo coberto.

— Amor... Você precisa comer. — Falo, me sentando na beira da cama. Toco sua testa, vendo que ele ainda estava com febre.

— Não quero... — Balbuciou, se cobrindo ainda mais. Suspiro, o observando. Eu sabia que ele estava assim por causa do infeliz de Eduard. Porém eu entendo que ele esteja triste, já que ele era louco pelo pai. Mas o que aquele desgraçado fez não pode ficar impune.

— Amare... tenta comer só um pouco. — Insisto. Ele suspirou, assentindo. O ajudo a se sentar, colocando a bandeja em seu colo e pegando o suco de vitamina que pedi para preparar para ele, lhe ajudando a tomar um pouco.

— Matt... — Amare murmurou, afastando o copo da boca. — Por favor, ouça o que ele tem a dizer. Se encontrá-lo... não o mate, por favor... — Pediu, começando a chorar novamente. Respiro fundo, não querendo mentir para ele. Eu queria vê-lo bem, mas não quero esconder meus planos para aquele infeliz.

— Anda, Amare. Coma mais um pouco... — Peço, tentando mudar o assunto. Ele me olhou, mais triste ainda e então negou, se cobrindo de novo e não querendo mais comer.

Não vai ser fácil. Sei que não. Por mais que Eduard tenha sido um desgraçado, ele foi presente na vida de Amare, e por ele saber que seu pai estava na mira de muitos, não só da minha, isso o desestabilizava.

Mas eu não voltaria atrás. Precisava fazer o necessário...

BÔNUS: EDUARD BETTENCOURT

— Então é aqui que você está escondido? — Kaio falou, entrando no prédio.

— Eu precisava. Estão atrás de mim. — Justifico, vendo ele andar pelo local, olhando em volta e em seguida para mim.

— Por que não atendeu minhas ligações?

— Joguei o celular fora. Poderiam me rastrear. — Minto, o olhando de forma indiferente.

— Aquela família desgraçada continua viva. — Ditou, com o ódio exalando pela sua voz. — Eu já te afastei da sua. Quer que seu próximo castigo seja um enterro de três pessoas? — Ameaçou, o que me fez engolir em seco.

— Eu fiz tudo que pediu. Mas Matthew é muito cuidadoso...

— Não! Não é! — Exclamou, em fúria. — Ele nunca teve medo de você, Eduard. Sei muito bem que você teve inúmeras oportunidades de matá-lo e não matou! Ele foi preso e você não o matou! Sabe bem que basta uma ligação para eu acabar com sua família, não sabe? — Ditou, já pegando o celular.

Engulo em seco, vendo ele fazer menção de ligar para quem quer que fosse, mas antes disso bato em sua mão, o fazendo derrubar o celular e então o ataco, desferindo socos em seu rosto e tentando contê-lo, mas o desgraçado lutava bem e devolveu, os socos, me derrubando e subindo em cima de mim, me batendo como podia enquanto eu tentava me defender.

— Filho da puta! Eu vou matar a sua família inteira, incluindo você! — Exclamou, socando meu rosto com força, arrancando sangue da minha boca, mas logo ele caiu para o lado, desacordado. Olho para frente, vendo Matthew com um taco de beisebol nas mãos.

— Como me achou? — Questiono, espantado.

— Amare não coloca senha no celular. Vi o endereço que mandou para ele. — Ditou, largando o taco de beisebol e pegando a arma, a engatilhando.

— Matthew... — Tento conversar, mas ele atira, o que me assustou. Porém, não sinto nenhuma dor. Olho para o lado, vendo Kaio morto com uma bala na cabeça.

— Eu já devia ter feito isso faz tempo. — Ditou, me estendendo a mão. Eu não poderia estar mais confuso.

— Não vai me matar?

— Ah, eu estou louco para fazer isso, mas não. Ainda não. Anda, levanta. — Ordenou, e mesmo confuso, me levantei, sentindo meu queixo doer por conta dos socos. Ao menos esse desgraçado estava morto.

— Os seguranças... — Murmuro, agora preocupado.

— Estão mortos. — Matthew me cortou, me fazendo olhá-lo.

— O quê?

— Não é só você que manja de investigação, Eduard. Eu fiz uma pesquisa vasta sobre você e com quem estava envolvido. Ameacei alguns traidores da segurança e me contaram sobre Kaio.

— Então... você acredita em mim?

— Não. Não exatamente. Algumas coisas não batem. Não entendi suas atitudes racistas. Especialmente com Jonas. — Ditou, com uma expressão séria.

— Eu sinto muito por isso... Foi uma espécie de castigo por eu não ter matado Granada na primeira vez. De alguma forma, ele sabe que meus filhos odeiam qualquer tipo de preconceito, incluindo Clarisse, que sempre trabalhou com a beleza negra na empresa dela. Então... ter um pai racista era o suficiente para todos me odiarem de uma vez. Eu sinto muito mesmo. Nunca quis agir de uma forma tão... Aghr! Matthew, eu só preciso saber se meus filhos estão bem, estão seguros.

— Amare está seguro, mas está muito doente. — O encaro, preocupado.

— Como doente? De quê? É grave?

— Não... Ele está assim porque ninguém acreditou nele quando ele te defendeu. Amare acabou ficando muito triste e sua imunidade baixou. Mas isso não vem ao caso. Eu ainda te odeio e Jonas nem sequer te ver mais como pai. — Fecho os olhos, suspirando.

— Não espero menos que isso... Eu perdi tudo. Minha esposa... meu filho... meu emprego. — Olho para Kaio, nunca me sentindo tão aliviado por ver alguém morto. — Ao menos isso acabou.

— O que pretende fazer? — Questionou, cruzando os braços.

— O justo. Me desculpar primeiramente com você e... me entregar para a polícia. Mesmo que eu tenha sido... chantageado por um desgraçado, eu agi feito um idiota com todos e falei coisas horríveis sobre você e meu filho. Racismo é crime, não? — Matthew me encarou seriamente, como se tentasse olhar através de mim.

— Eu sinceramente não me importo mais com o que você fala. Eu só não te mato, porque isso só deixaria Amare pior ainda.

— Entendo...

— Anda, vamos logo. — Ditou, saindo do prédio. Apenas o segui, não sabendo mais como seria daqui para frente.

Mas fácil não seria...

TENTACION - O dono do Morro (ROMANCE GAY) Where stories live. Discover now